Da Redação
Com Lusa
O presidente do instituto Camões, João Ribeiro de Almeida, declarou que a língua portuguesa, que já foi de colonização e de resistência, é hoje um idioma de “cumplicidade” e de “solidariedade” entre os países lusófonos.
“A nossa língua foi e é uma língua de pontes. Historicamente foi o que foi, como outras línguas de países que colonizaram, mas hoje é sobretudo uma língua de cumplicidade, de amizade e solidariedade”, disse João Ribeiro de Almeida.
O presidente do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua (IC) falava, em entrevista à agência Lusa, em antecipação ao Dia Mundial da Língua Portuguesa, que se assinala em 05 de maio, por decisão da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
Para João Ribeiro de Almeida, que há cinco meses assumiu a liderança da agência pública para a língua e cooperação, esta segunda celebração do Dia Mundial da Língua Portuguesa “será mais uma oportunidade” de todos os países que falam português estarem “ligados em rede”.
O presidente do Camões classificou a distinção da UNESCO à língua portuguesa, a primeira não oficial das Nações Unidas (ONU) a ter um dia mundial, como “altamente inspiradora e motivadora”.
“Temos este ‘bombom’, motivador e altamente inspirador, que é o facto de a UNESCO, que não deixa de ser uma agência da ONU, ter declarado um dia mundial de uma língua que não é a língua oficial das Nações Unidas”, disse, sublinhando “o prestígio” que esta decisão dá ao português.
“Não somos uma língua qualquer, somos uma língua à qual é dado um especial tratamento, se bem que ainda não tenha aquele tratamento que nós gostaríamos”, disse, aludindo ao objetivo de ter o português como idioma oficial das Nações Unidas.
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— Camões.IP (@camoes_ip) May 2, 2021
O responsável do Camões considerou que essa “é uma corrida de longo curso”, assegurou que Portugal está a trabalhar “quotidianamente” para esse objetivo e defendeu, por agora, uma aposta concentrada na diplomacia.
“A nossa intenção é continuar este processo. Além de ser língua de cumplicidades, de solidariedade e de paz, também é língua de resistência. Temos de ter alguma resistência no nosso percurso”, disse.
O português é falado por mais de 260 milhões de pessoas nos cinco continentes, estimando-se que, em 2050, esse número cresça para quase 400 milhões e, em 2100, para mais de 500 milhões, segundo estimativas das Nações Unidas.
As projeções para o final do século apontam que será no continente africano que se registará o maior aumento do número de falantes, nomeadamente em Angola, que deverá ter uma população superior a 170 milhões de pessoas e Moçambique com mais de 130 milhões de pessoas.
É a língua mais falada no hemisfério sul e a quarta língua mais falada no mundo como língua materna, a seguir ao mandarim, inglês e espanhol, segundo o Observatório da Língua Portuguesa.
É também a quinta língua mais utilizada na Internet.
Globalmente, 3,7% da população mundial fala português, que é língua oficial dos nove países membros da Comunidade dos Países (CPLP) e em Macau.
Em conjunto, as economias lusófonas valem cerca de 2.700 milhões de euros, o que faria deste grupo a sexta maior economia do mundo, se se tratasse de um país, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Os países de língua portuguesa representam 3,6% da riqueza mundial, 5,48% das plataformas marítimas globais, 16,3% de disponibilidade global de reservas de água doce, 10,8 milhões de quilômetros quadrados.
O português é também língua oficial ou de trabalho de cerca de 20 organizações internacionais, incluindo a União Europeia, União Africana, UNESCO, CPLP, Organização Mundial da Saúde (OMS), Mercosul, Organização dos Estados Americanos (OEA), Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) ou Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC).