Da redação
Com Lusa
Nesta terça-feira, uma portuguesa de 38 anos foi condenada a cinco anos de prisão por um juiz no tribunal de Birmingham, Inglaterra, por pertencer a uma organização neonazi proscrita pelo Governo britânico.
Claudia Patatas, até agora em liberdade condicional, mas com pulseira eletrônica, vai ter a sentença reduzida em metade dos 166 dias que esteve sob essa medida de coação, informou fonte do tribunal à agência Lusa.
O companheiro britânico, Adam Thomas, foi condenado a seis anos e meio de prisão pelo crime de pertencer ao grupo National Action mais dois anos e meio pela posse de um documento com instruções para construir explosivos, sentenças que serão cumpridas em simultâneo.
Ao ler a sentença, o juiz Melbourne Inman referiu a “longa história de convicções racistas violentas” de ambos e dirigindo-se à portuguesa em particular, disse: “Você foi tão radical quanto Thomas, tanto nas suas opiniões como nas suas ações”.
O casal é pai de uma criança de pouco mais de 12 meses, ao qual deram “Adolf” como segundo nome devido à admiração por Hitler, demonstrada pela abundância de referências ao partido nazi alemão, desde almofadas no sofá com suásticas a um cortador de massa de biscoitos em forma de suástica.
“Vocês agiram em conjunto em tudo o que pensaram, diziam e fizeram, desde o nome dado ao vosso filho até às fotos perturbadoras do seu filho cercado de símbolos do nazismo e do Ku Klux Klan”, acrescentou o magistrado.
A sentença é o culminar de um processo com perto de um ano, que começou com a detenção de Patatas em janeiro, juntamente com outros cinco homens britânicos, acusados de serem membros da organização proscrita National Action.
O Governo britânico baniu o grupo em dezembro de 2016 por considerar “uma organização racista, antissemita e homofóbica que suscita o ódio, glorifica a violência e promove uma ideologia vil” devido ao material que disseminava na Internet, nomeadamente nas redes sociais, com imagens e linguagem violentas e apelos a atos de terrorismo.
A medida foi tomada poucos meses depois do homicídio da deputada trabalhista Jo Cox por um simpatizante da extrema-direita, o qual foi celebrado numa rede social por outro membro do Nacional Action, grupo que injuriava frequentemente deputadas trabalhistas.
O procurador público, Barnaby Jameson, descreveu o casal como membros ativos, que chegaram a ser expulsos de pelo menos uma conversa com outros elementos da extrema-direita chamada Triple K Mafia [referência ao grupo supremacista norte-americano Ku Klux Klan] numa aplicação de telemóvel encriptada devido à violência da linguagem.
“Ela advogou a morte de todos os judeus e afirmou-se, juntamente com Thomas, como alguém que seria capaz de matar uma criança de raça mista”, descreveu o procurador, numa audiência para preparar a sentença, na semana passada.
A portuguesa é considerada uma simpatizante de ideologia neonazi há muito tempo, incluindo quando ainda vivia em Portugal, onde fazia parte de um grupo que celebrava o aniversário de Adolf Hitler, admitiu durante o julgamento.
O procurador acusou Patatas de ter “deixado a casa tornar-se num arsenal” para o companheiro Adam Thomas guardar armas como bestas, facas e punhais, alguns dos quais encontravam-se no quarto onde dormiam com o filho recém-nascido.
Patatas deu à luz em meados de novembro de 2017 e foi fotografada poucas semanas mais tarde a segurar o bebé ao lado de Thomas enquanto este segurava uma bandeira com a suástica nazi.
Noutra fotografias, que Patatas terá tirado, Thomas segura o filho vestido com trajes iguais aos do Ku Klux Klan.
Foram também lidas as sentenças de Darren Fletcher, de 28 anos Nathan Pryke, 27, Joel Wilmore, 24, e Daniel Bogunovic, 27, que foram condenados a penas entre cinco e seis anos e cinco meses de prisão por serem membros proeminentes do grupo neonazi.
O National Action, disse o juiz, tinha como objetivos “derrubar a democracia” no país recorrendo à violência e ao homicídio, “e à imposição de um estado de estilo nazi que erradicaria setores inteiros da sociedade com violência e homicídio em massa”.