Da Redação
Com Lusa
O Presidente de Portugal considerou esta sexta-feira que o mundo atravessa tempos difíceis em matéria de direitos humanos, “ameaçados por formas veladas e sutis de ditaduras”, e criticou a indiferença do hemisfério Norte face ao Sul.
Marcelo Rebelo de Sousa, que falava na cerimônia de entrega do Prêmio Norte-Sul do Conselho da Europa 2018, na Sala do Senado da Assembleia da República, descreveu Portugal como “uma pátria de migrantes”, onde existe “um consenso absoluto em matéria de defesa de direitos humanos”.
“Em Portugal há um consenso absoluto em matéria de defesa de direitos humanos, de defesa do papel do Conselho da Europa, de defesa dos direitos dos migrantes. Somos uma nação de migrantes, somos uma pátria de migrantes, dos que partem e dos que chegam”, afirmou.
Em seguida, o chefe de Estado rejeitou a ideia de uma Europa homogênea, contrapondo que “não há europeus puros” e que “a Europa só é grande porque é um cruzamento de culturas e de civilizações, inumeráveis, incontáveis”.
Na cerimônia, o Presidente da República entregou o Prêmio Norte-Sul do Conselho da Europa 2018 à ativista dos direitos das mulheres Jaha Mapenzi Dukureh, nascida na Gâmbia, e ao político ecologista francês Damien Carême, defensor dos direitos dos refugiados.
Na sua intervenção, Marcelo Rebelo de Sousa disse que este prêmio “é um legado de uma Europa aberta, de uma Europa generosa, de uma Europa ecumênica – o contrário da Europa fechada, da Europa xenófoba, da Europa hipernacionalista, da Europa autocontemplativa” e de ser uma oportunidade para se fazer “o ponto da situação dos direitos humanos”.
“Vivemos tempos difíceis, digamo-los sem eufemismos. No domínio da consagração, mas sobretudo da prática do respeito quotidiano dos direitos humanos, ameaçados por formas veladas e sutis de ditaduras, questionados por posições ou manifestações radicais ditas populistas, baseadas num discurso da intolerância, da recusa do outro, da não aceitação da diferença, da negação do pluralismo”, considerou, sem nomear ninguém.
Depois, criticou “a indiferença com que tantas vezes o Norte olha para o Sul”, e reiterou a mensagem de que o diálogo com o Sul “tem de ser uma prioridade para a Europa”.
Dirigindo-se aos premiados, o Presidente da República apontou-os como personalidades que “se completam nas suas lutas” e que constituem “exemplos virados para o futuro”.
Marcelo Rebelo de Sousa elogiou Damien Carême pela forma como se bateu “por uma França mais solidária para os imigrantes” e Jaha Mapenzi Dukureh pelo seu “exemplo na luta que mantém e que projeta contra práticas arcaicas e desprezíveis como a mutilação genital feminina e os casamentos precoces e forçados”.
“Foi devido ao seu permanente empenho que a Gâmbia em 2016 prescreveu a prática mutilação genital feminina”, salientou, manifestando a sua admiração pela “liderança e juventude” da ativista.
O Conselho de Europa é uma organização internacional de promoção dos direitos humanos fundada em 5 de maio de 1949, com 47 Estados-membros, incluindo todos os países da União Europeia.
1 comentário em “Presidente de Portugal: “Vivemos tempos difíceis ameaçados por formas veladas e sutis de ditaduras””
Esse sistema semipresidencialista em Portugal e magnifico. Dá pro PNR ser perpetuar no poder alternando entre presidente(poder moderador) e o primeiro-ministro(poder executivo). Aqui no Brasil estamos só esperando a momento certo para aplicar o mesmo tipo de regime semipresidencial que tem na Rússia seguindo esse princípio ai de 4 poderes. Nós da direita temos grandes planos para Portugal quanto mais se aproximamos isso fica mais evidente hahahahaha. Estamos esperando aquele velho Portugal ressurgir bolsonaristas e salazaristas união somos todos camaradas.