Da Redação
Com Lusa
O presidente da Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa defendeu a necessidade de um Plano de Resgate do Turismo, considerando na quinta-feira que a classificação da região como zona de risco pela Alemanha “é mais um duro golpe”.
Vítor Costa, diretor geral da Associação Turismo de Lisboa e presidente da Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa, afirmou, numa nota enviada à Lusa, que a atual situação desta atividade econômica “exige um Plano de Resgate do Turismo”, de forma “a preservar o tecido econômico, proteger o emprego e garantir a recuperação econômica do país”.
“Para evitar o colapso, o Plano de Resgate tem que ir mais longe que as medidas de apoio já aprovadas que, embora positivas, são insuficientes”, defendeu.
O responsável defendeu a necessidade de “alterar a natureza das medidas, que têm consistido essencialmente em protelar e acumular responsabilidades para as empresas, que não vão ser sustentáveis no futuro, dada a profundidade e duração da crise”.
Considerou ainda “fundamental” que Portugal consiga fazer valer a sua especificidade no contexto dos destinos turísticos europeus, “dado que é o único que depende em 95% do transporte aéreo”.
“A decisão da Alemanha [de classificar a região de Lisboa como zona de risco] é mais um duro golpe que atinge o coração do Turismo em Lisboa, a região mais afetada pela crise”, considerou.
O responsável explicou que Lisboa tem sete mercados emissores com quotas entre 6% e 11% das dormidas.
Desses sete, o Brasil e os EUA “estão completamente paralisados desde há seis meses”, o mesmo sucedendo “mais recentemente com o Reino Unido”, a que agora se junta a Alemanha.
“Restam, neste momento, a Itália, França e Espanha, países que estão a ser duramente atingidos pela onda pandêmica, especialmente a Espanha, o único que pode aceder ao nosso destino por via terrestre. Além destes, outros mercados com peso relevante estão limitados, como é o caso da Bélgica e Holanda, que agora também decidiram restringir as viagens a Portugal”, salientou.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 971 mil mortos no mundo desde dezembro do ano passado, incluindo 1.931 em Portugal.
As medidas para combater a pandemia paralisaram setores inteiros da economia mundial e levaram o Fundo monetário Internacional (FMI) a fazer previsões sem precedentes nos seus quase 75 anos: a economia mundial poderá cair 4,9% em 2020, arrastada por uma contração de 8% nos Estados Unidos, de 10,2% na zona euro e de 5,8% no Japão.
Para Portugal, a Comissão Europeia prevê que a economia recue 9,8% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020, uma contração acima da anterior projeção de 6,8% e da estimada pelo Governo português, de 6,9%.
O Governo prevê que a economia cresça 4,3% em 2021, enquanto Bruxelas antecipa um crescimento mais otimista, de 6%, acima do que previa na primavera (5,8%)
A taxa de desemprego deverá subir para 9,6% este ano, e recuar para 8,7% em 2021.
Em consequência da forte recessão, o défice orçamental deverá chegar aos 7% do PIB em 2020, e a dívida pública aos 134,4%.
Os efeitos da pandemia já se refletiram na economia portuguesa no segundo trimestre, com o PIB a cair 16,5% face ao mesmo período de 2019, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).