Mundo Lusíada
Com Lusa
O Presidente português Marcelo Rebelo de Sousa defendeu uma Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) “mais econômica” e instou o Brasil a assumir a liderança, sublinhando que se trata de um “instrumento diplomático poderosíssimo” disse no almoço com a Federação das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil, atualmente presidida pelo seu filho, Nuno Rebelo.
“Todos nós esperamos, portugueses, e outros países irmãos da CPLP, que o Brasil assuma a liderança. Uma potência mundial tem de tirar proveito de todos os instrumentos diplomáticos que tem e a CPLP é um instrumento poderosíssimo que o Brasil deve utilizar”, afirmou aos jornalistas o Chefe de Estado português, no terceiro dia de uma visita de seis dias ao Brasil.
Antes de almoçar com cerca de 30 empresários luso-brasileiros, Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou os sinais de crescimento que vê surgir na economia brasileira enquanto uma oportunidade para empresas portuguesas.
Questionado sobre a expectativa que tem para a cimeira da CPLP, que o Brasil organizará em novembro, em local e data ainda a definir, o Presidente respondeu: “Tenho uma expectativa muito lata, mas depende do Brasil. Está nas mãos do Brasil”.
“Há países de todos os continentes a querer entrar na CPLP como observadores – o Japão, a República Checa, a Hungria, países africanos, países asiáticos. Não faz sentido não aproveitar para redefinir a estratégia da CPLP. Tem de ser uma estratégia mais econômica”, afirmou.
“A língua é fundamental, a cultura, a educação, tudo isso é importante, mas a economia, finanças, tecnologia, ciência, é o futuro”, frisou.
Marcelo vê sinais de crescimento na economia brasileira que considera importantes para Portugal: “Significa aumento de comércio, onde caiu foi importação/exportação, sobretudo exportação portuguesa para o Brasil”.
“Isso mudando, com o crescimento brasileiro, é importante para Portugal. Por outro lado, há projetos para aumentar a relação no plano do investimento. A AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo), em Portugal, ligada com as instituições brasileiras, estão agora a programar um salto em termos de projeto de investimento”, afirmou.
Esse investimento será em vários domínios, apontou, desde a “exploração de recursos naturais até às PME [pequenas e médias empresas] e o que se chama ‘start up'”.
“Em torno das Olimpíadas nós encontrámos empresas portuguesas na organização da abertura, nas medalhas, numa série de estruturas, que são empresas e PME que têm perspetivas. A construção civil tudo indica que vai aumentar no Brasil, isso é bom para as construtoras portuguesas”, sustentou.
Apesar de experiências anteriores como a da PT, Marcelo aconselharia empresas portuguesas a investirem no Brasil e defende que “há domínios em que é possível ir mais longe na colaboração”, mas que “não serão, porventura, as grandes empresas”. “Há muitas médias empresas a entrar no Brasil”, disse.
Angola
Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que a CPLP foi um “tema cimeiro” no encontro que teve hoje com o vice-Presidente de Angola, além das relações econômicas e financeiras.
“Esse foi um tema cimeiro [a CPLP], além das relações bilaterais econômicas e financeiras entre Portugal e Angola, que são muito intensas”, afirmou aos jornalistas Marcelo Rebelo de Sousa.
Marcelo Rebelo de Sousa recebeu hoje o vice-presidente de Angola, Manuel Vicente, durante cerca de uma hora no consulado português no Rio de Janeiro, onde ambos se encontram para a abertura dos Jogos Olímpicos, num encontro que não estava previsto na agenda que foi divulgada da visita do Presidente português ao Brasil.
“Havendo uma nova estratégia para a CPLP com a presidência brasileira, Angola, tal como Portugal, tem aí um protagonismo muito importante. Portugal faz a ponte, com a União Europeia, e não se esqueçam que Portugal tem defendido o acordo entre a União Europeia e o Mercosul – e Angola tem um papel importante de ponte com a União Africana”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa
No encontro com Manuel Vicente estiveram também o ministro das Relações Exteriores de Angola, Georges Chikoti, e o embaixador de Angola no Brasil, Nelson Cosme. À saída do Palácio de São Clemente, no bairro de Botafogo, Manuel Vicente recusou fazer declarações à imprensa.