Da Redação com Lusa
Portugal está \’na primeira liga\’ na produção de azeite e “brevemente” poderá chegar ao “pódio dos três campeões”, graças ao crescimento da sua capacidade produtiva, indicou diretor executivo do Conselho Oleícola Internacional (COI), Jaime Lillo.
“Há projetos em todos os países, atualmente, para a melhoria da respectiva capacidade produtiva”, mas, com “o ritmo de crescimento que tem tido” e as previsões existentes, Portugal “está claramente na primeira liga” dos países produtores de azeite, disse o mesmo responsável.
Em Beja, à margem de uma reunião com diversas entidades portuguesas das áreas da olivicultura e da produção de azeite, Jaime Lillo manifestou-se à Lusa confiante de que “brevemente” Portugal integre “o pódio dos três campeões da produção”.
Uma delegação do COI iniciou hoje uma visita a Portugal, que termina na quarta-feira, para conhecer presencialmente a realidade dos lagares e da produção de azeite no País, em particular da região do Alentejo.
Tendo como anfitriã a OLIVUM – Associação de Olivicultores e Lagares de Portugal, o programa arrancou com a reunião em Beja, na qual participaram igualmente a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), CONFAGRI – Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal e Casa do Azeite.
Visitas a olivais, a lagares e à Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA), assim como apresentações de projetos de investigação e educativos, são os destaques destes dois dias de visita técnica.
Jaime Lillo, que está a cumprir o seu primeiro ano de mandato como diretor executivo do COI, justificou à Lusa que tinha “um interesse particular em visitar Portugal”, que produz azeites “de excelente qualidade”, e, em particular, o Alentejo.
Isto porque o Alentejo, em termos mundiais, “é uma das regiões, senão a região, mais inovadora, mais competitiva e onde se produziu uma autêntica revolução no cultivo” do olival, frisou.
“O que acontece no Alentejo é uma referência internacional do que é a olivicultura moderna, a olivicultura competitiva, de precisão e, além disso, também sustentável e de qualidade”, elogiou.
Também em declarações à Lusa, à margem da reunião em Beja, a diretora executiva da OLIVUM, Susana Sassetti, argumentou que existe “muito interesse” na plantação de olival em Portugal, pelo que ainda há “manobra para crescer” no país.
“Se continuarmos assim, eu acho que sim, passaremos aqui seguramente ao terceiro produtor mundial de azeite”, vaticinou, lembrando que Portugal já está “no 6.º ou 7.º” lugar desta lista.
Susana Sassetti lembrou que, no país e sobretudo no Alentejo, “há muito olival que ainda não entrou em produção” e “plantações jovens que ainda não entraram na sua produção máxima”, além de que se trata de “uma cultura muito rentável” para os produtores.
Produção do ano
Lillo ainda disse que “os indícios” apontam para “uma boa produção” de azeite na próxima campanha olivícola, o que vai impactar a formação dos preços desse produto.
“Os indícios são de que vai haver uma boa produção, mas é preciso esperar ainda pelas primeiras estimativas, e creio que isso terá uma consequência direta na formação dos preços”, afirmou o responsável em Beja. Para Jaime Lillo, “ainda é cedo” para saber se os preços vão subir ou descer, mas as perspectivas são positivas.
“Agora é que vão começar a surgir as estimativas oficiais das campanhas dos principais países produtores” de azeite, após o que será possível conhecer melhor a situação, sublinhou.
Questionado pela Lusa sobre a subida do preço do azeite em 2023, que no caso de Portugal aumentou mais de 70%, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), o diretor executivo do COI reconheceu que, nos últimos dois anos, houve “um retrocesso da produção”, o que implicou “níveis de preços totalmente inéditos”.
“Nunca tínhamos visto preços tão altos, porque houve uma escassez de produto”, mas, “esperamos que a tendência de crescimento das produções e do consumo seja recuperada brevemente”, argumentou.
Segundo Jaime Lillo, a procura do azeite tem vindo a aumentar e a alargar-se a nível mundial, enquanto, em resultado das duas últimas campanhas, a produção diminuiu.
“A nível mundial, as tendências são bastante claras, quanto mais azeite produzimos, mais azeite é consumido, quer dizer, não se consome mais azeite porque não existe”, afirmou.
E, continuou, “cada vez há mais pessoas que vão descobrindo o azeite”, pelo que tem havido “um incremento importante do consumo de azeite em regiões não tradicionais, não mediterrânicas, como é o caso dos Estados Unidos, Canadá, Brasil, China, Japão e Austrália”.
Contudo, “há muita margem para crescer”, visto que o azeite “não alcança os 2% do consumo de óleos vegetais”, assegurou o responsável do COI, organização intergovernamental criada pelas Nações Unidas em 1959 que integra 46 países, incluindo os 27 da União Europeia.
A anfitriã da visita do COI a Portugal é a OLIVUM – Associação de Olivicultores e Lagares de Portugal, com 49 mil hectares de olival, 130 grupos associados, mais de 300 explorações e 18 lagares.
Após a reunião em Beja, em que participaram também a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), CONFAGR – Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal e Casa do Azeite, a diretora executiva da OLIVUM, Susana Sassetti, estimou uma “boa produção” este ano, a nível nacional.
Se o cenário atual se mantiver, será “uma boa produção, provavelmente idêntica à que foi o ano passado, mas ainda é cedo para dizer”, indicou, acrescentando que em Espanha, país que influencia os preços do azeite, é esperada uma produção “muito maior” do que a dos dois últimos anos, o que é um indicador positivo: “Prevê-se que, entretanto, os preços possam baixar por causa disso”.