Portugueses aprovam imigrantes no país desde que haja emprego ou filhos

Da Redação
Com Lusa

Os imigrantes podem ficar em Portugal quanto tempo queiram, desde que haja emprego ou tenham filhos nascidos no país, segundo uma pesquisa acadêmica sobre as atitudes e os preconceitos dos portugueses face à imigração, lançada em livro, 25 de maio, em Lisboa.

O objetivo da investigação, elaborada em 2010 pelo Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica Portuguesa e coordenada por João António e Verónica Policarpo, foi analisar as atitudes e os preconceitos dos portugueses face à imigração, comparando com uma sondagem feita pelo mesmo grupo em 2004.

A pesquisa concluiu que os portugueses manifestam “uma atitude ambivalente perante a imigração”.

A “maior parte dos inquiridos reconhece o contributo dos imigrantes para o enriquecimento cultural do país” (73%) e para “a vida econômica” (61%), nomeadamente no “exercício de trabalhos menos desejados pelos portugueses”. Embora se assinale “uma ligeira contração na valorização econômica dos imigrantes”, entre a sondagem de 2004 e a de 2010.

A maioria considera igualmente que “os imigrantes devem ter mais direitos do que os que têm atualmente, nomeadamente de voto (73%), de naturalização (75%) e de reagrupamento familiar (85%)”, destaca o estudo.

Porém, ao mesmo tempo, os portugueses defendem que os imigrantes só devem permanecer em Portugal “enquanto houver trabalho ou no caso de haver já descendentes nascidos” no país.

“Pouco mais de metade dos inquiridos são favoráveis à redução do número de imigrantes”, com taxas entre os 46 e os 57%, “consoante a origem geográfica dos imigrantes”, destaca o estudo.

Por outro lado, a maioria dos inquiridos considera que “deve haver contato entre portugueses e imigrantes” – aliás, o estudo identifica este contato como um fator “relevante para a diminuição do preconceito”.

Os imigrantes devem “aprender a cultura portuguesa” e “manter a sua cultura de origem”, defendem os portugueses, menos certos na aprovação da manutenção do “modo de vida”.

Assinalando que as mulheres imigrantes sofrem de “subrepresentação e invisibilidade” na comunicação social, o estudo salienta que, quando estas são referidas, aparecem normalmente associadas à prostituição (67%) e à criminalidade (41%). Já os homens imigrantes surgem mais associados a casos de criminalidade (98%) e trabalho (38%).

De acordo com a ficha técnica da sondagem efetuada em 2010, foram inquiridos 1.830 indivíduos com 18 ou mais anos residentes em Portugal Continental, nos dias a 27 e 28 de novembro e 01, 04, 05, 08, 11, 12, 19 e 20 de dezembro de 2010.

Os resultados do estudo “Os imigrantes e a imigração aos olhos dos portugueses” foram apresentados na Fundação Gulbenkian, em Lisboa, com a presença de Feliciano Barreiras Duarte, secretário de Estado Adjunto do Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares.

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