Da Redação
Com Lusa
O Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, assinalou nesta sexta-feira que Portugal tem uma “política externa muito consistente”, destacando o fato do país conseguir exercer “um papel de ponte” entre estados e continentes.
“Nós temos uma politica externa muito consistente. É muito antiga, é muito coerente, vai para além de Presidentes da República e de primeiros-ministros, e de ministros dos Negócios Estrangeiros e de Governos e isso é muito bom porque os nossos aliados, os nossos parceiros e os nossos amigos sabem aquilo com que podem contar”, afirmou o chefe de Estado português.
Marcelo Rebelo de Sousa falava durante a reunião anual do Conselho da Diáspora, do qual é também presidente honorário, uma cerimônia que decorreu no Palácio da Cidadela, em Cascais, distrito de Lisboa.
“Os aliados sabem que são aliados e que não há o risco de nós os trocarmos por parceiros, os parceiros sabem que vão ser parceiros e, dificilmente, serão aliados, e os amigos são amigos e os irmãos são irmãos, portanto a fraternidade na base da língua ou do percurso histórico ou da cultura e de outros laços existe, como a nossa fraternidade em termos familiares”, defendeu o chefe de Estado, assinalando que, na sua opinião, “não se pode transformar em irmãos quem é parceiro ou quem é aliado”.
Discursando perante uma audiência onde se incluía o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, o Presidente da República assinalou que “neste mundo de hoje é muito importante saber-se aquilo que se conta quando se pensa em Portugal, e todo o mundo sabe aquilo com que conta”.
“A nossa vocação é sermos uma plataforma entre culturas, civilizações, continentes e oceanos” porque Portugal integra várias organizações internacionais, atirou, notando que por isso os portugueses são “cada vez mais importantes” porque o “mundo neste momento não está numa onda de plataformas e, haver quem posa ser uma plataforma é uma raridade”.
Na ótica de Marcelo Rebelo de Sousa, “o multilateralismo não está na moda, está na moda o unilateralismo” por causa “das crises nos sistemas políticos de vários estados” e da “complexificação do mundo, isto é, do panorama internacional”.
E isto “não é bom porque não dá para resolver as alterações climáticas, não é bom porque não dá para resolver o terrorismo, não é bom porque não dá para resolver o panorama do equilíbrio de poderes à escala mundial, não é bom para o direito internacional, não é bom para as organizações internacionais de vocação universal, não é bom, mas é o que é”, elencou.
Na ocasião, o chefe de Estado aproveitou também para referir-se especificamente ao continente africano, considerando que “não é um continente morto, é um continente vivo e fundamental”.
Falando aos jornalistas no final da cerimônia, o Presidente destacou o papel de Portugal em conseguir formar pontes pelo mundo.
“Nós, neste mundo em que cada um puxa para seu lado e está muito difícil haver entendimentos sobre o ambiente, sobre o clima, sobre refugiados, sobre migrações, sobre guerras e sobre paz, Portugal consegue ter um papel de ponte, que é fundamental”, afirmou.
Para Marcelo Rebelo de Sousa, os conselheiros, “que são influentes por todo o mundo, além dos que são influentes cá dentro, podem ajudar a essa ponte na Europa, na América, na Ásia, na África, na América Latina”.
“E foi um bocadinho disso que eu falei, porque é essa a missão de Portugal neste momento, numa altura em que muito pouca gente pode fazer as pontes que fazemos”, destacou.
No seu discurso o Presidente salientou ainda que “o sistema político português tem mostrado resiliência superior” face a outros países europeus, por exemplo, mas apontou que “toda a prevenção é pouca”.
“Não há sistema político que seja virtuoso se houver um desequilíbrio muito grande entre os universos que compõem esse sistema político”, alertou.
Apontando que “os sistemas políticos fazem-se de alternativas”, Marcelo Rebelo de Sousa apontou que não há “nada pior que um sistema político que afunila a possibilidade de alternativas”.
“Temos que evitar isso, foi por aí que noutros sistemas políticos europeus irromperam tensões antissistema”, vincou.