Da redação com Lusa
O presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) defendeu hoje, em Nairobi, que o continente deve estar aberto à cooperação global, sobretudo entre os países do sul, dando como exemplo o Brasil.
“A capacidade de realizar economias de escala e de âmbito no apoio a África é a força da cooperação Sul-Sul (…) Acabei de regressar do Brasil, de ver o Presidente Lula, e vamos assistir a uma grande parceria entre o Brasil e África na agricultura, nos produtos farmacêuticos”, disse Akinwumi Adesina, num encontro com jornalistas, no arranque dos encontros anuais do BAD, que decorrem este ano na capital do Quênia.
Adesina insistiu que o BAD pretende cooperar “com todos os países do Sul global”, incluindo o grupo dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), sem competir com instituições, já que não vê o mundo “de uma forma que divida”.
“Se forem a um jardim encontrarão diferentes tipos de flores. É a diversidade da beleza que encontra no seu jardim que o torna belo. É isso que devemos procurar”, declarou.
Mais de 3.000 participantes são esperados a partir de hoje em Nairobi para os encontros anuais do BAD, em que será debatida, até sexta-feira, a necessidade de reformar as instituições financeiras internacionais para desenvolver o continente, com a prioridade da instituição em liderar o “desafio de reformar as instituições financeiras mundiais”.
O Grupo Banco Africano de Desenvolvimento é a principal instituição africana de financiamento do desenvolvimento e reúne-se em Nairobi com o objetivo de debater “A Transformação de África, o Grupo Banco Africano de Desenvolvimento e a Reforma da Arquitetura Financeira Global”.
A 59.ª Reunião Anual do Conselho de Governadores do Banco Africano de Desenvolvimento e a 50.ª Reunião do Conselho de Governadores do Fundo Africano de Desenvolvimento vão decorrer no Centro Internacional de Conferências Kenyatta, em Nairobi, com a presença de membros de Governo, chefes de Estado e antigos Presidentes dos países africanos, num total de mais de 3.000 participantes.
De acordo com o programa provisório, entre dezenas de outros participantes, está prevista uma intervenção do antigo Presidente de Moçambique Joaquim Chissano, na quarta-feira, no painel de alto nível.
Segundo o BAD, apesar de um “crescimento econômico sustentado ao longo das duas últimas décadas, a transformação económica de África continua incompleta”, tendo o Produto Interno Bruto (PIB) real do continente crescido 4,3% por ano entre 2000 e 2022, “em comparação com a média mundial de 2,9%, e muitas das dez economias de crescimento mais rápido do mundo situavam-se em África”.
“Apesar deste sólido desempenho em termos de crescimento, a estrutura das economias africanas não se alterou significativamente nas últimas duas décadas, com os setores da agricultura, da indústria e dos serviços a representarem, em média, 16, 33 e 51%, respetivamente, do PIB global de África entre 2000 e 2022. Estes níveis são semelhantes aos registados na década de 1990”, recorda.
Também o emprego na indústria transformadora “tem vindo a diminuir devido a uma desindustrialização prematura”, já que, “apesar do aumento do número de empregos”, de 20,2 milhões em 2000 para 33,3 milhões em 2021, “o setor contribui com menos de 10% do emprego total”.
O Grupo BAD conta com 81 Estados-membros, entre 53 países africanos e 28 países fora do continente, incluindo Portugal.