Portugal não vai transferir pacientes covid-19 para outros países, diz secretário da Saúde

Hospital de São João, Porto. Foto JOSÉ COELHO/LUSA

Da Redação
Com Lusa

Nesta terça-feira, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde afastou a hipótese de contratar profissionais de saúde ao estrangeiro ou transferir doentes covid-19 para outros países, afirmando que o sistema de saúde vai ser expandido até ao limite.

Questionado pelos jornalistas, António Lacerda Sales disse que não há planos para contratar profissionais a outros países, nem a transferência de doentes.

“Garantidamente que não há no mundo sistemas (de saúde) ilimitados, mas o compromisso que temos com os portugueses é que vamos usá-lo (o sistema de saúde nacional) até ao limite”, afirmou o secretário de Estado, após uma visita à unidade de Torres Vedras do Centro Hospitalar do Oeste (CHO).

“De novembro para cá este centro hospitalar cresceu de 24 para 103 camas [para doentes covid-19] e muitos outros hospitais fizeram a sua expansão. Em março, tínhamos 1.142 ventiladores e já distribuímos mais 819”, disse Lacerda Sales, adiantando que estão alocados ao tratamento da covid-19 mais de 19 mil camas e mais de 1.900 ventiladores.

Para o secretário de Estado, “existe capacidade para expandir ao nível da enfermaria e ao nível dos cuidados intensivos” nos hospitais do país.

Em relação à vacinação, Lacerda Sales disse que o Governo pretende seguir o “plano preconizado”, depois de a Pfizer se ter “comprometido com 1,2 milhões de vacinas até ao final deste primeiro trimestre”.

“Existem doses suficientes para aqueles que foram vacinados com a primeira dose”, assegurou.

Contudo, admitiu a possibilidade de “mudar de estratégia” a qualquer altura, dando como exemplo a necessidade de começar a vacinação nos lares “a uma maior velocidade”.

A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 2.041.289 mortos resultantes de mais de 95,4 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 9.246 pessoas dos 566.958 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

Outra vacina

O diretor médico da Janssen, Manuel Salavessa, estimou que as primeiras 1,25 milhões de doses da vacina desenvolvida pela Johnson & Johnson possam estar disponíveis em Portugal no segundo trimestre de 2021.

Fazendo um ponto da situação da vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela Johnson & Johnson, Manuel Salavessa adiantou à agência Lusa que os 45.000 voluntários do ensaio de fase III estão todos vacinados desde 17 de dezembro.

“Esperamos ter os primeiros resultados de fase III ainda neste mês de janeiro para, se forem positivos, como esperamos, submetermos posteriormente à EMA [Agência Europeia do Medicamento] o nosso pedido de autorização”, afirmou o diretor Médico da Janssen, companhia farmacêutica do grupo.

Após aprovação, vincou, “o compromisso com as autoridades, nomeadamente as portuguesas, é que as primeiras doses possam estar disponíveis no segundo trimestre de 2021”.

O acordo com a Comissão Europeia prevê para este ano 200 milhões de doses com uma opção de 200 milhões de doses adicionais.

Para Portugal, precisou Manuel Salavessa, o compromisso é de 4,5 milhões de doses para 2021, das quais 1,25 milhões no segundo trimestre 2021.

“Considerando que será uma vacina de dose única, julgamos ser um contributo muito significativo em termos da população portuguesa e para o combate à pandemia”, sublinhou o responsável.

O plano de vacinação contra a covid-19 em Portugal começou em 27 de dezembro nos hospitais, abrangendo os profissionais de saúde, e já se estendeu aos lares de idosos.

Segundo os últimos dados avançados pelo Ministério da Saúde, já foram administradas 106 mil vacinas em Portugal.

A primeira fase do plano, até final de março, abrange também profissionais das forças armadas, forças de segurança e serviços críticos. Nesta fase, serão igualmente vacinadas, a partir de fevereiro, pessoas de idade igual ou superior a 50 anos com pelo menos uma das seguintes patologias: insuficiência cardíaca, doença coronária, insuficiência renal ou doença respiratória crônica sob suporte ventilatório e/ou oxigenoterapia de longa duração.

A segunda fase arranca a partir de abril e inclui pessoas de idade igual ou superior a 65 anos e pessoas entre os 50 e os 64 anos, inclusive, com pelo menos uma das seguintes patologias: diabetes, neoplasia maligna ativa, doença renal crônica, insuficiência hepática, hipertensão arterial, obesidade e outras doenças com menor prevalência que poderão ser definidas posteriormente, em função do conhecimento científico.

Na terceira fase, será vacinada a restante população, em data a determinar. As pessoas a vacinar ao longo do ano serão contactadas pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS).

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