Da Redação com ONUNews
Portugal, país que acolhe a Conferência dos Oceanos das Nações Unidas a partir de segunda-feira, quer inspirar o mundo a investir nas biotecnologias marinhas. Mais de sete mil pessoas, provenientes de mais de 140 países, com cerca de uma centena de delegações representadas a nível político, estarão em Lisboa nos próximos dias.
Às vésperas do evento de alto-nível, o ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva explicou como o ecossistema marinho pode fornecer matéria-prima para substituir o plástico.
“Nós acreditamos profundamente no potencial das biotecnologias marinhas, isso é, começarmos a usar produtos biológicos, biomas marinhos, as algas e outros produtos para substituir aqueles que são poluentes como os plásticos, como os fertilizantes que afetam muito os terrenos. Portanto os biopolímeros, os biomateriais são essenciais e podem reconfigurar muitas das cadeias de produção que nós temos hoje. A nossa economia tem que mudar, tem que ser muito mais sustentável e, portanto, o oceano pode providenciar a nível dos biomateriais muitos dos principais componentes para reconfigurar.”
O ministro da Economia e do Mar de Portugal tem ainda uma proposta para a criação de ilhas artificiais energéticas.
António Costa Silva explica que o vento marinho do país é um “recurso de grande qualidade”, propício para a produção em massa de hidrogênio.
“O hidrogênio é muito versátil. Pode despertar na mobilidade, por exemplo com as células de combustível, na mobilidade sobretudo dos caminhões de longa duração. Pode ser na marinha, nos sistemas todos que movimentam os barcos, já há testes para aviões, portanto o hidrogênio pode desempenhar um papel importante. Depois pode desempenhar um papel no armazenamento e eu acho que deste ponto de vista, essas ilhas artificiais, plataformas multiuso, podem ser chave para a economia do oceano, a economia sustentável.”
António Costa Silva afirma que essas plataformas também funcionam para proteger a erosão costeira. Segundo ministro, cerca de 25% da costa portuguesa já está sofrendo com o problema.
O ministro português espera que a Conferência dos Oceanos da ONU provoque movimentos “de baixo para cima”, com a mobilização de cientistas e da sociedade civil inspirando governos e setor privado. O encontro acontece em Lisboa de 27 de junho a 1 de julho.
Preparativos
A capital portuguesa já está recebendo um grande fluxo de visitantes para a segunda Conferência dos Oceanos. Nas ruas, nos hotéis e no Aeroporto de Lisboa, o movimento é comparado ao de grandes eventos desportivos.
Mas desta vez, os participantes são líderes internacionais, diplomatas e membros da sociedade civil, acadêmicos e ativistas. Na Altice Arena, o local do evento, acontecem os últimos retoques. Nos bastidores, funcionários e voluntários dão forma ao plano, que começou antes da pandemia, para acomodar as conversações que decidirão o mapa de navegação sobre o futuro dos oceanos.
“Para todo o mundo, ele é bom: animais, seres humanos e para o clima. Para todo o mundo. Todo o mundo precisa do oceano para manter a relação certa com a Terra. Fica bem para todo o mundo que o oceano seja preservado.”
A Conferência dos Oceanos da ONU busca mais colaboração global para a defesa e preservação dos mares. Os organizadores, ONU, Portugal e Quênia reforçam o apelo à ação na cidade que será ainda palco de negociações para uma economia azul verdadeiramente sustentável.
Uma das inovações é que as multidões que começam a chegar pisarão um tapete criado a partir de plástico reciclado dos mares.
A cidade de Lisboa está, neste fim de semana, repleta de eventos culturais ligados à proteção da vida marinha. O primeiro evento é na noite desta sexta-feira: no tradicional Cinema São Jorge, na Avenida da Liberdade, haverá uma sessão do Cine ONU, com a exibição do documentário “The Loneliest Whale”.
A procura pela baleia “hertz 52, que os cientistas acreditam ter passado toda a vida se comunicando em uma frequência diferente das outras baleias” é a história central do documentário que teve produção-executiva dos atores Leonardo DiCaprio, mensageiro de Paz da ONU, e Adrian Grenier, embaixador do Programa da ONU para o Meio Ambiente.
A ONU News foi até o bairro de Alfama conversar com o realizador do filme, Joshua Zeman, que está pela primeira vez na capital de Portugal. Ele contou que a história da baleia acaba sendo uma história global sobre isolamento e solidão.
Zeman avalia que falar sobre solidão era um tabu até a pandemia de Covid-19 acontecer. Com isso, mais pessoas conseguiram enxergar o que ele viu na história da baleia 52: “uma maneira de se expressar emocionalmente, já que mesmo as baleias que estão isoladas na escuridão do mar conseguem se comunicar por longas distâncias por meio de frequências”.
A exibição do filme começa às 19h, com 96 minutos e pelo menos 600 pessoas já confirmaram presença.
No sábado à tarde, será a vez da inauguração da Exposição Década do Oceano, na Praça do Rossio, região central de Lisboa, um evento que tem o apoio da Unesco. Artistas de todo o mundo criaram instalações originais para criar conscientização sobre a causa dos oceanos.
Dos centenas de eventos que acontecem pelo país, quatro são eventos especiais coorganizados por Portugal:
Em Lisboa, @LedaLetra da @ONUNews encontrou a instalação “Torneira Gigante de Plástico”, do artista canadense Benjamin Von Wong. Instalada no Parque das Nações, onde ocorrerá a Conferência dos Oceanos!#UNOceanConference @ONUPortugal @CamaraLisboa #plasticban pic.twitter.com/c3igtAAD04
— ONU News Português (@ONUNews) June 23, 2022