Presidente: Há “duas boas razões” para estar atento e preocupado com a TAP

Mario Cruz/Lusa

Mundo Lsíada
Com Lusa

 O Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou neste dia 11 que há “duas boas razões” para os portugueses estarem “atentos e permanentemente preocupados” com a situação da TAP.

Em declarações aos jornalistas sobre o pedido de insolvência da Groundforce, Marcelo disse ainda esperar que as questões jurídicas “e outras que possam existir não afetem o essencial, que é o interesse do país”.

“Todos os portugueses acompanham com atenção o que se passa nesta matéria”, referiu.

Marcelo lembrou que a TAP tem tido uma “posição estratégica” para Portugal, sobretudo nas ligações com as comunidades emigrantes espalhadas pelo mundo e com certos mercados que “têm sido fundamentais” para o turismo nacional.

Além disso, sublinhou que “há dinheiros públicos envolvidos”.

“Há duas boas razões para os portugueses estarem atentos e permanentemente preocupados. O que se espera é que as questões jurídicas e outras que possam existir não afetem o essencial que é o interesse do país”, disse ainda o Presidente.

Na segunda-feira, a TAP requereu, na “qualidade de credora”, a insolvência da Groundforce junto dos Juízos de Comércio de Lisboa do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa.

A transportadora justificou que o objetivo da ação passa por, “se tal for viável”, salvaguardar “a viabilidade e a sustentabilidade da mesma, assegurando a sua atividade operacional nos aeroportos portugueses”.

A Groundforce é detida em 50,1% pela Pasogal e em 49,9% pelo grupo TAP, que, em 2020, passou a ser detido em 72,5% pelo Estado português e que é acionista minoritário e principal cliente da empresa que presta assistência nos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro, Funchal e Porto Santo.

“A TAP considera que esgotou todas as hipóteses de encontrar com o acionista maioritário da Groundforce, [a Pasogal], uma solução que permita garantir um horizonte futuro para a empresa”, lê-se na mesma nota, onde diz que é, “assim, forçada a concluir que o pedido de declaração de insolvência da Groundforce é a decisão que, no médio prazo, melhor protege os seus trabalhadores e a generalidade dos seus credores e permite perspetivar, se tal se mostrar possível, a sua viabilidade e sustentabilidade futura”.

Dois pesos

O presidente do Conselho de Administração da Groundforce, Alfredo Casimiro, afirmou que a decisão da TAP de requerer a insolvência da empresa adia uma solução, acusando o Governo de ter dois pesos e duas medidas.

“A decisão da TAP de requerer, com o patrocínio do Governo, a declaração de insolvência da SPDH Groundforce não resolve o problema da empresa. Pelo contrário, agrava-o e adia uma solução”, afirma Alfredo Casimiro, que é também acionista maioritário com 50,1% da empresa de ‘handling’, em comunicado.

No entender do gestor, “a Groundforce não é um problema para a TAP. A TAP, sim, é um problema para a Groundforce”, considerando que “nenhum dos graves problemas” que a companhia aérea enfrenta se resolverá à custa da empresa de ‘handling’ (assistência em terra nos aeroportos).

“É, por isso, irresponsável, agravar a situação da Groundforce porque, inevitavelmente, isso agravará também a situação da TAP e de todos os trabalhadores deste universo”, considera.

Alfredo Casimiro acusa o Governo de ter “dois pesos e duas medidas, senão mesmo duas caras”: “Usou uma cara para lidar com uma empresa pública que nacionalizou, a TAP, e outra cara para lidar com uma empresa privada que parece querer nacionalizar, a Groundforce”.

O presidente do Conselho de Administração considera que “tal comportamento é inaceitável num estado de direito” e acrescenta que “a crise pandêmica afetou, de igual modo, empresas públicas e privadas”.

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