Da Redação
Com Lusa
O Banco de Portugal prevê que a taxa de desemprego seja de 7,5% em 2020, uma revisão em baixa face aos 10,1% projetados no Boletim Econômico de junho.
O Boletim conhecido nesta terça-feira aponta que, devido à contração da atividade decorrente da pandemia de covid-19, haja um aumento da taxa de desemprego para 7,5% em termos médios anuais, face aos 6,5% em 2019, valor que representa uma revisão em baixa face à divulgada em junho.
“A especificidade da crise pandêmica implicou uma diminuição da taxa de desemprego no primeiro semestre de 2020, num quadro de uma redução significativa da população ativa. Com a normalização gradual das circunstâncias associadas à pandemia, projeta-se um aumento da taxa de desemprego e da população ativa na segunda metade do ano”, lê-se no documento do banco central.
Recuperação lenta
O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, estimou que a recuperação da economia continuará, mas que “vai ser cada vez mais lenta”.
“É importante fixarmo-nos nesta ideia de que recuperação vai continuar, mas vai ser cada vez mais lenta”, afirmou Centeno na sede do Banco de Portugal, em Lisboa, na conferência de imprensa de apresentação do boletim.
Segundo o responsável máximo pelo banco central, a recuperação vai levar “mais alguns semestres” e “provavelmente os mais difíceis” devido à reafetação de recursos que haverá na economia, mas também admitiu que evolução econômica continua “envolta em enorme incerteza”.
No Boletim Econômico divulgado, o Banco de Portugal prevê uma recessão econômica de 8,1% em 2020 devido à pandemia de covid-19, melhor do que a queda de 9,5% projetada em junho.
De acordo com o ex-ministro das Finanças (de governos PS, entre novembro de 2015 e junho de 2020), a recessão agora projetada para este ano está alinhada com a prevista para a zona euro, pelo que “a divergência projetada em junho neste momento não existe em termos de evolução do PIB [Produto Interno Bruto]”.
Contudo, explicou Mário Centeno, a composição da queda do PIB é diferente em Portugal e no conjunto da zona euro.
A previsão da queda da Formação Bruta de Capital Fixo (investimento) é menor em Portugal do que na zona euro e também a queda do consumo é menor em Portugal do que no conjunto dos países que partilham a moeda única.
Contudo, acrescentou o governador do Banco de Portugal, a queda das exportações prevista é mais alta em Portugal e penaliza significativamente a economia portuguesa, devido sobretudo às exportações de serviços (que inclui turismo).
O Banco de Portugal estimou hoje uma queda das exportações de bens e serviços de 19,5% este ano, ainda assim melhor do que a prevista em junho (então estava prevista uma queda de 25,3% para a totalidade de 2020).