Presidente do PSD “completamente disponível” para dialogar com partidos

Da Redação
Com Lusa

O presidente do PSD, Rui Rio, transmitiu nesta segunda-feira ao Presidente português que os sociais-democratas estão “completamente disponíveis” para dialogarem com “outros partidos” com vista a concretizar as reformas de que Portugal precisa.

“Essa será a principal mensagem que aqui deixamos: estamos completamente disponíveis para conversar com os outros partidos no sentido de que Portugal consiga fazer reformas que, de outra forma, não é possível fazer”, afirmou Rui Rio, no final de uma audiência de perto de hora e meia com Marcelo Rebelo de Sousa.

Sobre a escolha de Elina Fraga para vice-presidente do PSD, que mereceu contestação interna, Rio escusou-se a abordar um tema que não foi tratado na audiência com o chefe de Estado.

Questionado se os militantes do PSD não merecem uma explicação, o novo presidente respondeu: “Merecem as explicações todas, mas não é aqui na sequência de uma reunião com o Presidente da República, onde naturalmente esse assunto não foi abordado”.

Além do diálogo interpartidário, Rui Rio disse que foram “trocadas impressões” sobre a situação portuguesa e fez questão de salientar a “particular afinidade” do PSD com este chefe de Estado, lembrando que trabalhou com Marcelo Rebelo de Sousa no partido há mais de duas décadas.

Questionado se o Presidente aceitará patrocinar pactos de regime entre partidos – tal como foi desafiado no congresso do PSD -, Rui Rio respondeu que a sua vontade, e também a de Marcelo Rebelo de Sousa, é que o diálogo com vista a reformas seja feito entre todos os partidos.

“Eu quando falo em diálogo com outros partidos não estou a falar apenas em diálogo com um outro partido, estou a falar com os outros partidos todos”, disse, numa referência implícita ao PS.

O novo presidente do PSD confirmou que se irá encontrar em breve com o primeiro-ministro, António Costa, mas também com outros líderes partidários, nomeadamente com a presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, uma reunião que ainda não está marcada mas na qual “terá muito gosto”.

Questionado se Marcelo Rebelo de Sousa o inquiriu sobre as áreas prioritárias de intervenção do PSD, Rio salientou que a nova direção do PSD só foi investida no domingo a meio da tarde e confirmou que haverá novos encontros com o chefe de Estado.

“Vai haver outros encontros, com delegação partidária é trimestral, comigo haverá outros”, referiu.

Também o Orçamento do Estado do próximo ano ficou, segundo Rio, fora dos temas da audiência com o Presidente: “Não, estamos em fevereiro”, respondeu.

Sobre as áreas que elege como essenciais para entendimentos, Rio remeteu para os temas de que falou durante a campanha e no congresso – justiça, descentralização, segurança social – mas disse estar aberto a outras que sejam introduzidas por outros partidos.

“Queria que eu tivesse um projeto lei? O que foi enunciado na campanha são as áreas que consideramos importantes, estando disponíveis para outras que queiram abordar”, afirmou.

Nos próximos dias, serão marcadas as “reuniões ordinárias” dos órgãos nacionais do partido, que irão “delinear a estratégia a partir daquele que é, por enquanto, apenas o ponto de vista do presidente”.

Sobre o ‘timing’ para os entendimentos, Rio considerou que há “um tempo limitado”, mas que algumas reformas necessitarão de mais tempo.

“Tudo isto tem o seu tempo, sob pena de não ser bem feito e ser muito mal feito. Depressa e bem há pouco quem, diz o povo na sua imensa sabedoria popular”, advertiu.

No entanto, o novo líder considerou que “algumas coisas” poderão ser feitas até às eleições europeias de maio.

“Pouca coisa, mas muita poderá ser já delineada para, logo a seguir, termos o trabalho de casa feito”, afirmou.

O líder do PSD fez-se acompanhar na audiência em Belém pelo secretário-geral, Feliciano Barreiras Duarte, e pelos vice-presidentes Isabel Meirelles, Nuno Morais Sarmento e Manuel Castro de Almeida.

Marcelo Rebelo de Sousa recebeu hoje a nova direção política do PSD, um dia depois de Rui Rio ter sido consagrado no 37.º congresso do partido e no qual prometeu uma “cooperação institucional séria e leal” ao Presidente da República.

A audiência de Rui Rio com o chefe de Estado, no Palácio de Belém, tinha sido agendada após o resultado das eleições diretas de 13 de janeiro no PSD, que ditaram a vitória do antigo autarca do Porto face ao adversário Pedro Santana Lopes e aconteceu no final de uma ronda pelas direções de todos os partidos com assento parlamentar.

Positivo

O primeiro-ministro considerou “positivo para o país” a “nova disponibilidade” do PSD para diálogo interpartidário, destacando questões como a “Estratégia Portugal pós-2020” ou a descentralização.

“Parece-me, obviamente, positivo para o país que haja, hoje, uma nova disponibilidade por parte do maior partido da oposição para negociar”, afirmou o socialista António Costa (PS).

Costa exemplificou os casos das opções de investimento público e utilização dos quadros comunitários de apoio até 2030 ou da descentralização como áreas onde poderá existir diálogo, frisando que a atual solução governativa está encontrada, referindo-se ao Governo minoritário do PS, cimentado em acordos bilaterais com BE, PCP e PEV.

“Temos uma solução governativa que tem provado bem, o que prova bem que não deve mudar. Devemos prosseguir a trajetória de estabilidade política que temos tido ao longo destes dois anos e concluir a legislatura. É preciso não confundir o que são opções de governo com aquilo que são domínios onde é essencial que haja acordos políticos o mais alargados possível, envolvendo também a oposição”, declarou.

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