Da redação com Lusa
O Presidente brasileiro, Lula da Silva, salientou neste dia 19 o “momento excepcional” das relações diplomáticas entre Brasil e Portugal, ironizando que, “daqui a pouco”, o número de brasileiros em Portugal “será maior do que o da população portuguesa”.
“O Brasil vive um momento excepcional na sua relação com Portugal”, disse o chefe de Estado brasileiro, em entrevista à imprensa internacional em Bruxelas e respondendo a uma questão da agência Lusa, no final de ter participado numa cimeira de dois dias da União Europeia com a América Latina e Caraíbas.
Lula da Silva ironizou: “Se em 1500 Portugal descobriu o Brasil, em 2023 o Brasil descobriu Portugal, ou seja, pela quantidade de brasileiros que Portugal tem hoje, daqui a pouco será em maior número do que a população portuguesa”.
Questionado sobre conversas tidas com o primeiro-ministro português durante a cimeira europeia, que decorreu na segunda e terça-feira em Bruxelas, o Presidente brasileiro indicou que não conversou “sobre a guerra com António Costa”.
“Aliás, eu não tive [uma reunião] bilateral com António Costa. Eu tinha tentado marcar uma conversa com António Costa para a conversarmos sobre outros assuntos e aprimorar a nossa relação, mas ele teve de sair mais cedo, então não foi possível”, adiantou.
Cimeira
Lula considerou hoje que a cimeira entre UE e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) foi “extremamente bem-sucedida”, por revelar o interesse europeu, e garantiu “abertura do Brasil”.
“Foi uma reunião extremamente bem-sucedida e, de todas as reuniões em que participei, foi a mais bem-sucedida”, disse Lula da Silva, em entrevista à imprensa internacional em Bruxelas, incluindo a agência Lusa, no final de dois dias de cimeira UE-CELAC, no início desta semana.
Nesta entrevista, o chefe de Estado brasileiro justificou o sucesso da reunião atendendo às questões atuais: “possivelmente pela disputa entre os Estados unidos e a China, possivelmente pelo investimento da China na África e na América Latina, pela nova rota da seda e possivelmente pela guerra” da Ucrânia causada pela invasão russa”.
“O facto de fazermos a reunião da CELAC com a participação de quase 60 países demonstrou, de forma inequívoca, o interesse da UE em colocar os seus olhos na América Latina”, observou, assegurando que nunca viu “tanto interesse político e económico” dos países europeus.
Segundo o Presidente brasileiro, Brasília “está a recuperar o prazer de fazer política internacional e o seu papel de protagonista”.
“Penso que é importante que o Brasil se abra […] e não vamos deitar fora esta oportunidade”, assegurou.
Lula da Silva concluiu estar “feliz por esta reunião”, após ter feito 10 reuniões bilaterais e se ter encontrado inclusive com o primeiro-ministro português, António Costa.
Aquela que foi a primeira cimeira UE-CELAC em oito anos e que juntou em Bruxelas mais de 50 líderes de ambos os blocos regionais foi marcada pelos diferentes pontos de vista sobre a guerra da Ucrânia, nomeadamente da Venezuela, Cuba e Nicarágua, sendo que foi este último país quase bloqueou a declaração final, que reuniu consenso à última hora.