Mundo Lusíada
Com Lusa
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, telefonou, em 16 de julho, para seu homólogo boliviano para emitir uma “palavra de reparação” do Governo português e admitir que o Presidente Evo Morales “pode ter razões de queixa” sobre os acontecimentos que decorreram no seu voo de Moscou para La Paz.
Paulo Portas tomou a iniciativa “como contributo de Portugal para superar a tensão entre os países Mercosul e os países da UE”, refere uma nota enviada à Lusa pelo porta-voz do ministro, Miguel Guedes.
O comunicado sublinha ainda que, no decurso da conversa com o ministro David Choquehuanca, Paulo Portas considerou que a “palavra de reparação” era devida “porque o Presidente Morales pode ter razões de queixa quanto às situações criadas no espaço aéreo europeu aquando da sua viagem de Moscou para La Paz”.
Segundo a nota, foi tomada esta iniciativa “depois de ter reunido demoradamente com os embaixadores do Mercosul na segunda-feira, sublinhando assim a singularidade da posição portuguesa, já que o nosso país sempre autorizou o sobrevoo do seu território, informou antecipadamente as autoridades bolivianas das suas decisões e não exigiu quaisquer garantias sobre a composição da comitiva do Presidente Morales”.
O texto sublinha ainda que o chefe da diplomacia portuguesa “considera da maior importância o relacionamento entre os países da UE e do Mercosul e reafirmou a prioridade atribuída por Portugal à proximidade com a América Latina”.
Ainda, Paulo Portas convidou o seu homólogo boliviano David Choquehuanca “para, em breve, visitar Portugal”.
O avião do Presidente boliviano Evo Morales foi impedido no dia 1 de julho de sobrevoar o espaço aéreo de vários países europeus por suspeita de que se encontraria a bordo o ex-consultor da NSA Edward Snowden, procurado pelos Estados Unidos, o que gerou um incidente diplomático.
Portugal impediu a aterragem para uma escala da aeronave por “considerações técnicas”, segundo referiu na ocasião um comunicado do MNE.
Numa posterior audição parlamentar na Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas, em 9 de julho, Paulo Portas assegurou que o Governo português autorizou “atempadamente” o sobrevoo em território nacional do Presidente da Bolívia e não colocou em risco a vida de Evo Morales e da sua comitiva.
Os países latino-americanos do Mercosul, Unasur e a própria Organização de Estados Americanos (OEA) exigiram os Governos de Portugal, Espanha, França e Itália explicações sobre este incidente.
Em 12 de julho, reunidos em Montevideu, os Presidente dos países do Mercosul (Uruguai, Argentina, Brasil, Venezuela e Bolívia), concordaram em chamar os embaixadores dos quatro países europeus em causa para explicarem as razões dos impedimentos de sobrevoo e aterragem ao avião que transportava o Presidente da Bolívia.
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