Presidente português inicia sua primeira visita oficial a Timor-Leste

O Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, durante a visita à Escola Portuguesa, em Díli, Timor-Leste, 19 de maio de 2022. O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, está em Timor-Leste, para uma visita de quatro dias e participar na cerimónia de posse do novo Presidente Ramos-Horta. ANTÓNIO COTRIM/LUSA

Mundo Lusíada com Lusa

O chefe de Estado português, Marcelo Rebelo de Sousa, prometeu nesta quinta-feira, à chegada a Díli para a sua primeira visita oficial a Timor-Leste, “ainda mais” cooperação bilateral e expressou admiração pelo “grande povo” timorense.

“Vamos fazer ainda mais do que aquilo que temos feito”, afirmou o Presidente da República perante os jornalistas, no Aeroporto Internacional Presidente Nicolau Lobato, onde foi recebido por José Maria dos Reis, vice-primeiro-ministro de Timor-Leste.

“Há muito, muito a fazer e Portugal vai fazer tudo para que os próximos dez anos sejam ainda mais intensos do que estes últimos”, acrescentou.

Marcelo Rebelo de Sousa está em Timor-Leste especialmente para as cerimônias oficiais dos 20 anos da restauração da independência, na sexta-feira, e de posse do novo Presidente timorense, José Ramos-Horta, à noite, nas quais representará o Estado português e as instituições europeias.

O Presidente da República viajou de Lisboa num voo operado pela EuroAtlantic, com paragem no Dubai, deslocação que no total durou mais de 20 horas.

Nas suas primeiras declarações em Timor-Leste, onde nunca tinha estado, o chefe de Estado manifestou “grande reconhecimento ao povo timorense por 20 anos de democracia, de paz, de liberdade” e apontou este jovem país como “um exemplo na região e um exemplo no mundo”.

“Isso realmente é tão tocante e tão emocionante”, considerou.

Assinalando a “sucessão pacífica de chefes de Estado”, disse: “É um exemplo que Timor-Leste dá a todo o mundo e que, portanto, enche a nossa alma de carinho, de ternura, de reconhecimento, de gratidão e de admiração. É um grande povo”.

Marcelo Rebelo de Sousa chegou acompanhado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho. Em Díli encontra-se também, em representação do parlamento português, a sua vice-presidente Edite Estrela, deputada do PS.

Escola Portuguesa

Marcelo Rebelo de Sousa já visitou a Escola Portuguesa de Díli e uma escola timorense do projeto Centro de Aprendizagem e Formação Escolar (CAFE), onde defendeu a importância da língua portuguesa.

“Somos irmãos porquê, meninas e meninos?”, perguntou o chefe de Estado, perante centenas de alunos da escola CAFE de Díli. “Somos irmãos porque falamos – e falamos bem – uma língua comum, que se chama a língua portuguesa. Nós falamos o português. E vale a pena falar o português? Vale”, exclamou.

Marcelo Rebelo de Sousa, que tem 73 anos, prometeu que se uma jovem estudante desta escola timorense vier a ser Presidente da República Democrática de Timor-Leste, dentro de uns “20 e tal anos”, procurará manter-se vivo para a receber já “muito velhinho” em Portugal.

Mas com uma condição: “Que ela fale bem português. Se ela não falar bem português, eu fico muito zangado com ela. Não é possível andar numa escola como o CAFE de Díli e não falar bem português”.

Em seguida, pediu: “Quem quer aprender português levanta o braço. Eu quero ver muitos braços”.

O Presidente da República referiu que “o português é a quinta língua mais falada no mundo” e “na parte de baixo do mundo, na parte sul do mundo, é a segunda língua mais falada”, e disse aos alunos: “Chegam por exemplo a Macau ou a Goa, falam português. Chegam a Angola, falam português. Chegam ao Brasil, falam português. Chegam a Portugal, falam português”.

“Mas mais: falam português onde há timorenses, portugueses, brasileiros, angolanos, cabo-verdianos, são-tomenses, moçambicanos, guineenses espalhados pelo mundo. Estão em todos os pontos do mundo. São milhões e milhões e milhões”, acrescentou.

Marcelo Rebelo de Sousa repetiu a imagem – que hoje contou ter ouvido de Xanana Gusmão – de que “falar o português é como ter um passaporte para viajar no mundo, é ter um tesouro na mão”.

O projeto CAFE, iniciado em 2015, tem como objetivos a formação de professores timorenses e o ensino da língua portuguesa através de um protocolo de cooperação bilateral, atualmente com mais de 300 professores, dos dois países.

Referindo-se aos 20 anos da restauração da independência de Timor-Leste que se assinalam na sexta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa disse, em nome dos portugueses: “Nós admiramos Timor-Leste, nós admiramos o povo de Timor-Leste, nós admiramos o que fizeram em 20 anos. Andaram tanto, fizeram tanto, são tão importantes”.

Antes, o Presidente da República esteve na Escola Portuguesa de Díli – Centro de Ensino e Língua Portuguesa Ruy Cinatti, que faz 20 anos, tantos quanto Timor-Leste como Estado independente, e tem agora cerca de 1000 alunos, a grande maioria timorenses.

Na chegada, Marcelo Rebelo de Sousa esteve acompanhado pela embaixadora portuguesa em Timor-Leste, Manuela Freitas Bairos, e também pela embaixadora timorense em Portugal, Isabel Amaral Guterres, que o comparou ao “avô Nana”, como é conhecido Xanana Gusmão: “É a maneira de estar com as pessoas. Gostam de estar com as pessoas, crianças, velhos, não importa. São simples”.

Condecorações

O chefe de Estado português, Marcelo Rebelo de Sousa, e o Presidente cessante de Timor-Leste, Francisco Guterres Lú-Olo, trocaram hoje altas condecorações de Estado, em Díli.

Numa cerimónia no Palácio Presidencial, em Díli, Francisco Guterres condecorou Marcelo Rebelo de Sousa com o Grande-Colar da Ordem de Timor-Leste, o mais alto galardão do Estado timorense atribuído a chefes de Estado estrangeiros.

Por sua vez, o Presidente português distinguiu o seu homólogo com o Grande-Colar da Ordem do Infante D. Henrique, que é o mais alto grau desta ordem e é concedido a chefes de Estado estrangeiro.

Esta cerimônia foi seguida de um jantar oferecido pelo chefe de Estado timorense no Palácio Presidencial, pouco antes do fim do mandato presidencial de Francisco Guterres.

Ramos-Horta vai tomar posse pela segunda vez como chefe de Estado de Timor-Leste, após ter derrotado o Presidente em exercício, Francisco Guterres, na segunda volta das presidenciais timorenses, em 19 de abril.

A pedido do Presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, da Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e do Alto Representante para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança da União Europeia, Josep Borrell, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa representa, dias 19 e 20 de maio, a União Europeia nas cerimônias oficiais comemorativas do 20.º aniversário da restauração da independência.

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