Presidente diz que portugueses preferem “a certeza possível” ao “risco”

Da Redação
Com Lusa

O Presidente da República defendeu que os portugueses “continuam a preferir a certeza possível ao risco difícil de medir”, evitando assim o “populismo discursivo e estratégico”, e apelou a uma democracia mais assente na “coesão social e ética”.

A discursar na conferência que assinalou os 131 anos do Jornal de Notícias, no Porto, Marcelo Rebelo de Sousa deixou um apelo para que o país não se “deixe adormecer” porque os problemas “continuam lá”.

“Essa atenção à proximidade efetiva, não de aparência ou de oportunidade, somada ao bom senso e maturidades populares, à experiência de uma longa e rica história, e mais perto de nós, à vivência de crises, de ilusões e desilusões, poderá talvez explicar porque motivos os portugueses parecem continuar a preferir a certeza possível ao risco difícil de medir, a contenção dos propósitos e dos gestos à crispação e à violência verbal, a segurança, com maior ou menor paixão, às aventuras apelativas com contornos demasiado indefinidos”, considerou o chefe de Estado.

Marcelo Rebelo de Sousa disse ser “compreensível que assim seja” mas avisou que “tal não deve deixar adormecer perante os problemas que continuam lá e que noutros lugares têm provocado abalos e convidado a ruturas sistêmicas”.

O Presidente pretende um país “atento à democracia” e aos “pilares que a sustenta” e enumerou alguns: “um poder local que seja enraizado e sólido, muito próximo das pessoas, isento, honesto, transparente eficaz, mas que tenha os meios adequados ao que deles se espera, um rede de instituições de solidariedade social, Forças Armadas respeitadas pelo poder politico e prestigiadas interna e externamente, forças de segurança portadoras e merecedoras da confiança dos portugueses, comunicação social livre, corajosa e crítica, sociedade civil forte”, apontou.

O chefe de Estado deixou ainda outro apelo: “Atravessando convergências futuras de regime, as preocupações com a coesão social e ainda mais acima com a ética. Que a coesão social, e sobretudo e ética pessoal e social, possa estar cada vez mais presente no Portugal ao espelho”, salientou.

Questionado, já na rua e entre os habituais beijos e pedidos de ajuda em casos pessoais de alguns cidadãos, Marcelo deixou um recado final, baseado na música dos Heróis do Mar, o Inventor.

“Aquilo é um poema evocativo do que é a nossa capacidade em cada momento histórico de nos recriarmos. E recriar agora significa construir um futuro como um país espalhado pelo mundo, que tem qualidades excecionais, que tem um papel a representar na Europa e fora da Europa, que implica visão a longo prazo, humildade e desprendimento”, respondeu.

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