Da Redação
Com agencias
A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde vai controlar a partir de agora o processo de vacinação contra a covid-19 através de auditorias, segundo o coordenador da ‘taskforce’ para o plano de vacinação em Portugal.
Numa apresentação de uma atualização ao plano de vacinação, Francisco Ramos lamentou o “desvio de critérios” que teria levado à administração de vacinas a pessoas não incluídas nos grupos prioritários para esta primeira fase, mas desvalorizou a ausência de uma entidade a supervisionar o processo.
“Este é um plano que é uma gigantesca operação e começou há um mês, não começou há um ano. Suponho que são casos esporádicos, mas são perturbadores, por isso, começa este processo de auditoria”, resumiu
Questionado sobre a possibilidade de definição de sanções para eventuais incumprimentos, Francisco Ramos defendeu que “não compete à taskforce” abordar essa situação.
Em relação ao alargamento da capacidade de administrar vacinas contra a covid-19 a outras entidades, como farmácias ou profissionais do setor privado, o coordenador da ‘taskforce’ sublinhou que a disponibilidade de vacinas é um problema mais premente nesta primeira fase do que a quantidade de pontos de vacinação existentes.
“O nosso principal obstáculo é a escassez de vacinas e até isso ser ultrapassado é prematuro estar a falar do alargamento da rede de centros de vacinação”, observou, tendo Francisco Ramos. Portugal tem já contratualizado um total de 29 milhões de vacinas para o combate à pandemia.
Quanto a reações adversas à vacina, foram notificados 1.332 casos, com Francisco Ramos a considerar que “não houve até hoje nenhuma notificação de reações que não estivesse prevista” na vacina e que o valor de 0,65 reações adversas por 100 vacinados “está em linha com os dados provisórios que são conhecidos do resto da Europa”.
Todas as pessoas com mais de 80 anos de idade vão ser incluídas na primeira fase do plano de vacinação contra a Covid-19, segundo o coordenador, por conta do aumento da incidência da doença.
Além das pessoas dos 50 aos 79 anos com doenças graves, foi decidido incluir também na primeira fase todas as pessoas com mais de 80 anos, independentemente das doenças que tenham, disse Francisco Ramos.
Está, assim, prevista a vacinação até abril de 670 mil pessoas com 80 ou mais anos. Na primeira versão, a previsão era de vacinar com todas das tomas da vacina 170 mil pessoas de mais de 80 e outras 170 mil apenas com a primeira dose.
Os titulares de órgãos de soberania, deputados, funcionários da Assembleia da República, membros dos órgãos das Regiões Autônomas e presidentes de câmara, enquanto responsáveis da proteção civil, vão começar a ser vacinados na próxima semana em Portugal.
Vacinas inutilizadas
Na região norte do país, cerca de 600 vacinas contra a covid-19 ficaram inutilizadas devido a uma “utilização inadequada dos sistemas de refrigeração da farmácia do hospital”, segundo o Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS), que avalia apresentar um processo-crime.
Num esclarecimento enviado à agência Lusa, o CHTS, que inclui os hospitais de Penafiel e Amarante, indica que o conselho de administração “ordenou de imediato a abertura de um processo de inquérito, para apuramento detalhado do sucedido e das respetivas responsabilidades”.
O hospital deu indicações para reforçar a vigilância às vacinas e revelou estar “em avaliação a apresentação de participação por eventual processo crime”.
Segundo a fonte, o problema ocorreu com 113 frascos (cada um daria para cinco ou seis vacinas) que tinham chegado na segunda-feira ao hospital e deviam ter sido administradas na terça-feira.
O CHTS sediado em Penafiel informa “que, assim que teve conhecimento do problema”, na manhã de terça-feira, realizou diversas diligências de forma a que sejam repostas rapidamente as vacinas inutilizadas”.
“As vacinas devem chegar já na quinta-feira, procedendo-se à vacinação imediata dos profissionais, entre amanhã e sábado”, assegura o CHTS.
O hospital indica, por outro lado que, “atendendo à sensibilidade que esta questão comporta e à sua relevância social, foram ainda determinadas medidas reforçadas de vigilância permanente no local, sempre que existam vacinas para ser administradas”.
A mesma fonte diz ser de “lamentar profundamente, uma vez que, quer no CHTS quer em toda a rede do SNS, são fornecidas instruções de trabalho específicas para o seu manuseamento”.
Portugal atingiu neste dia 28 novos recordes diários ao registrar 303 mortes relacionadas com a covid-19 e 16.432 casos de infecção com o novo coronavírus, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS). A região de Lisboa e Vale do Tejo é a que regista maior número de mortes (142) e de novos casos (8.621).