Da Redação
Com Lusa
Portugal está no final da lista da Europa Ocidental no bem-estar social e econômico das pessoas com 60 ou mais anos de idade, só à frente de Malta e Grécia. A nível mundial e 38º entre 96 países estudados.
Os dados são do Índice Global AgeWatch 2015, que classifica os países de acordo com o bem-estar social e econômico das pessoas mais velhas, e que é realizado pela HelpAge, uma rede global que promove os direitos e as necessidades das mulheres e dos homens mais idosos.
Entre os 96 países do mundo avaliados, Portugal aparece em 38.º lugar, ou seja, entre os quarenta melhores e acima do meio da tabela, mas quando a análise é feita tendo em conta os 19 países da Europa Ocidental, Portugal é remetido para a base da tabela, sendo o terceiro pior, só à frente de Malta e da Grécia.
Os primeiros lugares, entre os países da Europa Ocidental, são ocupados pela Suíça, Noruega, Suécia e Alemanha, países que ocupam os mesmos lugares na tabela a nível mundial. Comparativamente com o Índice de 2014, Portugal cai uma posição, mas olhando para 2013 a queda é de quatro lugares.
Por indicadores, o pior resultado de Portugal é em matéria de capacitação, que inclui o emprego e a educação entre as pessoas mais velhas, em que fica em 83.º lugar, quatro lugares abaixo da 79.ª posição conquistada em 2014.
Para este lugar contribuem as elevadas taxas de desemprego, já que, segundo o relatório, dados recentes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) mostram que Portugal tem a terceira taxa de desemprego mais elevada para os trabalhadores com idade entre os 55 e os 64 anos, chegando aos 13,5% em 2014, só sendo superado pela Espanha e pela Grécia. Por outro lado, a taxa de emprego entre os portugueses mais velhos está nos 46,9%, nove pontos percentuais abaixo da média para a região.
Para além da capacitação, o Índice avalia os resultados em matéria de rendimentos, saúde e ambiente favorável e é neste último indicador que Portugal alcança o segundo pior resultado, com um 51.º lugar. Neste indicador, o relatório refere que a “proliferação” de lares ilegais “está a tornar-se um grave problema em Portugal”, apontando para estimativas que dão conta de que cerca de 20 mil idosos vivem em 3 mil lares ilegais e para um estudo que diz haver mais de 39 mil idosos que vivem sozinhos ou isolados.
Refere também o facto de o Governo ter reduzido as tarifas para os mais idosos nos transportes públicos ou de os idosos portugueses serem frequentemente vítimas de fraudes ou vários tipos de violência.
Em matéria de saúde, Portugal consegue um 23.º lugar e aqui é referido que o setor da saúde continua a ser um pilar forte, que providencia serviços de qualidade e a preços razoáveis, com os quais a maior parte da população conta. “No entanto, as medidas de austeridade contribuíram para a deterioração (…) e um exemplo está nos doentes oncológicos de zonas rurais isoladas, que são forçados a parar o tratamento por causa dos cortes no orçamento da saúde para os transportes”, refere.
Segundo o Global AgeWatch 2015, aos 60 anos de idade, os portugueses têm a expectativa de viver mais 24 anos, 18 deles com saúde, e 86% das pessoas com mais de 50 anos sente que a sua vida tem sentido.
A melhor posição que Portugal conseguiu foi no indicador Estabilidade no Rendimento, com um 11.ª posição, onde a população idosa portuguesa aparece descrita como tendo sido fortemente afetada pelas medidas de austeridade e como uma taxa de pobreza a rondar os 7,8% apesar de todas as pessoas com mais de 65 anos terem acesso a uma pensão.
No global, a Suíça ocupa o primeiro lugar, enquanto o Afeganistão permanece no último lugar da tabela. Tal como em 2013 e em 2014, os 19 primeiros lugares são ocupados por países industrializados.