Presidente português considera que a parte mais difícil da pandemia “está feita”

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Da redação com Lusa

O Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou nesta segunda-feira que a “parte mais difícil” da pandemia “está feita”, defendendo que Portugal está agora na “ponta final da transição”, que deve ser feita com “equilíbrio”.

“A parte mais difícil está feita, a parte mais difícil foi feita em janeiro, fevereiro, março, abril, até maio. Agora trata-se da ponta final da transição. Como todas as transições, (…) uns acham que vai depressa mais, outros acham que vai devagar demais, uns acham que deve ser mais para um lado, outros acham para o outro lado, eu tento tomar uma posição de equilíbrio”, referiu Marcelo Rebelo de Sousa.

O Presidente da República falava aos jornalistas perto do Lago de Bled, após uma visita ao castelo com o mesmo nome, e uma caminhada com o presidente de câmara local, Janez Fajfar. Marcelo Rebelo de Sousa encontra-se no segundo dia da deslocação oficial à Eslovênia, visita de um Presidente desde Jorge Sampaio, em abril de 1999.

Referindo que é “no equilíbrio que está aquilo que tem sido o comportamento dos portugueses”, o Presidente da República acrescentou ainda que “os portugueses sabem” que irão atravessar um “período sensível” durante o mês de “junho e julho”.

“Maio vencemo-lo bem, já abril tínhamos vencido bem. Mas aí o problema era diferente, era o problema da abertura do caminho para o desconfinamento. (…) Agora, o problema é fazer o desconfinamento num equilíbrio que signifique já não voltarmos atrás, porque já não é possível, nem desejável, voltarmos atrás em termos de restrições que impliquem fechar a atividade econômica, social ou não ter turismo”, sublinhou.

Num dia em que almoçou com o primeiro-ministro esloveno, Janez Janša, Marcelo Rebelo de Sousa disse ainda que, durante a refeição, o chefe do Governo esloveno elogiou a resposta portuguesa à pandemia.

“Aqui, como noutros sítios cá fora, a experiência portuguesa é vista com muito apreço. (…) Aquilo que eu ouvi curiosamente foi um elogio dos portugueses pela forma como tinham enfrentado as várias vagas, e nomeadamente esta terceira vaga, comparando com outras experiências onde tinha sido mais difícil convencer as pessoas ao confinamento tão longo na terceira vaga”, frisou.

Marcelo Rebelo de Sousa mostrou-se assim confiante de que Portugal não vai “estragar aquilo que deu tanto trabalho a fazer”, e que tem dado “prestígio internacional”, adiantando que, durante a sua visita, os eslovenos têm-lhe transmitido que estão “predispostos a passar férias aos vários níveis em Portugal”.

“Hoje, o enfermeiro que me fez o teste para poder entrar na Bulgária depois de amanhã [o Presidente da República visita o país entre 01 e 03 de maio], disse-me ‘eu já escolhi onde é que vou passar as férias, vou passar a Portugal’”, frisou.

Sem facilitismo

O Presidente sustentou ainda que os portugueses esperam uma “saída equilibrada” da pandemia que permita conjugar a “vida e a saúde” com a “economia e a sociedade”, e que seja feita “sem alarme” mas também sem facilitismo.

“Os portugueses esperam uma saída da pandemia de mais de um ano e meio, uma saída equilibrada, sem facilitismo nem alarmismo: sem facilitar o que não deve ser facilitado, mas sem alarme que signifique não ter a capacidade de conjugar vida e saúde, de um lado, e economia e sociedade, do outro”, apontou Marcelo Rebelo de Sousa.

Afirmando que a Europa se encontra “num momento de transição” e de “viragem”, Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou que é “importante a vida e a saúde”, mas também é importante “a economia e a sociedade”.

“Os portugueses e os europeus esperam um arranque das economias e maior justiça e equilíbrio social: o arranque das economias, o arranque do turismo que esteve parado mais de um ano, de muito comércio, de muitos serviços, de relações econômicas entre povos, mas também o arranque na sua vida pessoal, na vida de todos os dias”, frisou.

O chefe de Estado considerou assim que “cada cidadão pensa na sua vida pessoal, na sua vida familiar que ficou adiada, congelada, sacrificada” durante “mais de um ano”, mas sublinhou que “nenhuma outra crise foi igual a esta”, e que a “saída da crise é também uma saída difícil”.

“Pode parecer fácil, mas não se para uma economia, não se para a vida de uma pessoa ou de uma família, num momento, e se recomeça como se não tivesse havido um ano e meio pelo meio. Não há isso: não há isso nas empresas, nas economias, nas escolas, não há isso na vida das pessoas e das famílias”, sublinhou.

Marcelo considerou que é por isso que é tão importante preocupar-se “com o futuro da Europa, que é o futuro dos europeus”.

“A Europa é uma ideia, mas é uma ideia que tem não só uma alma, mas tem corpos, tem milhões de europeus: (…) uma melhor Europa é uma melhor vida para milhões e milhões de europeus”, apontou.

Nesse sentido, o Presidente da República salientou a necessidade de aprovar “logo que possível” os planos nacionais de recuperação e resiliência, de “libertar” os fundos europeus, e de permitir “o arranque mais rápido da economia” e o “reequilíbrio da vida da sociedade”.

“Durante um ano e meio, o sonho de muitos europeus foi de manterem-se vivo, terem os seus familiares vivos, e não sofrerem na saúde, e não sofrerem muito na sua economia. Agora, é preciso sonhar muito mais do que isso, e esse sonho tem que ser acompanhado de realidade”, afirmou.

Reconhecendo assim que, devido à pandemia, a presidência portuguesa do Conselho da UE “foi difícil e está a ser difícil”, Marcelo Rebelo de Sousa asseverou que, ainda assim, “deu passos importantes para criar condições econômicas, financeiras e sociais para o futuro”.

“A presidência eslovena é [agora] essencial. Tem de ser, vai ser, uma presidência cheia de sucesso”, referiu.

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