Mundo Lusíada
Com agencias
O Ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, Jorge Moreira da Silva, anunciou que Portugal já investiu mais de 14 milhões de euros em projetos de apoio ao combate às alterações climáticas nos países de língua oficial portuguesa, que beneficiam a economia portuguesa e os países receptores.
“Este compromisso já se traduziu em 12 compromissos contratuais, no valor de 10,9 milhões de euros”, disse Jorge Moreira da Silva, num evento que Portugal organizou, em paralelo à 19ª Sessão da Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (COP 19), em Varsóvia.
“Posso também anunciar que há projetos adicionais em fase final de contratação, no valor adicional de 3,4 milhões de euros, subindo assim o montante global já contratualizado para os 14,3 milhões de euros”, acrescentou o Ministro.
O evento contou com a presença, entre outros, da Vice-Ministra para a Coordenação da Ação Ambiental de Moçambique, Ana Chichava, da Embaixadora de Portugal na Polónia, Maria Amélia Paiva, e da Embaixadora de S. Tomé em Príncipe no país, Elisa Afonso de Barros, bem como de participantes de todo o mundo na COP 19, de empresários e de organizações não governamentais.
Estes investimentos reduzem as emissões de gases de efeito estufa para a atmosfera, beneficiam a indústria e as empresas portuguesas, criam emprego em Portugal e fazem o mesmo nos países que implementam os projetos, além de darem novas oportunidades às comunidades locais, divulga o governo português.
No pacote de novos projetos em vias de contratação, dois são em Cabo Verde, Moçambique e S. Tomé. O primeiro tem como objetivo a capacitação para o desenvolvimento de estratégias resilientes de baixo carbono (que visa dotar os três países de recursos humanos capazes de levar a cabo estratégias de mitigação e adaptação), enquanto o segundo visa incluir a adaptação às Alterações Climáticas na definição das políticas públicas dos países. Deste conjunto, faz parte ainda um projeto que será desenvolvido em Moçambique e que visa aumentar a capacidade de adaptação aos impactos das Alterações Climáticas em nove municípios.
“Fico muito contente ao ver empresas portuguesas envolvidas nestes projetos, que demonstra o nosso espírito inovador e empreendedor no setor das energias renováveis, mas também em termos da gestão a procura energética”, disse Jorge Moreira da Silva. “É através destes exemplos que faremos a diferença e que poderemos fazer uma ligação entre as salas de negociação para a realidade”, acrescentou.
Brasil em destaque
A 19ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 19), que segue até 22 de novembro, na Polônia, reúne os países em um esforço conjunto para estabilizar as concentrações de gases de efeito de estufa em níveis que não impliquem alterações perigosas para o planeta.
No plenário da conferência a ministra do Meio Ambiente do Brasil, Izabella Teixeira, destacou a urgência do envolvimento da comunidade internacional em ações para frear o aquecimento global. “A ambição é o único elemento realmente capaz de produzir o regime aprimorado de que o mundo tanto precisa”, declarou.
Os resultados brasileiros no corte de emissões de gases de efeito estufa e a liderança do País nas políticas de combate às mudanças climáticas foram ressaltados. A ministra afirmou que, apesar de voluntária, a redução nacional de liberação de carbono na atmosfera já ultrapassou os índices alcançados, até agora, por todas as nações desenvolvidas do Anexo 1 do Protocolo de Kyoto, acordo global que estabelece metas obrigatórias de diminuição das emissões.
Izabella defendeu, ainda, que as nações contabilizem a própria contribuição histórica para o aquecimento global e enfatizou a importância da responsabilidade compartilhada no processo. “Transparência é um elemento indispensável em nossa luta”, afirmou.
No evento que Portugal organizou foram ainda apresentados dois projetos em Moçambique como dois bons exemplos: o Projeto 50 Vilas, que assegura a eletrificação através de minicentrais solares de meia centena de localidades moçambicanas, e o projeto Atlas de Energias Renováveis, que mapeia o potencial energético renovável no país.
Tecnologia exportada
Por meio do Inpe, a experiência do Brasil no monitoramento da Amazônia com imagens de satélite vem sendo compartilhada com países em desenvolvimento. A política brasileira de código aberto de tecnologias de geoinformática e gerenciamento de grandes bancos de dados tem permitido que outros países adaptem as ferramentas para atender suas condições específicas.
Um dos exemplos é o TerraCongo, que já está em operação na República Democrática do Congo e foi criado a partir do TerraAmazon, tecnologia desenvolvida pelo Inpe para seus sistemas Prodes e Deter, usados no monitoramento da Amazônia.
O projeto apresentado na COP-19 ampliará a capacitação técnica dos países da África Central no uso de imagens de satélites para monitoramento de suas florestas. A ideia é que as nações tenham autonomia no monitoramento de seus recursos naturais e gerem suas próprias informações para o desenvolvimento de políticas públicas voltadas para a redução de emissões por desmatamento e degradação.
Além da transferência da tecnologia de monitoramento, o projeto contempla a instalação de uma estação de recepção de dados de satélite e a atualização de outra já existente na África Central, no Gabão. Isto permitirá com que todos os países da região tenham acesso aos dados de satélite e possam, portanto, dar continuidade ao seu monitoramento após a capacitação técnica.