Da Redação com Lusa
O Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, expressou o voto de que as idas do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, a Moscou na Rússia, e Kiev, na Ucrânia conduzam à paz “mais depressa do que devagar”.
Durante visita em Aveiro, Marcelo Rebelo de Sousa quis “formular o voto de que a próxima visita do secretário-geral das Nações Unidas à Federação Russa, e certamente depois também o contato com a República da Ucrânia, possa permitir a abertura de um caminho que conduza à paz”.
“E que conduza à paz mais depressa do que devagar”, acrescentou o chefe de Estado perante um auditório cheio no município sanjoanense, pertencente à Área Metropolitana do Porto (AMP).
Para Marcelo Rebelo de Sousa, a rapidez na resolução do conflito “significaria não apenas o abreviar do sofrimento do povo martirizado da Ucrânia, mas também das angústias, das preocupações e das perturbações graves na vida de milhões” em todo o mundo, “e de milhões de portugueses em particular”.
Posteriormente aos jornalistas, o chefe de Estado considerou “um bom sinal” a possibilidade de contato com os presidentes russo e ucraniano, e “abre uma janela de esperança”.
Marcelo Rebelo de Sousa frisou que “tem havido declarações” da parte russa “no sentido de continuar a guerra e até dizer o que quer fazer com essa guerra, na parte sul da Ucrânia”, desejando ver “uma pista de aproximação entre as duas partes” no conflito, que “abrevie a guerra” e ponha fim “à segunda fase da guerra”.
“Vamos esperar que isso seja possível e que haja, verdadeiramente, da Federação Russa, uma abertura consistente, efetiva, e verdadeira ao diálogo”, disse o Presidente da República.
Questionado acerca de uma possível visita a Kiev, Marcelo Rebelo de Sousa mostrou abertura, considerando que a disponibilidade a essa viagem “seria também a do Presidente da República Portuguesa”.
“Na medida em que venha a ser possível, e venha a ser entendido como útil, acho que fica muito bem esse passo, porque o Presidente Zelensky fez determinados pedidos a Portugal e Portugal tem correspondido a esses pedidos mais variados”, acrescentou.
No entanto, o chefe de Estado português disse que atualmente não há nenhum plano para essa eventual viagem.
Crítica
Já o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenksy, considerou “ilógica” a decisão do secretário-geral da ONU de se deslocar a Moscou dois dias antes de ir a Kiev.
“É errado ir primeiro à Rússia e vir depois à Ucrânia. Não há justiça nem lógica nessa ordem”, afirmou Zelensky, numa conferência de imprensa, numa estação de metro no centro de Kiev, segundo a Agência France Presse.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de dois mil civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar causou já a fuga de mais de 12 milhões de pessoas, das quais mais de 5,16 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU – a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, visitará Moscou, na Federação Russa, no dia 26 de abril, onde irá encontrar-se com o Presidente russo, Vladimir Putin.
Segundo nota enviada pelas Nações Unidas, Guterres terá em Moscou uma reunião de trabalho e um almoço com o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, e será recebido pelo Presidente Vladimir Putin.
Foi também anunciado que António Guterres vai visitar a Ucrânia na próxima semana, após reunir-se em Moscou com o Presidente russo Vladimir Putin, informou o porta-voz do líder da ONU.
“O secretário-geral irá visitar a Ucrânia na próxima semana. Terá uma reunião de trabalho com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Dmytro Kuleba, e será recebido pelo Presidente, Volodymyr Zelenskyy, a 28 de abril”, pode ler-se na nota enviada às redações.