Novo negócio pode ser o caminho para um “grande operador de telecomunicações de língua portuguesa”. A PT adquiriu uma participação de 22,4% na brasileira Oi, por 3,65 bilhões de euros, após vender à Telefonica a parte que tinha na Vivo por 7,5 bilhões de euros.
>> Portugal – O presidente do conselho de administração da PT, Henrique Granadeiro, conversa com Zeinal Bava, presidente executivo da PT, durante a conferência de imprensa de apresentação do negócio com a Oi, Lisboa, 28 de julho de 2010. A PT revelou ter chegado a acordo com a Telefónica para a venda da fatia que detinha na Vivo por 7,5 mil milhões de euros, e que vai entrar na operadora Oi com uma participação de 22,4 por cento, oferecendo um preço de 3,65 mil milhões de euros.
Mundo Lusíada Com Portugal Digital
“Estamos no Brasil para ficar 500 anos”, reafirmou o presidente executivo da Portugal Telecom (PT), Zeinal Bava, em entrevista ao “Diário de Notícias”, indicando que o grupo não está preocupado com o curto prazo.
Zeinal Bava assegura que na nova parceria com a Oi “a relação com os acionistas brasileiros é muito boa, criou-se um ambiente de empatia nas negociações e há um capital de confiança muito importante”. Para o executivo português, “as pessoas desejam ter a PT como parceira porque não se sentem ameaçados mas acompanhados por quem percebe do setor e pode criar valor”.
A PT estabeleceu um acordo para vender a sua posição de 50% na Brasilcel, controladora da Vivo, à espanhola Telefónica. E ao mesmo tempo negociou com os atuais acionistas da Oi a entrada no capital da operadora, com uma participação de cerca de 22%. Os negócios estabelecidos pela PT dão ao grupo português um encaixe de 7,5 bilhões de euros, dos quais 3,75 bilhões serão investidos na aquisição de parte da Oi. A outra metade deverá ser utilizada para reduzir a dívida da PT e ainda distribuir um dividendo especial aos acionistas.
A PT consegue, assim, permanecer em operação no mercado brasileiro. Zeinal Bava destacou, na entrevista publicada pelo “Diário de Notícias”, que “há uma proximidade cultural grande entre Portugal e Brasil”. “Penso que a diplomacia econômica, o projeto à volta da língua portuguesa e a ideia de que podem ser criados projetos luso-brasileiros com ambição regional e global têm sido muito úteis para fazer essa aproximação”, referiu o CEO da PT.
PT vai fazer da Oi “um caso de sucesso”
Em declarações à imprensa, Zeinal Bava disse ainda que a empresa vai “transformar a Oi num caso de sucesso”, que “já o é na realidade”, acrescentou. E que os planos do grupo português, associado no Brasil à Oi, incluem a expansão para a América Latina. Segundo o presidente da PT, esta era uma área onde o grupo português não podia entrar, até agora, devido à parceria que mantinha com a espanhola Telefónica na operadora Vivo, pois não poderia concorrer com o grupo espanhol, presente nos mercados latino-americanos.
De acordo com Bava, “foi a PT que potenciou a banda larga no Brasil” e a Vivo tem as impressões digitais do grupo português. Setores do governo brasileiro consideram que a entrada da PT na Oi é uma injeção de capital que vai impulsionar a banda larga e poderá ajudar à expansão da empresa brasileira de telecomunicações para o exterior, em especial para países africanos, onde a operadora portuguesa já atua. Salientam também que os capitais brasileiros continuam a ter o controle de empresa.
O primeiro ministro português também afirmou que o investimento que será feito na Oi visa desenvolver a empresa brasileira e a constituição “de um grande operador de telecomunicações de língua portuguesa”, e elogiou o presidente do Brasil, dizendo que sempre apoiou a presença da PT no mercado brasileiro. “O presidente Lula já por diversas vezes se referiu à importância que tem para o Brasil a presença da PT no mercado brasileiro. Julgo que a visão dos dois países, que querem juntar forças para fazer parcerias na área das telecomunicações e para afirmar a língua portuguesa, corresponde a uma vocação e uma ambição de sempre dos dois governos”, declarou José Sócrates.
A Comissão Europeia manifestou-se “satisfeita” pelo “negócio Vivo ter ido para a frente”, depois de, numa primeira fase, o governo português ter inviabilizado a operação através da “golden share” que detém na PT. O Estado português utilizou o recurso há um mês para vetar a compra dos 50% que detinha na operadora brasileira pela Telefónica. O Tribunal de Justiça da União Europeia, em 08 de julho, concluiu que a detenção de “golden shares” por parte do Estado português “constitui uma restrição não justificada à livre circulação de capitais”, dando razão à Comissão Europeia.