Mundo Lusíada com agencias
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, João Gomes Cravinho, saudou hoje a entrada da primeira coluna humanitária em Gaza e defendeu que a fronteira de Rafah deve permanecer aberta para apoio humanitário a civis.
“Portugal saúda a entrada da primeira coluna humanitária em Gaza esta manhã”, pode ler-se na conta oficial do gabinete do ministro dos Negócios Estrangeiros português pelo Twitter.
“Face à séria degradação da situação, a fronteira de Rafah deve permanecer aberta para que este apoio humanitário indispensável chegue, de forma continuada, às populações civis inocentes”, refere a mensagem.
A ONU confirmou hoje que 20 caminhões com comida, água e medicamentos entraram na Faixa de Gaza, controlada pelo grupo islamita Hamas, através da passagem de Rafah.
A passagem de Rafah, na fronteira com o Egito, é a única saída para o exterior da Faixa de Gaza, já que as restantes passagens fronteiriças são com Israel.
Esta fronteira estava encerrada desde o início dos bombardeamentos israelitas ao território, como represália pelo ataque do Hamas a Israel no passado dia 07 de outubro. O conflito já provocou milhares de mortos e feridos, entre militares e civis, nos dois territórios, segundo informações da Lusa.
Cúpula
O secretário-geral da ONU, António Guterres, reiterou o seu apelo para que a ajuda humanitária seja entregue a Gaza de forma sustentada.
Falando na Cúpula para a Paz, realizada no Cairo, neste sábado, ele comentou a situação na fronteira, dizendo que “de um lado estão caminhões cheios, e do outro, estômagos vazios”.
O presidente egípcio, Abdel Fattah El-Sisi, reuniu líderes da região e de todo o mundo num esforço para diminuir a escalada da violência após a incursão do Hamas em Israel em 7 de outubro, seguido pelo bombardeio de Gaza por Israel e o cerco total ao enclave.
A Cúpula aconteceu um dia depois de Guterres ter viajado para a passagem fronteiriça de Rafah, no Egito, a única passagem fronteiriça aberta com Gaza.
O secretário-geral disse que lá testemunhou um paradoxo, “uma catástrofe humanitária se desenrolando em tempo real”.
Ele observou que centenas de caminhões “cheios de alimentos e outros suprimentos essenciais” estavam no lado egípcio, enquanto do outro lado da fronteira, dois milhões de pessoas em Gaza estavam sem água, alimentos, combustível, eletricidade e medicamentos.
Neste sábado, um primeiro comboio transportando itens extremamente necessários foi autorizado a entrar em Gaza.
“Esses caminhões precisam se deslocar o mais rapidamente possível, de forma massiva, sustentada e segura, do Egito para Gaza”, disse Guterres, acrescentando que a ONU está trabalhando sem parar com todas as partes para garantir uma entrega contínua de ajuda, na escala que é necessária.
O secretário-geral sublinhou que os objetivos a curto prazo devem ser claros, repetindo o seu apelo à ajuda humanitária imediata, irrestrita e sustentada a Gaza, à libertação imediata e incondicional de todos os reféns pelo Hamas e a um cessar-fogo humanitário, segundo informou a ONUNews.
Ele disse que as queixas do povo palestino “são legítimas e longas, mas nada pode justificar o ataque repreensível do Hamas que aterrorizou os civis israelenses”. Ao mesmo tempo, ele afirmou que “estes ataques abomináveis nunca poderão justificar a punição coletiva do povo palestino”.
Brasil
Também o Ministro brasileiro Mauro Vieira, durante a Cúpula da Paz do Cairo neste dia 21, reiterou que o governo “condena, de maneira inequívoca, os atos terroristas perpetrados pelo Hamas em Israel no dia 7 de outubro, assim como a captura de civis como reféns. Brasileiros estão entre as vítimas, três compatriotas foram assassinados em Israel”.
“Como muitos outros países, o Brasil também tem cidadãs e cidadãos que esperam ser evacuadas de Gaza, enquanto assistimos, alarma dos, a deterioração da situação humanitária na região, e em especial a escassez de insumos médicos, alimentos, água, eletricidade e combustíveis. Israel, como potência ocupante, tem responsabilidades específicas em matéria de direitos humanos e da lei humanitária. Elas devem ser atendidas sob quaisquer circunstâncias. Ao longo das últimas décadas, temos testemunhado um conflito sem vencedores, que se arrasta no tempo. E um conflito no qual a população civil continua a ser a principal vítima da falta de diálogo e de um ressentimento crescente” declarou Mauro Vieira.
O Brasil também destacou o amplo chamado político em favor da abertura das pausas humanitárias urgentemente necessárias, do estabelecimento de corredores humanitários e da proteção dos profissionais da área humanitária.
Segundo o governo, os esforços diplomáticos já trouxeram de volta ao Brasil e em segurança mais de 1 mil brasileiras e brasileiros que estavam na zona de conflito no Oriente Médio.