Da Redação
Com RTP
Em 2017, Portugal manteve o 14º lugar no ranking que faz a avaliação dos serviços de saúde europeus, apesar de uma ligeira descida na pontuação, relacionada com a maior exigência na avaliação dos resultados.
O ranking é elaborado pela organização Health Consumer Powerhouse, o Euro Health Consumer Index (EHCI) e compara anualmente 35 países em seis áreas: direitos e informação dos doentes, acessibilidade, resultados, diversidade e abrangência dos serviços prestados, prevenção e produtos farmacêuticos.
Portugal está em 14º lugar, com 747 pontos em mil pontos possíveis, à frente de sistemas de saúde como o do Reino Unido (15º lugar, 735 pontos), Espanha (18º lugar, 695 pontos), Itália (20º lugar, 675 pontos).
A Holanda tem o melhor sistema de saúde europeu (924 pontos), de acordo com o estudo, seguida pela Suíça (2º) e a Dinamarca (3º).
Entre a melhoria dos indicadores registrados por Portugal constam os relativos aos direitos e informação dos doentes, aos resultados e à prevenção.
Um dos indicadores avaliados refere-se ao custo com os cuidados ao doente, no qual Portugal se encontra em penúltimo lugar, gastando menos de metade do que despende a vencedora Holanda.
Nesta avaliação, elaborada com o recurso às cores vermelho, amarelo e verde, que classificam de mau, de mais ou menos e de bom os vários indicadores.
Os sinais vermelhos foram para seis indicadores, nos quais se consta o acesso direto a um médico especialista, as infecções hospitalares ou o número de cesarianas.
Um dos indicadores em que Portugal obtém um dos piores resultados é o nível das infecções em ambiente hospitalar, na avaliação da bactéria MRSA (Staphylococcus aureus resistente à meticilina).
Portugal recebeu também sinal vermelho no número de cesarianas, ocupando o sétimo lugar e a registrando o dobro das intervenções que realiza a Holanda.
Portugal obteve 21 classificações positivas, como no acesso à terapia contra o câncer em menos de 21 dias, na mortalidade infantil, na perda de potenciais anos de vida, operações às cataratas ou no transplante de rins.
Com a cor amarela foram 18 os indicadores que Portugal recebeu, entre os quais o acesso ao médico de família no próprio dia, a sobrevivência ao cancro, cuidado de idosos ou a depressão.
A classificação de Portugal é positiva ao nível dos abortos realizados por cada mil nados vivos, mas também nos tempos médios de espera nos serviços de urgência, na cobertura dos cuidados de saúde oral e no número de horas de atividade física no período escolar.
Portugal registrou pontuação máxima nos dois novos indicadores introduzidos em 2017: acesso informático do processo clínico do doente e percentagem de doentes com diabetes diagnosticados e controlados.
No acesso a marcações de consultas online, Portugal recebeu uma das duas distinções por parte do estudo.
Satisfatório
A diretora-geral da Saúde manifestou-se satisfeita com a posição de Portugal no `ranking`.
“De um modo geral, estamos satisfeitos com a posição pois são 35 países e Portugal ocupa a 14.ª posição, pelo segundo ano consecutivo. Isto tem que ver com a consistência do nosso trabalho e com a ação junto dos doentes”, afirmou Graça Freitas.
A responsável sublinhou que Portugal vem da 20ª posição e que agora já está à frente de países como Espanha, Reino Unido e Irlanda, mas diz que “o objetivo é melhorar sempre”.
“De fato, melhoramos numa área importante, que é o tempo de espera para serviços de urgência e na intervenção de saúde oral, e melhoramos na atividade física, que era uma área onde tínhamos de fazer algo pois é conhecido que somos dos países mais sedentários”, exemplificou Graça Freitas.
A diretora-geral da Saúde destacou ainda uma área em que Portugal obteve a pontuação máxima, que foi a do diagnóstico da diabetes, “um dos grandes problemas de saúde no país”.
Quanto às infecções hospitalares, em que Portugal recebeu pior nota (é o terceiro da lista dos piores, apenas atrás de países como a Romênia e Malta), Graça Freitas reconheceu que Portugal “partiu de valores bastante maus”, mas diz que nos últimos dois a três anos “tem sido feito um esforço enorme”.
“Um dos programas prioritários para o nosso país é o do controlo da infecção associada aos cuidados de saúde e da resistência aos antimicrobianos. A boa notícia é que temos estado a melhorar, mas em relação a países que nos levam algum avanço ainda temos algum terreno a recuperar”, disse.
Para a responsável, “Portugal partiu de um ponto muito negativo e [a recuperação] levará o seu tempo”, mas os dados têm “melhorado de ano para ano”.