Da Redação
Com Lusa
O presidente do PSD defendeu, dia 19, que a função do seu partido não é “empurrar o Governo para a irresponsabilidade”, mas denunciar que o executivo “não fala verdade” e que “o discurso do milagre econômico é uma aldrabice política”.
No encerramento das jornadas parlamentares do PSD, na Guarda, Rui Rio fez um balanço das principais linhas de oposição do partido, desde que assumiu a liderança em fevereiro.
“Um aspecto é demonstrar que o discurso do milagre econômico é uma aldrabice política”, afirmou Rio, recolhendo o primeiro aplauso generalizado da sala, que o tinha recebido em silêncio quando entrou para a sessão de encerramento.
O presidente do PSD apontou como dois exemplos de que o Governo “não fala verdade” aos portugueses a não descida do imposto sobre os combustíveis quando o preço das matérias primas subiu, e o da polêmica sobre contagem do tempo integral dos professores, onde reiterou que o executivo prometeu o que “sabia de antemão que não podia cumprir”.
“A posição do PSD hoje em 2018, ou do PSD ao longo de toda a sua história desde 74 é: a função do PSD é empurrar o Governo para a irresponsabilidade? Não, isso é função do PCP e do BE. Nós não temos essa função, mas temos outra, que é a de obrigar o Governo a falar verdade às pessoas”, disse.
Rui Rio foi ainda mais claro, numa aparente referência à questão do tempo integral da carreira dos professores. “A nossa função não é empurrar o Governo para a irresponsabilidade e populismo de dar aquilo que não pode dar”, frisou.
Na passagem da sua intervenção de cerca de 40 minutos mais aplaudida pelo grupo parlamentar, Rui Rio acusou o Governo de ter andado “à boleia” do trabalho do anterior executivo PSD/CDS-PP e da conjuntura internacional nos dois primeiros anos da governação, com bons resultados económicos.
“Eles não fizeram rigorosamente nada por isso. Mais dia menos dia ficava a nu que o discurso não fazia sentido”, afirmou, estimando que hoje “70 a 80% dos portugueses já perceberam a aldrabice política do milagre económico, que não é nenhum”.
Perante os deputados, Rui Rio apresentou a sua receita do que deve ser a oposição ao Governo, que considerou não ficar diminuída por ser “colaborante com o que são políticas estruturais”.
“Devemos ser acutilantes nas críticas e nas falhas ao Governo tal como temos feito, e sérios, rigorosos e competentes no que são as nossas propostas”, apontou.
Rui Rio salientou que esta foi a receita que aplicou quando exerceu cargos na vida pública e que, “até à data, deu sempre resultado”.
“Na boa tradição marítima portuguesa, fi-lo sempre contra ventos e mares”, afirmou no final da sua intervenção, em que foi aplaudido de pé pelos deputados sociais-democratas.
Além da denúncia da “aldrabice” do milagre econômico, Rio apontou outros três pontos em que o PSD se destacou nos últimos meses na oposição ao Governo, começando pelas objeções que levantou à entrada da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa no capital do Montepio, que ainda não se concretizou.
“Poderia dizer que o PSD ganhou, mas foi o país que ganhou”, defendeu.
O pedido de audição parlamentar do ex-ministro Manuel Pinho para esclarecer se recebia ou não verbas do Grupo Espírito enquanto era ex-ministro e o desafio para que sejam revelados quais os principais responsáveis pelas imparidades da Caixa Geral de Depósitos foram os outros destaques de oposição apontados por Rio.
Neste âmbito, o presidente do PSD afirmou que o grupo parlamentar irá novamente pedir o acesso à auditoria independente à gestão da Caixa, que foi aprovada há dois ano pelo Conselho de Ministros.