Portugal Telecom volta a ser envolvida nas denuncias de corrupção no Brasil

Da Redação
Com agências

O grupo português “Portugal Telecom” reaparece nas denúncias do chamado “mensalão” que a Polícia Federal investiga a pedido do Ministério Público Federal.
Entre outras acusações, o publicitário mineiro Marcos Valério de Souza afirmou que o ex-presidente Lula, o ex-ministro Antonio Palocci e Miguel Horta, então presidente da Portugal Telecom, negociaram repasse de US$ 7 milhões para o PT (Partido dos Trabalhadores).
Nesta segunda feira, 8 de abril, a Polícia Federal recebeu o pedido de instauração de inquérito, feito pelo Ministério Público Federal na sexta-feira, dia 5, para apurar o suposto envolvimento do ex-presidente Lula da Silva com o mensalão. A investigação deve ser aberta nos próximos dias.
O pedido tem como base o depoimento prestado pelo publicitário Marcos Valério, considerado o operador do mensalão. O depoimento de Valério foi dado à Procuradoria Geral da República (PGR) em setembro do ano passado, no meio do julgamento do mensalão.
Valério disse que o ex-presidente Lula e Antonio Palocci reuniram-se com Miguel Horta no Palácio do Planalto e combinaram que uma fornecedora da Portugal Telecom em Macau, na China, transferiria o valor combinado para o partido.
Esses recursos teriam sido enviados por empresas fornecedoras da companhia, por meio de publicitários que prestavam serviço ao partido. Segundo publicou o jornal “O Estado de São Paulo”, as negociações com a Portugal Telecom estariam por trás da viagem a Portugal, em 2005, de Valério, seu ex-advogado Rogério Tolentino e o ex-secretário do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) Emerson Palmieri.
Na última sexta-feira, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, disse que “não há nova informação em relação às publicadas há cinco meses”, quando o depoimento de Valério foi remetido à primeira instância. O advogado do ex-ministro Palocci, José Roberto Batochio, chamou o depoimento de Marcos Valério de “invencionice” e negou a existência do encontro no Palácio do Planalto. Miguel Horta declarou, por meio de nota, que não teve “qualquer ligação” com o processo do mensalão.
No dia do depoimento (em setembro do ano passado), o STF já havia condenado Valério a mais de 40 anos de prisão, pelos crimes de formação de quadrilha, corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro e evasão de divisas na ação do mensalão. Dirceu só seria condenado posteriormente, a 10 anos de prisão, por corrupção ativa e formação de quadrilha. Lula sequer foi denunciado e sempre negou qualquer envolvimento.
No mesmo depoimento, Valério também disse que Lula deu aval a empréstimos dos bancos Rural e BMG para o PT, dinheiro que teria sido usado para comprar votos. Afirmou ainda que o dinheiro do esquema pagou despesas pessoais do ex-presidente.
Na época do depoimento, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse que Valério era um “jogador”. Naquele mês, em troca do novo depoimento e de mais informações sobre o esquema de desvio de dinheiro público para o PT, Valério pretendia obter proteção e redução de sua pena.
Durante os quatro meses de julgamento, o Supremo concluiu que o mensalão foi um esquema articulado de uso de recursos públicos e privados para pagamento a parlamentares em troca da aprovação no Congresso de projetos de interesse do governo Lula.

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