Da Redação com Lusa
O Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou que Portugal e o Catar têm um “relacionamento diplomático forte”, negando que haja “uma lista negra” e contrapôs “a realidade” a “uma especulação”.
Questionado pelos jornalistas sobre uma notícia do jornal Sol que refere que Portugal vai ser colocado na lista negra do Catar, o chefe de Estado afirmou que “uma coisa é aquilo que é uma especulação, outra coisa é a realidade”.
E apontou que “a realidade é muito simples, há um relacionamento diplomático, econômico forte que veio do passado, que não impede que haja pontos de vista diversos, sobre matérias importantes”.
“Mas não se pode dizer que haja lista negra nem lista de qualquer outra cor que afete o que é a política externa normal de um país neste caso é Portugal e Qatar, como podia ser Portugal e os Emirados Árabes Unidos ou Portugal e Arábia Saudita ou outros países daquela área que têm regimes nalguns aspetos importantes muito semelhantes”, considerou o Presidente da República, que falava aos jornalistas à margem de uma visita à Feira de Solidariedade Rastrillo, em Lisboa.
Marcelo Rebelo de Sousa referiu também que regressou na sexta-feira daquele país, ao qual se deslocou para assistir ao jogo da seleção portuguesa no campeonato mundial de futebol com o Gana, e se encontrou “com o primeiro-ministro e com outros responsáveis do Qatar”.
Mandato
Em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa negou estar cansado de ocupar o cargo e considerou que neste momento “seria mau” uma interrupção ou um encurtamento do mandato, dado o contexto que o país atravessa.
“Não, não estou cansado da Presidência e, pelo contrário, é mais necessário mais Presidente num momento de mais crise, como é evidente”, defendeu Marcelo Rebelo de Sousa.
O chefe de Estado referiu que chegou do Qatar e que tem tido “tantos compromissos, tantos compromissos, a maior parte deles sociais”, mas referiu que não se cansa.
“Eu nunca me canso, eu sou criticado muitas vezes de nunca me cansar e outras vezes de me cansar”, afirmou.
Questionado sobre a proposta do PSD no âmbito da revisão constitucional para que o Presidente da República tenha um mandato único de sete anos (em vez da possibilidade de dois mandatos de cinco), Marcelo assinalou que essa alteração já foi defendida por si.
“Eu não me meto na matéria da revisão constitucional, é uma matéria em que o Presidente da República não tem poderes nenhuns e eu, por exemplo, no passado defendi, quando não era Presidente da República, e mesmo no início, quando me candidatei, que a solução melhor seria um mandato único de sete anos”, apontou.
“No entanto, devo reconhecer que neste momento, com a guerra e com a crise, seria mau haver uma interrupção de mandato, um encurtamento de mandato, precisamente porque é preciso é haver quem enfrente a crise e quem garanta, intervindo. E o Presidente deve intervir para garantir, por um lado, que a maioria absoluta cumpre o que deve cumprir – para isso é que ela existe – e, por outro lado, para garantir que haja uma oposição que possa ser alternativa, como é desejável que haja alternativas no futuro”, defendeu o chefe de Estado.
Marcelo Rebelo de Sousa apontou também que está a ser mais exigente no segundo mandato. “Estou a ser. Já mandei um diploma para o Tribunal Constitucional, posso mandar outros”, avisou.