Presidente da Câmara do Funchal vai renunciar ao cargo

FOTO HOMEM DE GOUVEIA/LUSA

Da Redação com Lusa

O presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado (PSD), vai renunciar ao cargo, depois de ter sido detido no âmbito de uma investigação a suspeitas de corrupção na Madeira, anunciou hoje o seu advogado.

“Vai renunciar, sim. Entendeu que era a medida adequada face às atuais circunstâncias”, afirmou aos jornalistas o advogado Paulo Sá e Cunha, no Campus de Justiça, em Lisboa.

O advogado falava à saída do Tribunal Central de Instrução Criminal, no Campus de Justiça, onde as diligências judiciais para ouvir os três detidos na quarta-feira por suspeitas de corrupção na Madeira, entre os quais o presidente da Câmara do Funchal, mas sem avançarem formalmente com o interrogatório.

Os interrogatórios “não começaram formalmente”, Paulo Sá e Cunha, pelas 14:40, quando saiu do tribunal, indicando que os trabalhos serão retomados segunda-feira no Campus de Justiça, em Lisboa.

Durante as quase cinco horas de diligências judiciais, com a presença dos três suspeitos de corrupção na Madeira e os respectivos advogados, bem como o juiz Jorge Bernardes de Melo e procuradores do Ministério Público, foi notícia que o presidente da Câmara do Funchal vai renunciar ao cargo.

O advogado Paulo Sá e Cunha confirmou a renúncia de Pedro Calado ao cargo, explicando que o autarca “entendeu que nas atuais circunstâncias deveria renunciar ao cargo público que desempenha”.

O mandatário de Pedro Calado assegurou que essa decisão “não é manobra absolutamente nenhuma” para evitar uma medida de coação mais gravosa, nomeadamente prisão preventiva.

Sem avançar sobre qual será a estratégia de defesa, Paulo Sá e Cunha criticou a situação de detenção por “tempo excessivo”, reforçando que é uma privação de liberdade.

Na quarta-feira, na sequência de cerca de 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias efetuadas pela PJ sobretudo na Madeira, mas também nos Açores e em várias zonas do continente, foram detidos o presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado (PSD), o líder do grupo de construção AFA, Avelino Farinha, e o CEO e principal acionista do grupo ligado à construção civil Socicorreia, Custódio Correia, que é sócio de Avelino Farinha em várias empresas, segundo disse à Lusa fonte da investigação.

As detenções de dois empresários e do autarca do Funchal surgiram na sequência de uma operação que também atingiu o presidente do Governo Regional (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, que foi constituído arguido e anunciou que vai abandonar o cargo, apesar de inicialmente ter afirmado que não se demitia.

Em causa estão suspeitas de corrupção ativa e passiva, participação econômica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência, segundo a PJ.

Câmara do Funchal

A porta-voz da PAN defendeu hoje uma solução de estabilidade na Madeira e recusou uma “solução a prazo”, dizendo que, nessa situação, o partido “seria o primeiro a pôr fim ao acordo” para viabilizar o Governo com PSD e CDS.

“Uma solução de penso rápido não servirá para o PAN”, declarou Inês Sousa Real, que falava aos jornalistas à margem da manifestação pelo direito à habitação, em Lisboa.

Acerca da crise na Madeira, Inês Sousa Real garantiu que o PAN “está disponível para garantir a estabilidade governativa”, impondo como condição a renúncia do ainda Presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, por forma a garantir a “confiança dos cidadãos na política”.

O PS/Madeira defendeu hoje que, face à renúncia do presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado, devem ser marcadas eleições intercalares no principal município da região, governado pela coligação PSD/CDS.

“Perante a inevitável renúncia de Pedro Calado ao cargo de presidente da Câmara Municipal do Funchal, o PS/Madeira vem defender a realização de eleições intercalares”, afirmam os socialistas madeirenses, numa nota enviada à agência Lusa assinada pela secretária-geral, Marta Freitas.

Para o PS/Madeira, “o atual executivo, liderado por Pedro Calado, deixou de ter condições para se manter em funções e não pode continuar a governar a cidade do Funchal”.

Na mesma nota, o partido considera que os restantes elementos do atual executivo devem também “renunciar às respetivas funções, para que os eleitores possam escolher nas urnas o próximo presidente da Câmara do Funchal”.

O executivo camarário do Funchal é composto por seis vereadores da coligação PSD/CDS-PP e cinco do PS. Cristina Pedra é atualmente a vice-presidente da autarquia.

Na segunda-feira, o PSD/Madeira vai reunir o Conselho Regional para escolher o nome de uma personalidade para liderar o executivo, de coligação PSD/CDS, com o apoio parlamentar da deputada única do PAN, o que garante maioria absoluta ao Governo Regional na Assembleia Legislativa.

 

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