O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa (E), cumprimenta o secretário-geral da Organização da Nações Unidas (ONU), António Guterres (D), à chegada para um encontro no âmbito da Cimeira da Ação Climática, em Nova Iorque, 23 de setembro de 2019. Líderes políticos dos 193 Estados-membros das Nações Unidas reúnem-se em Nova Iorque na Cimeira da Ação Climática, que pretende ser palco para anunciar compromissos e projetos concretos para o reforço do combate às alterações climáticas. UN PHOTO/EVAN SCHNEIDER/LUSA
Da Redação
Com Lusa
O Presidente de Portugal afirmou nesta segunda-feira, nas Nações Unidas, em Nova Iorque, que Portugal foi o primeiro país a comprometer-se a ser neutro em carbono até 2050 e pediu urgência no combate global às alterações climáticas.
“Já se perdeu demasiado tempo. A complacência e a indiferença já não são toleráveis”, considerou.
Marcelo Rebelo de Sousa falava na Cimeira da Ação Climática, convocada pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, para que sejam apresentados pelos participantes planos concretos para cumprir os objetivos estabelecidos no Acordo de Paris.
“Nós fomos os primeiros a comprometer-nos a ser neutros em carbono até 2050, adotando e implementando o Roteiro para a Neutralidade Carbônica 2050 como estratégia de longo prazo para a redução das emissões de gases com efeito de estufa, que apresentamos com um ano de avanço”, afirmou, perante dezenas de líderes mundiais.
“E por uma simples razão: porque não há Portugal B, e não há planeta B”, acrescentou.
Na sua curta intervenção, Marcelo Rebelo de Sousa apresentou de forma sintética o Roteiro para a Neutralidade Carbônica 2050 que foi aprovado em Conselho de Ministros na sua versão final em junho deste ano, depois de um período de discussão pública.
O Presidente da República referiu que a neutralidade carbônica até 2050 será alcançada “através da total descarbonização do sistema eletroprodutor e da mobilidade urbana e através do reforço da capacidade de sequestro de carbono pelas florestas e por outros usos do solo”.
“A próxima década é crítica. Por isso, reforçamos a nossa ambição para 2030 com o objetivo de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em 50% em comparação com 2005, atingir uma meta de eficiência energética de 35%, e ter 80% da eletricidade gerada por fontes de energia renovável, incluindo uma total eliminação do carvão”, salientou.
O Presidente da República referiu ainda que Portugal já alcançou 54% de energias renováveis na produção elétrica, impôs uma taxa de carbono, começou a eliminar os subsídios aos combustíveis fósseis, e está a reparar a degradação dos ecossistemas marinhos.
“O nosso objetivo é a neutralidade carbônica até 2050, envolvendo a sociedade civil, o setor privado, preservando os habitats naturais e a biodiversidade e criando emprego”, resumiu.
Brasil exemplo
Esta 74ª Assembleia Geral das Nações Unidas, também o presidente Jair Bolsonaro vai discursar na abertura. A repercussão dos incêndios na Floresta Amazônica colocou a questão ambiental no centro do debate internacional.
Já em NY, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, esteve no Encontro de Cúpula sobre Ação Climática na sede da ONU em Nova Iorque.
Em declaração à ONU News, o ministro disse que o país tem avançado no cumprimento de metas do Acordo de Paris sobre o tema. Segundo ele, o país é “um exemplo do que deve ser feito em termos de medidas concretas para o combate à mudança climática.”
“O Brasil é o país, dentre os países da ONU, que mais está fazendo pelo combate à mudança climática. No Acordo de Paris, o Brasil está indo muito bem em todas as suas metas. Tem no etanol a mudança da matriz de energias renováveis. Enfim, o Brasil é um exemplo do que deve ser feito em termos de medidas concretas para o combate à mudança climática.”
O encontro de Cúpula em Nova Iorque reúne cerca de 80 líderes internacionais de governos, da sociedade civil e do setor privado. Dos países de língua portuguesa, apenas Portugal deve discursar no evento.
Para o ministro Ricardo Salles, o combate à mudança climática requer financiamento, especialmente para a transição de uma nova economia baseada em energias renováveis.
“O que nós esperamos é que também os outros países sigam o exemplo do Brasil e consigam entregar as suas medidas, consigam ir bem nos seus compromissos. Para isso, inclusive, a parte financeira, que foi prometida aos países em desenvolvimento. O valor de US$100 bilhões por parte dos países desenvolvidos. É importante lembrar que esse valor começa a ser entregue a partir do ano que vem, em caráter anual, e o Brasil e os outros países em desenvolvimento contam com esses recursos para fazer ainda mais.”