Presidente aprova novas barragens e 174 milhões de euros para combater seca no sul de Angola

Da Redação
Com Lusa

O Presidente angolano aprovou um pacote financeiro de 174 milhões de euros para combater os “efeitos destrutivos” da seca que há quatro anos assola a província do Cunene, no sul do país, incluindo a construção de duas barragens.

Um comunicado divulgado pela Casa Civil do Presidente da República angolano refere que, por despacho presidencial, João Lourenço ordenou aos vários setores para que “desencadeiem, de imediato, os procedimentos de contratação, por concurso público”, dos serviços para a edificação de um conjunto de obras com aquele fim.

“Em concreto, o Presidente da República orientou que se construa um sistema de transferência de água do rio Cunene que partirá da localidade de Cafu até Shana, nas áreas de Cuamato e Namacunde, destinando para a obra o valor em kwanzas (moeda nacional) equivalente a 80 milhões de dólares (69,5 milhões de euros)”, lê-se no documento.

Um segundo projeto prevê a construção de uma barragem na localidade de Calucuve e o seu canal adutor associado, num custo global de 60 milhões de dólares (52,1 milhões de euros), no seu correspondente em moeda nacional.

Segundo o comunicado, o despacho destina ainda 60 milhões de dólares (52,1 milhões de euros) para a construção de uma outra barragem e o respetivo canal adutor, na localidade de Ndue.

“Além do concurso público para se encontrar empresas que possam edificar as obras anunciadas, o Presidente João Lourenço determina também no seu despacho que sejam contratados os necessários serviços de fiscalização”, termina o documento enviado pela Casa Civil do chefe de Estado angolano.

A 24 de março, o ministro da Energia e Água angolano, João Baptista Borges, anunciou que o Governo vai dar início à construção de barragens hídricas para minimizar os efeitos da grave seca que assola o sul de Angola há pelo menos quatro anos.

Na ocasião, Baptista Borges indicou que serão construídas as duas barragens próximas de Cuvelai, junto ao Parque Nacional de Mupa, de forma a resolver o problema estrutural da seca na província do Cunene.

A intenção é, acrescentou, acumular água para o consumo das populações e do gado, bem como para a irrigação dos campos agrícolas, devendo, nos próximos dias ser lançado o respetivo concurso público para a adjudicação da empreitada, que terá de estar concluída no prazo de três anos.

O governante adiantou que irá também ser construído um canal de transvaze de água na zona do Cafu para a de Oshanas, ainda no Cunene, província que o governo provincial considerou em “estado de calamidade” em fins de fevereiro passado.

“Tratam-se de soluções técnicas de engenharia que passarão pela transferência de caudais, com a retirada de água em zonas com alguma abundância para zonas com grandes défices”, sublinhou.

A 26 de fevereiro último, o vice-governador da província do Cunene, Édio Gentil José, decretou o “estado de calamidade” devido à seca, que continua a afetar mais de 285.000 famílias, pedindo a Luanda mais apoios e a definição de estratégias para mitigar o fenómeno.

“Estamos a falar de um total de 285.000 famílias afetadas em toda a província. Continuamos a somar porque, enquanto não chove, os números têm tendência para aumentar. A província atravessa um dos piores momentos de seca”, disse.

Em janeiro, em declarações à agência Lusa, o padre angolano Félix Gaudêncio lamentou a “preocupante situação” da seca e fome no Cunene, defendendo “soluções urgentes”, como a construção de reservatórios de água.

Na altura, o padre católico deu conta de que “a maior parte” da província já estava afetada pela seca e “sem qualquer perspetiva” para o início do ano agrícola, “agudizando a carência de comida e água” para o consumo humano e dos animais.

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