Presidente de Cabo Verde acompanha incidentes no bairro da Jamaica em Portugal

Foto Residentes do Bairro da Jamaica, Seixal, 23 de janeiro de 2019.  MÁRIO CRUZ/LUSA

Da Redação
Com Lusa

O Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, disse estar a procurar “informações concretas” sobre os incidentes entre moradores e a polícia no bairro da Jamaica, Portugal, onde vivem cidadãos de origem cabo-verdiana.

Jorge Carlos Fonseca escolheu a sua rede social para anunciar que está a seguir os acontecimentos no bairro da Jamaica, com vários moradores de origem cabo-verdiana e onde no domingo se registraram incidentes entre a PSP e moradores, dos quais resultaram feridos cinco civis e um polícia, sem gravidade, tendo sido detida uma pessoa, já liberada.

“Acompanho e procuro informações concretas relativas ao sucedido no bairro da Jamaica, Seixal, Portugal”, lê-se na mensagem do chefe de Estado cabo-verdiano.

O Ministério Público abriu um inquérito aos incidentes no bairro da Jamaica e a PSP abriu um inquérito para “averiguação interna” sobre a “intervenção policial e todas as circunstâncias que a rodearam”.

No domingo de manhã, a PSP foi chamada a Vale de Chícharos, mais conhecido como bairro da Jamaica, após ter sido alertada para “uma desordem entre duas mulheres”, o que resultou no ferimento, sem gravidade, de cinco civis e de um agente.

Devido a esta ocorrência, realizou-se uma manifestação em frente ao Ministério da Administração Interna, em Lisboa, que resultou em quatro detenções por apedrejamento aos agentes da PSP, incêndios a caixotes e viaturas na zona de Loures e Odivelas, e lançamento de ‘cocktails Molotov’, em Setúbal.

Retomando

O ambiente no bairro da Jamaica, no Seixal, distrito de Setúbal, já se encontra mais tranquilo e, apesar de perdurar a “revolta” contra os agentes da PSP, os moradores negam o envolvimento na manifestação em Lisboa.

“É sensivelmente de revolta pelos acontecimentos que sucederam […], mas estamos a tentar retomar o dia-a-dia normalmente. A vida continua, apesar do que aconteceu no domingo”, disse um dos membros da Associação de Desenvolvimento Social de Vale de Chícharos à agência Lusa.

Vanessa Coxi vive no bairro e é familiar de alguns dos moradores que participaram no incidente, tendo garantido que “não foi atirada nenhuma pedra” aos agentes da PSP e que a situação piorou após “terem colocado os sogros ao barulho”.

“Quando a minha cunhada bateu no polícia, foi porque ele já tinha batido na mãe dela. Não há ninguém que consiga ver uma pessoa a bater nos pais e ficar quieto”, referiu.

Também Vital Pedro, morador no bairro há quase 20 anos, confirmou que estas situações com a polícia são recorrentes na Jamaica, mas que desta vez “foi muito violento”.

No interior de um dos edifícios com fachada em tijolo foi possível falar com Gina Coxi, uma das jovens que esteve na origem do confronto e que demonstrou uma grande revolta.

“A única coisa que eu quero mesmo é justiça. Quero que percam o cargo que têm e sejam presos. Nós estamos muito revoltados, eu estou muito revoltada e não consigo ir trabalhar. Não consigo nem movimentar o pescoço. […] Eles arrancaram-me o cabelo, pisaram-me e um deles chamou-me nomes”, referiu.

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