Presidente do PSD diz que “Governo caiu por dentro” e pede eleições antecipadas

Foto reprodução/PSD

Mundo Lusíada com Lusa

O presidente do PSD defendeu hoje a realização de eleições antecipadas, dizendo que “o Governo caiu por dentro” e que a degradação do executivo “impõe que não se perca mais tempo e se devolva a palavra ao povo”.

“Esta recuperação só é viável com eleições antecipadas, e estamos preparadas para elas”, disse Luís Montenegro.

Montenegro falava aos jornalistas na sede nacional do PSD, no final de uma reunião da Comissão Permanente, convocada ainda antes do anúncio da demissão do primeiro-ministro – aceite pelo Presidente da República -, após o Ministério Público revelar que é alvo de investigação autônoma do Supremo Tribunal de Justiça sobre projetos de lítio e hidrogênio.

O presidente do PSD salientou que nunca teve pressa na realização de eleições, “mas agora a degradação do Governo impõe que não se perca mais tempo e se devolva a palavra ao povo”, e apresentou a sua visão de alternativa.

“Portugal não precisa de aventuras e visões revolucionárias. Precisamos de realismo, de reformismo e de um contrato social renovado. Precisamos de inclusão, de união e de ambição”, defendeu, enunciando como características do “ser português” a coragem e bravura, mas também a moderação e tolerância.

Questionado se mantém o compromisso de não fazer acordos pós-eleitorais com o partido Chega, Montenegro salientou que, há pouco mais um mês, disse no mesmo local que “não é não”, dizendo que o PSD “não falha aos seus compromissos”

Já à pergunta se as eleições antecipadas se devem realizar o mais rápido possível ou se o Presidente da República deve dar tempo para que o Orçamento do Estado seja aprovado no parlamento, o líder do PSD não deu uma resposta clara.

“A questão não é o PSD ou eu querer ou não eleições, o Governo caiu por dentro, é notório que não tem nenhuma condição para continuar, estão reunidas as circunstâncias que motivam auscultar o povo português com eleições antecipadas”, disse.

Montenegro remeteu para o Presidente da República “o exercício das suas competências constitucionais”, lembrando que terão na quarta-feira uma audiência com Marcelo Rebelo de Sousa, como todos os partidos com assento parlamentar.

“Nessa altura, vamos avaliar com ele toda a situação e esperar que exerça as competências que a Constituição lhe atribui, neste caso concreto, de dissolução do parlamento e de marcação de eleições”, disse, escusando-se a comentar o cenário de continuidade da atual maioria, com outro primeiro-ministro.

O Presidente convocou para quarta-feira os partidos para uma ronda de audiências no Palácio de Belém, em Lisboa, e vai reunir o Conselho de Estado na quinta-feira.

Numa declaração no Palácio de São Bento, António Costa recusou a prática “de qualquer ato ilícito ou censurável” e manifestou total disponibilidade para colaborar com a justiça “em tudo o que entenda necessário”.

Esquemas

Questionado pelos jornalistas sobre a atuação da justiça neste caso, Montenegro respondeu: “A justiça está a funcionar, mas a questão que estou a focar é uma questão política, há um primeiro-ministro que se demitiu e um Governo que caiu, que tinham condições para governar e fracassaram por pura incompetência”.

Antes, na sua intervenção inicial, Montenegro considerou que “a legitimidade do PS ruiu dentro de si próprio”.

“É a terceira vez em 22 anos que as mesmas pessoas, as mesmas políticas e o mesmo padrão de governo trazem um pântano à democracia portuguesa”, acusou.

Depois de ter defendido eleições antecipadas, o presidente do PSD apelou aos portugueses para penalizarem “a reincidência de uma organização partidária que dá mostras de muito facilmente ceder a esquemas de compadrio político, de vertigens hegemônicas de poder”.

“Os portugueses sabem que há uma alternativa séria e ambiciosa e conhecem o nosso sentido de responsabilidade, a nossa firmeza e o nosso compromisso com a verdade, a ética e a urbanidade”, afirmou.

Montenegro defendeu que “Portugal não pode tolerar ou admitir que importantes decisões de investimento ou financiamento público possam ser tomadas com qualquer outro critério que não exclusivamente o interesse público”.

“Seja na transição energética ou ambiental, seja no parque escolar, seja em parcerias público-privadas, seja na defesa nacional, seja nas grandes infraestruturas, o país não pode ser levado a decidir com base em interesses particulares, muitas vezes embrulhados e disfarçados com sofisticados esquemas de suporte técnico”, afirmou.

O presidente do PSD defendeu que “a manipulação, como a mentira, têm sempre prazo de validade” e têm como consequência “a formação de uma legião de pobres e remediados, dependentes e frustrados numa espécie de corrupção social e política”.

BE

A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, defendeu hoje que o Presidente da República deve convocar eleições legislativas antecipadas, na sequência da demissão do primeiro-ministro, e pediu celeridade à justiça para que as suspeitas sejam esclarecidas.

“O BE comunicará ao Presidente da República a sua preferência pela convocação de eleições antecipadas”, indicou a líder bloquista.

Mariana Mortágua defendeu que novas eleições são a “saída para a crise política” que o país atravessa neste momento. E considerou também que “é importante que a justiça seja célere” e “esclareça rapidamente as suspeitas levantadas”.

PS

Já o presidente do PS manifestou-se hoje confiante que os socialistas continuarão a contar com António Costa para servir o país e defendeu que não recai sobre o primeiro-ministro qualquer acusação judicial formal, identificada ou concreta.

“Vivemos no dia de hoje momentos que foram inesperados e difíceis para a compreensão dos portugueses em geral e dos socialistas em especial. São notícias que sobressaltaram a sociedade portuguesa e que perturbam as nossas consciências suscitadas, no que ao primeiro-ministro se referem, através de um comunicado do gabinete de imprensa da Procuradoria Geral da República”, observou Carlos César.

Depois, o presidente do PS deixou a seguinte nota ainda sobre este processo: “Apesar de, nesse contexto, não recaírem quaisquer acusações identificadas, formais ou concretas sobre a conduta do primeiro-ministro, António Costa entendeu – em defesa da integridade plena das instituições que lhe coube e cabe e defender como primeiro-ministro em funções e da honorabilidade pessoal que sabemos ser merecedor – apresentar ao Presidente da República o seu pedido de demissão”.

“Como presidente do PS e interpretando o sentimento de todos os socialistas portugueses, presto homenagem à exemplaridade do seu gesto e ao grande sentido de responsabilidade evidenciado. António Costa agiu – de modo que compreendemos e reconhecemos como legítimo – como quem sempre pôs em primeiro lugar a transparência e a credibilidade das instituições, que sempre serviu ao longo da sua vida cívica e política”, acrescentou.

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