Da Redação
Com Lusa
O presidente do Lloyds Bank, António Horta Osório, defendeu que Portugal deve ter “mais ambição” no crescimento econômico, superando as previsões de 2%, e realçou a necessidade de diminuir os créditos em incumprimento e a dívida nacional.
“As previsões do FMI [Fundo Monetário Internacional] indicam que a economia portuguesa deve crescer à volta de 2%, em linha com a zona econômica europeia”, mas “acho que não podemos, de maneira nenhuma, estar satisfeitos em crescer 2% ao ano”, declarou o banqueiro, que falava em Lisboa na conferência “Banca & Seguros: O Futuro do Dinheiro”, organizada pelos meios TSF e Dinheiro Vivo e pelas Iberinform Crédito y Caución e Sage.
Ressalvando que “não existem economias fortes sem um setor financeiro saudável nem setores financeiros saudáveis sem uma economia forte”, Horta Osório sublinhou que um crescer mais do que o previsto “é determinante para aumentar a qualidade de vida”.
Porém, existem áreas nas quais Portugal tem de “ter cuidado”, notou o banqueiro.
Aludindo ao setor bancário, referiu que, apesar do “progresso muito significativo em termos de capital e de desalavancagem”, os créditos em incumprimento no setor bancário, os chamados NPL, “ainda representam 15% do total de créditos”,
“Isto é muito relevante porque em termos internacionais causa apreensiva”, considerou.
Outra das áreas que exigem cautela, de acordo com Horta Osório, é a dívida.
Nos últimos 10 anos, “a dívida total do país aumentou em 45 pontos percentuais, quase 20%, para 310% do PIB [produto interno bruto]”, observou, argumentando que, caso as taxas do Banco Central Europeu (BCE) subam, ficará demonstrada a “fragilidade da economia portuguesa”.
“Isso não é previsível para já, mas a um prazo de cinco anos é estimado que as taxas subam”, de zero para 2%, assinalou, alertando que isso representaria 6% do PIB português.
Segundo o responsável, a dívida pública “entrou numa trajetória descendente”, pelo que se deve aplicar esta tendência “às empresas e aos agregados”.
Já falando sobre a atualidade, Horta Osório sustentou que “existem dois, ‘mas'”, que se relacionam com o desemprego jovem, “que continua muito alto, superior a 20%, o que é uma coisa dramática”, e com a diminuição da população ativa no país, devido à emigração.
Nesse âmbito, vincou que “a situação dramática a longo prazo” da demografia requer estratégias do Governo.
Sobre as atuações dos dois últimos executivos, Horta Osório fez “um tributo claro” ao ex-primeiro ministro Pedro Passos Coelho, que “soube tomar as medidas que se impunham”, bem como ao atual chefe de Governo, António Costa, por “manter a trajetória da economia nacional”.