Da Redação
Com Lusa
O Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou que “a presidência da União Europeia (UE) por Portugal, no primeiro semestre de 2021, terá uma Cimeira entre Europa e África”.
Marcelo Rebelo de Sousa falava numa conversa com o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, na segunda edição do “EurAfrican Forum”, uma iniciativa da associação Conselho da Diáspora Portuguesa, no Campus de Carcavelos da Universidade Nova de Lisboa.
O chefe de Estado referiu que “o Governo português já disse” que haverá uma Cimeira UE/África no primeiro semestre de 2021, embora esse anúncio ainda não tivesse sido feito publicamente.
Segundo o Presidente da República, isso está assegurado, “qualquer que seja o Governo português saído das próximas eleições” legislativas, marcadas para 06 de outubro.
“A presidência da União Europeia por Portugal no primeiro semestre de 2021 terá uma cimeira entre Europa e África Terá, como já teve uma vez, sob a presidência portuguesa”, afirmou, considerando que isso “não é por acaso”.
O primeiro-ministro, António Costa, já tinha declarado, no início deste ano, que “a próxima presidência portuguesa da União Europeia, em 2021, terá como tema fundamental o das relações entre a União Europeia e continente africano”.
A primeira cimeira UE/África foi promovida por Portugal, durante a presidência portuguesa do Conselho da União Europeia, e realizou-se no Cairo, em 2000.
Em 2007, novamente durante a presidência português da UE, Lisboa acolheu a segunda edição destas cimeiras, seguindo-se Trípoli, em 2010, e Bruxelas, em 2014. A última Cimeira UE/União Africana decorreu em Abidjan, em 2017.
Apoios Moçambique
O Presidente de Moçambique disse que “muitos dos apoios anunciados” para apoiar as vítimas dos ciclones ainda não chegaram ao país, mas sem precisar o montante.
Na conversa com o Marcelo Rebelo de Sousa, Nyusi afirmou que as ajudas “têm de chegar para se começar a reconstruir o país, para não ficar por anúncios bombásticos e bonitos que não chegam”.
“Precisamos de acomodação para as pessoas que perderam as suas casas, estamos a reassentar em zonas diferentes para puxar mais para cima”, referiu, como exemplos de trabalhos que têm de ser feitos na fase de reconstrução, referindo que isso exige a chegada de mais apoios ao país.
Para o Presidente de Moçambique, a população afetada “não precisa muito de comida, precisa de enxada, precisa de semente. O pescador precisa de anzol, não precisa do peixe”.
Filipe Nyusi reafirmou também o seu empenho em que todo o processo de utilização dos apoios chegados ao país seja transparente. “Queremos mostrar grande transparência e, isso, podem ir ver ao INGC para onde foram distribuídos”, afirmou Nyusi.
O ciclone Idai atingiu o centro de Moçambique em março e provocou 604 mortos, afetando cerca de 1,8 milhões de pessoas.
Pouco tempo depois, Moçambique voltou a ser atingido por um ciclone, o Kenneth, que se abateu sobre o norte do país em abril, matando 45 pessoas e afetando outras 250.000.
No primeiro dia do Euroafrican Fórum, que se realiza no ‘campus’ de Carcavelos da School of Business and Economics (SBE), os presidentes da República de Portugal e de Moçambique participaram numa conversa sobre o futuro das relações entre a Europa e África.
Estão previstas ainda intervenções do ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, do diretor-geral da Organização Internacional para as Migrações (OIM), António Vitorino, que abordará a questão dos fluxos migratórios, e de Durão Barroso, presidente do Fórum e ex-presidente da Comissão Europeia.
No primeiro dia do Fórum Europa-África estão também previstas quatro sessões especiais paralelas sobre os temas: “Reconstruir Moçambique”, “Segurança, Migração e Talento”, “Ferramentas e Estratégias para a capacitação de Mulheres e Jovens” e “A Integração Econômica Europa-África e as infraestruturas digitais para África”.