Da Redação
Com Lusa
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, exortou os jovens que combatem ao lado dos grupos armados rebeldes em Cabo Delgado, norte do país, a regressarem a casa, assegurando-lhes proteção.
“Sobre o terrorismo em Cabo Delgado, usamos esta ocasião para, mais uma vez, chamar à consciência dos nossos concidadãos, na sua maioria jovens entre os 14 e 20 anos, a não hesitar em retornar às suas famílias”, declarou Filipe Nyusi.
Nyusi falava numa comunicação à nação, por ocasião do feriado do Dia dos Heróis Moçambicanos, que se assinala hoje.
“Sabemos que [os jovens arrependidos] não têm coragem [de voltar às suas comunidades] por receio de retaliação, mas nós instruímos as estruturas locais e as Forças de Defesa e Segurança para os receberem em harmonia”, avançou.
A ação de grupos armados em Cabo Delgado, prosseguiu, constitui um desafio para a manutenção da paz e segurança no país.
Filipe Nyusi apontou ainda os ataques da Junta Militar, uma dissidência armada da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição, como um obstáculo para a preservação da paz na região centro do país.
“A outra afronta à paz são os ataques, em pontos localizados das províncias de Manica e Sofala, pela Junta Militar da Renamo”, salientou.
Nyusi apelou ao grupo para aderir ao processo de desarmamento, desmobilização e reintegração (DDR) acordado com a direção da Renamo e com o apoio da comunidade internacional, para o fim de constantes ciclos de violência armada entre as forças governamentais e os antigos membros do que foi o braço armado do principal partido da oposição.
“Apelamos, mais uma vez, à Junta Militar da Renamo para ganhar a consciência de que a solução mais acertada é juntar-se ao DDR”, enfatizou o chefe de Estado moçambicano.
A violência armada em Cabo Delgado está a provocar uma crise humanitária com mais de duas mil mortes e 560 mil pessoas deslocadas, sem habitação, nem alimentos, concentrando-se sobretudo na capital provincial, Pemba.
Algumas das incursões de insurgentes passaram a ser reivindicadas pelo grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico desde 2019.
Os ataques da Junta, liderada por Mariano Nhongo, antigo líder de guerrilha da Renamo, já provocaram a morte de, pelo menos, 30 pessoas desde agosto de 2019.
O grupo contesta a liderança do partido e as condições para a desmobilização decorrentes do Acordo de Paz e Reconciliação Nacional, assinado a 06 de agosto de 2019 entre o Governo e a Renamo.