Mundo Lusíada com Lusa
O Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, aceitou um convite de Marcelo Rebelo de Sousa para visitar Portugal em março do próximo ano, em que se celebra o 50º aniversário do 25 de Abril.
O chefe de Estado sul-africano falava em conferência de imprensa no palácio presidencial Union Buildings, sede do Governo na capital, Pretória, no final de conversações com o seu homólogo português no âmbito de uma visita de Estado à África do Sul. Marcelo Rebelo de Sousa chegou na segunda-feira à África do Sul, onde fica até quinta-feira, para comemorar o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
“O Presidente [Marcelo Rebelo] de Sousa é muito persuasivo se é que não notaram, ele estendeu o convite e mencionou algumas vezes desde que chegou aqui [ao palácio], mesmo durante o nosso encontro ‘tête-à-tête’, e eu não tinha outra escolha senão aceitar”, declarou Ramaphosaç.
O chefe de Estado sul-africano referiu que “adoraria” visitar Portugal por “várias razões”, destacando: “Irei para celebrar a minha própria liberdade, porque fui preso pelo que aconteceu no vosso país, e irei lá para dizer que agora estou livre”.
“Também para celebrar as mudanças e a revolução que aconteceu”, acrescentou. “Enquanto as pessoas celebravam a libertação de Moçambique, [o regime do ‘apartheid’] decidiram prender-me. Por isso, estamos ligados”, contou Ramaphosa a Marcelo Rebelo de Sousa.
O líder sul-africano sublinhou que será o primeiro Presidente da República da África do Sul a realizar uma visita de Estado a Portugal, “que por si só é importante”, salientando também que pretende aproveitar a oportunidade para “reforçar o relacionamento” que existe “entre os dois países”.
“Há muitas razões pelas quais gostaríamos de ir, mas eu aceitei”, concluiu.
O Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), no poder desde 1994 na África do Sul, e de que Cyril Ramaphosa é também presidente, enfrenta em abril do próximo ano o seu maior desafio eleitoral nas eleições gerais desde o advento da democracia no país.
50 anos 25 Abril
Em declarações perante a comunicação social, tendo ao seu lado Cyril Ramaphosa, antes de um encontro entre as respetivas delegações, o chefe de Estado português convidou-o a visitar Portugal, em março ou abril, “muito agradáveis em Portugal”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa.
“Portugal gostaria muito de o ter num ano como o próximo, em celebramos o 50.º da revolução de 1974, que foi o começo de um longo processo”, acrescentou.
O chefe de Estado português voltou a mencionar que 2024 será o ano em que Portugal celebra “cinco décadas de liberdade e democracia”, e considerou que o 25 de Abril está ligado “às independências de países irmãos de língua portuguesa, mas de algum modo também à luta democrática na África do Sul contra o ‘apartheid'”.
Defesa
O chefe de Estado português associou o acordo de Defesa entre Portugal e a África do Sul assinado hoje em Pretória à situação de insegurança no norte de Moçambique, e dissociou-o da guerra na Ucrânia.
Interrogado sobre o que motivou a assinatura de um acordo bilateral em matéria de Defesa, na atual conjuntura internacional, entre um país membro da OTAN, Portugal, e a África do Sul, que se declara “não alinhada” em relação à guerra na Ucrânia, o chefe de Estado respondeu que “o mundo e o tempo não acabam” nesse conflito.
“Embora seja obviamente muito importante, é evidente que há outros cenários a exigir intervenção para a manutenção da paz ou para a construção da paz, e cenários nos quais estamos envolvidos já”, acrescentou.
Marcelo Rebelo de Sousa destacou o caso da “atual cooperação portuguesa com Moçambique no domínio de apoio à garantia da afirmação da plena integridade territorial, da soberania do Estado e da segurança atingida por ataques terroristas no norte de Moçambique”.
“A República da África do Sul tem desempenhado aí uma missão no quadro de uma iniciativa africana mais vasta”, referiu.
“Mas, para além disso, nós estamos preocupados com situações de em manutenção da paz e da segurança em todos os continentes”, acrescentou.
A delegação portuguesa no palácio presidencial incluiu a ministra da Defesa, Helena Carreiras, o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Paulo Cafôfo, os deputados Carlos Pereira, do PS, António Maló de Abreu, do PSD, Rui Paulo Sousa, do Chega, Carlos Guimarães Pinto, da Iniciativa Liberal, e João Dias, do PCP, e o embaixador de Portugal em Pretória, José Costa Pereira.
Esta visita oficial aconteceu a meio das comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas na África do Sul, a que Marcelo Rebelo de Sousa deu início na segunda-feira, na Cidade do Cabo, e que irão prosseguir na quarta-feira, em Joanesburgo e Pretória, com a participação do primeiro-ministro, António Costa.