Presidência Europeia: Programa cultural mostrará “a diversidade de ser português”

Mundo Lusíada
Com Lusa

O programa cultural da presidência portuguesa da União Europeia (UE), apresentado nesta terça-feira, está “completamente integrado” dentro das prioridades delineadas por Portugal e mostrará “a diversidade de ser português”, defendeu a secretária de Estado dos Assuntos Europeus.

“Esta é uma oportunidade que todas as presidências aproveitam, durante os seis meses que conduzem os destinos da Europa, para mostrar o melhor que têm na sua cultura, na sua história, na sua capacidade de inovação, na sua capacidade de superação. E isso é tudo o que nós gostaríamos de transmitir através do nosso programa cultural para a Europa no primeiro semestre de 2021”, notou Ana Paula Zacarias.

Na apresentação da programação cultural da presidência portuguesa do Conselho da UE, no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, a secretária de Estado dos Assuntos Europeus estimou que o programa permitirá “mostrar quem somos, a diversidade de ser português, o que significa sê-lo na Europa, o que significa a Europa para nós, que Europa queremos para o futuro”.

“Queremos desempenhar um papel crucial na sua construção e na sua projeção a nível mundial”, completou, considerando que o programa hoje revelado, e subordinado ao lema “Ação positiva, flexível e capaz de construir pontes”, está “completamente integrado” dentro das prioridades escolhidas pelo Governo português.

A programação que, tal como o logótipo, combina “tradição e modernidade” tem, segundo a governante, duas dimensões, subdividindo-se entre aquilo que será feito em Portugal e nas instituições europeias, em Bruxelas, e os eventos que terão lugar nas embaixadas portuguesas pelo mundo.

“São as nossas embaixadas que constroem essa capacidade de mostrar quem somos”, pontuou.

Ana Paula Zacarias aproveitou a ocasião para recordar que faltam “15 dias para a abertura da presidência portuguesa do Conselho da UE”. “Esta é a nossa quarta presidência, temos experiência acumulada, sabemos fazer”, destacou.

No entanto, reiterou, esta será “uma presidência diferente”, assumida, no primeiro semestre de 2021, “num período difícil, marcado pela pandemia e pelas consequências socioeconômicas da pandemia”.

“Felizmente que neste último Conselho Europeu todos os Estados-membros acabaram por conseguir desbloquear a aprovação dos instrumentos financeiros e isso permite-nos ter hoje uma mensagem de esperança maior para a presidência portuguesa. Ou seja, temos a visão estratégica, temos o programa e temos os instrumentos financeiros para a pôr em prática”, enumerou.

Recuperando o lema da presidência portuguesa, a governante insistiu que “é tempo de agir”, e que é “preciso alcançar resultados, trabalhar por uma recuperação que é assente na sustentabilidade, no digital, na inovação e, acima de tudo, assente no modelo social europeu”.

A presidência portuguesa da UE arranca no primeiro semestre de 2021 e tem como prioridades a Europa Resiliente, capaz de resistir a crises não apenas economicamente como ao nível dos valores europeus, a Europa Social, com o modelo social como fator de crescimento econômico, a Europa Verde, líder mundial no combate às alterações climáticas, a Europa Digital, pronta para enfrentar a transição tecnológica a nível econômico e de proteção dos direitos dos cidadãos, e a Europa Global, assente na aposta no multilateralismo.

Amália dá o pontapé

A programação cultural apresentada começa com um concerto inaugural que junta fado e orquestra, no âmbito do centenário de Amália Rodrigues, mas irá decorrer sobretudo em Bruxelas. A programação inclui cerca de 75 ações em 44 países de todo o mundo.

Além do concerto inaugural, com curadoria do Organismo de Produção Artística (Opart, que gere o Teatro Nacional de S. Carlos, a Companhia Nacional de Bailado e a Orquestra Sinfónica Portuguesa) e do Museu do Fado, e que terá transmissão na RTP, Lisboa irá também acolher a exposição “Europa, Oxalá”, realizada no âmbito do projeto Memoirs – Filhos do Império e Pós-Memórias Europeias, financiado pelo Conselho Europeu de Investigação.

Além da Fundação Calouste Gulbenkian, também o Africa Museum, em Bruxelas, e o Museu das Civilizações Europeias e Mediterrânicas (MUCEM), em Marselha, França, irão acolher a mostra.

Ao longo de 2021, estarão patentes em Bruxelas duas exposições, uma dedicada às Artes Visuais e outra à Arte Contemporânea, e duas instalações artísticas, de artistas portugueses.

“Tudo o que eu quero – Artistas portuguesas de 1900-2020”, com curadoria de Helena Freitas e Bruno Marchand, irá mostrar o trabalho de 41 artistas entre 26 de fevereiro e 23 de maio no Bozar, centro de artes na capital belga.

A mostra, que junta obras de artistas como Maria Helena Vieira da Silva, Lourdes Castro, Paula Rego, Ana Vieira, Maria Lamas, Graça Morais, Salette Tavares, Helena Almeida, Joana Vasconcelos, Maria José Oliveira, Ana Jotta e Leonor Antunes, entre várias outras, poderá ser visitada à distância, através da aplicação ‘online’ Google Arts.

A seleção será feita a partir de coleções públicas, mas também de coleções particulares e de acervos das artistas, compreendendo obras em suportes distintos como a pintura, a escultura, o desenho, o objeto, o livro, a instalação, o filme, o vídeo e o áudio.

No Parlamento Europeu estarão expostas obras da Coleção de Arte Contemporânea do Estado e da coleção de arte contemporânea do Parlamento Europeu, no âmbito da mostra “A Liberdade e a Europa: uma construção de todos”, com curadoria de David Santos.

O edifício Justus Lipsus acolherá a instalação de arte contemporânea e urbana “Commotion”, com curadoria de Alexandre Farto (Vhils), e que conta com a participação de 20 artistas.

Ainda no campo da arte urbana e contemporânea, o Edifício Europa, irá acolher a obra “Caravela Portuguesa”, de Bordalo II, que cria figuras com recurso a lixo e desperdícios.

Bruxelas será também palco da apresentação do espetáculo “By Heart”, criado e interpretado pelo diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II, Tiago Rodrigues, e que se estreou em 2013, em Lisboa, e apresentado cerca de 250 vezes em 20 países, em todo o mundo.

Em “By Heart”, Tiago Rodrigues acompanha o processo memórias e associações que se estabelecem, enquanto ajuda 10 pessoas a decorar (‘by heart’) um soneto de Shakespeare.

A Cinemateca Royale, também em Bruxelas, irá acolher um ciclo, com 20 sessões, dedicado a cineastas portugueses emergentes, organizado em parceria com a Cinemateca Portuguesa.

A programação cultural da PPUE inclui também, entre outros, concertos do maestro Rui Massena, em Roma, em janeiro, e da dupla Lina e Raül Refree, em Barcelona, em maio, e a exposição “Mundos da Lusofonia – Duo Borderlovers”, que será inaugurada no Luxemburgo, em maio.

A Temporada Cruzada França-Portugal, que deveria ter lugar em simultâneo nos dois países de julho de 2021 a fevereiro de 2022, ligando o final da presidência portuguesa à presidência francesa da União Europeia, e que contaria com uma programação comum pluridisciplinar, não só cultural mas de intercâmbio também nas áreas da investigação científica, turismo e educação, foi adiada para 2022.

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