Da Redação
Na noite de 08 de abril, a diretoria da Portuguesa de Desportos fez um Boletim de Ocorrência, com o testemunho de duas pessoas que dizem ter informações sobre fraude no resultado da partida entre Ponte Preta e Santos, jogo de domingo 05 de abril, pela última rodada da primeira fase do Campeonato Paulista, resultado que tirou a Portuguesa do G-4 e classificou o time do Santos. As acusações envolvem o zagueiro Jean, da Ponte Preta, um intermediador chamado Izildo, e um procurador chamado Marcelo. O jogador teria recebido R$ 20 mil para facilitar uma jogada a favor da equipe da Vila Belmiro.
Ainda, a diretoria da Portuguesa encaminhou uma representação ao Tribunal de Justiça Desportiva da Federação Paulista de Futebol para que todo o caso seja apurado. Em entrevista coletiva, o presidente Manuel da Lupa afirmou que a Lusa continuará acompanhando de perto os desdobramentos e cobrará as providências.
No Canindé, o presidente Manuel da Lupa falou sobre como o assunto chegou até a Portuguesa. “Ligou para mim o Sr. Fernando, de Santos, e contou a história por telefone” disse. Segundo o presidente, a mesma pessoa foi recebida pessoalmente no clube para dar esclarecimentos, em reunião com ele, o diretor jurídico e o advogado da Portuguesa. “Ele contou a história e eu perguntei se só ele sabia, ele disse que tem uma outra pessoa que estava junto”. Ao ouvir toda a história de suposto suborno, o advogado sugeriu fazer um BO, e enviar os depoimentos assinados para o TJD.
Portuguesa não acusa ninguém sem prova
De acordo com o presidente, a Portuguesa apenas encaminhou a denúncia para ser investigada, e se houve conduta de má fé ou invenção de história, os responsáveis pagarão pela ação. O clube fez gravações de todas as informações que recebeu e tem os depoimentos documentados. “A Portuguesa não pode de jeito nenhum acusar ninguém sem prova, e a Portuguesa não está acusando.
O Santos diz que notificou a Portuguesa para se retratar, retratar do quê? Não falei nada, eu estou passando o que eu recebi. A prova está aí, as pessoas que denunciaram. A justiça tem todas as condições de acarear um com o outro e ver se é verdade ou não” disse Manuel da Lupa. A única coisa que a Portuguesa ficou preocupada, disse o presidente, foi porque, no segundo tempo, o Santos entrou sete minutos depois do horário, o atraso deve gerar multa de 10 mil reais por minuto, totalizando 70 mil reais. “Foi só isso, fora disso não dissemos nada” referiu repetindo que nunca acusou o time santista, a Ponte Preta, ou o jogador Jean.
Manuel da Lupa, citando o código desportivo brasileiro, afirmou que, caso confirmado, a partida deveria ser anulada. “Se coloca no meu lugar, eu sou presidente de um clube de uma colônia, eu tenho que receber a denúncia. Se eu fico quieto, ou sou conivente ou sou incompetente, tenho que fazer minha função” disse.
Questionado pelo jornalista se esta ação seria mais para tentar moralizar o futebol do que, na prática, conseguir alguma reversão no Campeonato, Manuel da Lupa relatou a pergunta feita pelo delegado aos acusadores. O delegado quis saber o que leva torcedores do Santos, que não fazem parte da Portuguesa, apresentarem uma denúncia como essa. A resposta do torcedor ao delegado, segundo Manuel da Lupa, foi: “eu compro ingresso para arquibancada, eu estou torcendo para o meu time, e não admito ser enganado”.
Para ele, caso ficasse devidamente comprovado, o final do Campeonato Paulista não teria nenhum sentido. “Muitas coisas mais graves do que essas acabam passando. Eu concordo que se tiver fundamento é gravíssimo, mas é mais um caminho para moralizar o futebol, porque se ficar comprovado, evidentemente a decisão não tem sentido, tem que ser tudo anulado, inclusive a partida”.
A coletiva de imprensa foi reproduzida na íntegra pela Web Rádio Lusa, em 09 de abril, e pode ser ouvida no site www.portuguesa.com.br