Prejuízo final da greve na TAP deve alcançar os 35 milhões de euros

Mundo Lusíada

Ministro português da Economia, António Pires de Lima.
Ministro português da Economia, António Pires de Lima.

A TAP prevê realizar 70% dos cerca de 300 voos programados para esta quinta-feira, sétimo dia de greve dos pilotos, disse à agência Lusa uma fonte da transportadora aérea portuguesa. “O balanço é semelhante aos dias anteriores, ou seja, o rácio entre os voos realizados e cancelados permite manter a atividade da companhia na ordem percentual dos dias anteriores” disse a porta-voz da TAP, Lúcia Cavaleiro.

O ministro da Economia anunciou que nos primeiros seis dias de greve foram realizados 70% dos voos programados e foram transportadas 80% das pessoas com viagens marcadas para os dias.

Segundo o ministro, em cinco dias de greve a empresa teve um “prejuízo de 17 milhões de euros”. Pires de Lima estimou que, a manter-se a situação, o prejuízo final chegue aos 35 milhões de euros.

O governante renovou o apelo aos pilotos para continuarem a trabalhar, de modo a permitir à TAP manter os níveis de operação dos últimos dias, apesar da greve. Nos dez dias de greve, deverão ser afetados cerca de 3.000 voos e 300 mil passageiros.

“Não confundimos o caminho radical que a direção sindical tem vindo a tomar, com os pilotos que têm permitido que 70% da operação se faça independentemente da greve”, disse aos jornalistas.

Já o Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) divulgou o número de 129 voos planejados até às 15:00 (horário de Lisboa), dos quais “seis eram serviços mínimos e 46 foram cancelados”. “Estes números indicam que, ao contrário do que foi afirmado pelo Governo, o impacto da greve é de 37,4% dos voos cancelados para 62,6% realizados”, sustenta a estrutura sindical. Quanto à adesão à greve dos pilotos associados do SPAC, acrescenta, situa-se nos 80%, correspondentes a um total de 877 pilotos.

Os pilotos convocaram uma greve, para o período entre 01 e 10 de maio, por considerarem que o Governo não está a cumprir o acordo assinado em dezembro de 2014, nem um outro, estabelecido em 1999, que lhes dava direito a uma participação de até 20% no capital da empresa no âmbito da privatização.

Pires de Lima recordou o acordo assinado a 23 de dezembro pelo Governo, administração da TAP e nove sindicatos, entre os quais o dos pilotos, que levou à consagração no caderno de encargos da privatização da empresa de “um conjunto de reivindicações legítimas que os sindicatos” apresentaram. “Esperamos que o Sindicato dos Pilotos volte a respeitar a palavra do acordo que livremente subscreveu, para que a TAP, depois desta greve, recupere a confiança dos passageiros”, defendeu.

O ministro considerou que a paralisação não deverá afetar a privatização da TAP mas que a generalidade da sociedade portuguesa condena unanimemente esta greve. “Esta greve não surgiu contra a privatização da empresa, surgiu como um ultimato para reclamar um quinhão da empresas e recuperar retroativamente um conjunto de direitos, que estão consignados no acordo de dezembro e que serão cumpridos quando se efetuar a privatização”, disse.

Norte
O presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal, Melchior Moreira, voltou a pedir consenso na TAP, manifestando a sua preocupação com o impacto da greve dos pilotos em eventos na região como o Rali de Portugal.

“O Rally de Portugal, que se espera gerar 100 milhões de euros na economia local, tem equipes com voos marcados, sendo que algumas já tiveram que remarcar noutras companhias ou fazer outras opções de chegada a Portugal”, alertou o responsável em comunicado.

“Criamos uma imagem de turismo de qualidade, apresentamos um crescimento gradual e sustentado e corremos sérios riscos, neste momento, de perder o trabalho de anos de toda uma cadeia de valores”, avisou o presidente da Turismo do Porto e Norte.

Melchior Moreira teme assim os prejuízos para o país e o impacto para a região da paralisação em eventos de nível internacional, como o Rali de Portugal, e antecipa que “os efeitos no território poderão fazer-se sentir muito em breve e com repercussões danosas para a economia e mais ainda para a imagem que se cria de um país”.

O responsável lamenta ainda que os passageiros do Aeroporto Francisco Sá Carneiro sejam os mais penalizados com esta greve e critica uma paralisação de uma companhia de aviação de referência que irá contribuir “não só para uma imagem negativa do país” mas também para o “acentuado prejuízo da própria TAP e de todos os seus colaboradores”.

A 49ª edição do Rali de Portugal, prova pontuável para o mundial da especialidade (WRC), decorre entre 21 e 24 de maio, regressando às estradas do norte após 14 anos de ausência. O Rali de Portugal estende-se ao longo de quatro dias, contando com 354 quilômetros cronometrados, envolvendo 13 autarquias e um total de 16 provas especiais.

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