Portugal quer combater a sazonalidade no turismo e diversificar a oferta

Mundo Lusíada
Com agencias

PraiaTorel_LisboaNesta terça-feira, 27 de setembro, Dia Mundial do Turismo que este ano tem como tema ‘Turismo para Todos’, o primeiro-ministro defendeu o combate à sazonalidade no setor da indústria do turismo e a diversificação da oferta para atrair ainda maiores receitas, louvando os resultados obtidos em 2016, na inauguração da III Cimeira do Turismo Português.

António Costa desejou uma maior aposta no “turismo de congressos e eventos” e um esforço conjunto entre os setores público e privado no âmbito desta atividade econômica.

“É importante que continuemos a valorizar a atividade para que o valor investido possa ter cada vez maior rentabilidade. É essencial continuar a criar e qualificar o emprego no setor e diminuir a sazonalidade da atividade e aumentar diversidade da oferta turística”, afirmou.

Porém, segundo o chefe do executivo socialista, “nem a sazonalidade não se combate por lei nem a concentração [geográfica] se resolve por regulamento”, pois “é na economia e não na lei que está a boa solução para os problemas”, ou seja: “aumentar e diversificar oferta em todo o país”.

O primeiro-ministro felicitou a plateia de diversos agentes do setor de atividade e responsáveis políticos, salientando que “o turismo tem um peso muito importante na economia do país, que corresponde a mais de 6% do PIB [Produto Interno Bruto] e a mais de 15% das exportações”.

“Este ano tem sido particularmente importante. Tivemos um crescimento de 10% em número de turistas, quase 17% ao nível de receitas e a criação de 42 mil postos de trabalho desde janeiro”, congratulou-se, sublinhando também já terem sido aprovados “220 milhões de euros em fundos comunitários” para apoio ao investimento de empresas do setor no quadro “Portugal 2020”.

O líder do Governo destacou ainda as “55 novas rotas aéreas para Portugal” criadas no último ano, dando especial atenção aos mercados da América do Norte e da Ásia.

“Temos de apostar cada vez mais no turismo de congressos e eventos, para diversificar a oferta, sendo a melhor forma de contrariar a sazonalidade e assegurar uma procura ao longo de todo o ano. Da mesma forma, há que continuar a criar condições para que o próprio turismo interno possa melhorar. Este ano, certamente graças à recuperação de rendimentos dos agregados familiares, já tivemos aumento de 8% do turismo interno”, continuou.

Falando da sua experiência como autarca, depois de intervenção do seu sucessor em Lisboa, Fernando Medina, o primeiro-ministro elogiou também o trabalho de transformação desenvolvido em conjunto por Estado, municípios e agentes privados.

“Tenho agora o prazer de, já não sendo presidente de câmara, seguir à distância as polêmicas que vão existindo. Não deixa de ser com alguma satisfação que vejo que agora se discute se há turismo a mais em algumas zonas da cidade e, há nove anos atrás, discutia-se que eram zonas abandonadas, desertificadas, onde nada acontecia e que estavam em absoluta decadência”, disse.

Para António Costa, um país “é só uma cidade maior” e “aquilo que tem sido feito em Lisboa, no Porto, na Madeira, nos Açores, no Algarve, um pouco por todo o país” é o que tem de continuar a ser levado a cabo “cada vez em mais locais” para haver “mais turistas em mais dias do ano, em mais sítios diferentes”.

“Se conseguirmos, ajudamos ao desenvolvimento do setor, mas também de todos os outros. O turismo puxa pela construção, pelo comércio, pela agricultura”, declarou, acreditando assim num “desenvolvimento sustentável e inclusivo do país”.

Também o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, reforçou hoje que o combate à sazonalidade no turismo é uma das prioridades do Governo e afirmou que o objetivo é haver mais pessoas a trabalhar o ano inteiro.

“Turistas a mais” em Lisboa
Já o presidente da Câmara de Lisboa declarou desconhecer a ideia de ter “turistas a mais” na cidade e admitiu que “não saberia lidar” com esse realidade “mais vale” não o assumir como uma preocupação.

“Temos de continuar e assegurar que não temos estrangulamentos na procura. Oiço aí por vezes aquela pergunta muito interessante que é saber se Portugal, Lisboa em particular, já tem turistas a mais. Pessoalmente, tenho de dizer que não sei que conceito é esse, não sei o que é ter turistas a mais”, declarou o autarca socialista, na sessão de abertura da cimeira

“Isto é, alguém com turistas a mais, o que faz com esses turistas a mais? Podia ser a reprodução daquele candidato americano, de construir um muro, podia ser outra solução qualquer, não sei”, disse. Não tendo “solução para lidar com ele, mais vale” não se preocupar, vincou, considerando ser “bom que haja turistas” em Lisboa.

Fernando Medina identificou o “desafio central do momento” para o município: “É agarrar o extraordinário momento que estamos a viver e projetá-lo, prolongá-lo no futuro”. Outro dos desafios elencados por Fernando Medina foi, por isso, o investimento nas infraestruturas, como a “expansão da capacidade aeroportuária” da cidade.

Quanto às intervenções que estão a ser feitas pelo município no espaço público, assinalou que a autarquia continua a “investir na frente ribeirinha”, mas agora está também a apostar na reabilitação “a norte”, de zonas como o eixo central, abrangendo o Saldanha e Picoas.

“Não quer dizer que todos gostem das obras da Câmara, esse é outro departamento”, referiu. Ao mesmo tempo, defendeu a “diversificação das zonas de atração” turística.

Trabalhadores penalizados
O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, aproveitou o dia para afirmar que os trabalhadores do turismo, hotelaria e restauração são “os artífices da criação da riqueza” deste setor e os que “têm sido mais penalizados” pela política do Governo.

“O que os trabalhadores estão aqui a dizer é que são os artífices da criação da riqueza e são aqueles que mais têm sido penalizados pelas políticas do Governo para este setor”, disse o líder da CGTP à agência Lusa, durante uma concentração de protesto dos trabalhadores do setor do turismo, hotelaria e restauração, junto ao Museu do Oriente, em Lisboa, durante a Cimeira.

“Temos um ano turístico que foi o melhor de sempre, o maior em negócios e lucros, mas estes trabalhadores têm a sua contratação coletiva boqueada há variadíssimos anos”, lamentou.

Arménio Carlos explicou ainda à Lusa que este é o setor que, atualmente, “abrange o maior número de trabalhadores com o salário mínimo nacional”. “Continuamos a ter salários baixíssimos, independentemente de serem estes os trabalhadores e, muitos outros que aqui não estão, que são o rosto da cordialidade, da qualidade e da simpatia que irradiam a todos os que visitam o nosso país e que são os turistas”.

De acordo com o líder da CGTP, “é justo” que estes trabalhadores e todos aqueles que trabalham no setor “vejam recompensado esse esforço e tenham [também] estabilidade no emprego e segurança, a par de aumentos salariais.

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