Da Redação
Portugal e Espanha vão formar um consórcio para a computação avançada para apresentarem uma candidatura conjunta a fundos europeus nesta área. Em novembro, na Cimeira Luso-Espanhola, os dois Governos comprometeram-se a promover uma candidatura conjunta para a instalação de duas máquinas de computação avançada, uma em cada país.
Este projeto conjunto desenvolveu-se a partir da decisão, tomada em setembro de 2018 pelos Ministros da Ciência da União Europeia, de desenvolvimento de supercomputadores com a criação de uma empresa comum europeia para a computação de alto desempenho.
O Ministro português da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, esteve em Barcelona, onde se reuniu com o Ministro da Ciência, Inovação e Universidades de Espanha, Pedro Duque, para avaliar o avanço dos acordos resultantes da Cimeira Luso-Espanhola.
A candidatura peninsular (que irá concorrer com a de países da Europa do Norte e de Leste) dará a Portugal uma “capacidade de computação inédita” para processar dados, nomeadamente em aplicativos na área da inteligência artificial, como condução autônoma, cibersegurança e mobilidade nas cidades, segundo o Ministro.
A candidatura está a ser trabalhada pelos dois países no âmbito da Rede Ibérica de Computação Avançada, e envolve o Barcelona Supercomputing Center – Centro Nacional de Supercomputação (BSC-CSN) e a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).
Caso vença, o projeto trará para Espanha e para Portugal dois supercomputadores da empresa comum europeia para a computação de alto desempenho (EuroHPC), a instalar em Barcelona e em Braga, na Universidade do Minho.
Infraestrutura europeia de supercomputação
A EuroHPC visa adquirir, desenvolver e instalar em toda a Europa uma infraestrutura de computação de alto desempenho e de craveira mundial, através de dinheiro do orçamento da União Europeia e contribuições individuais dos Estados-Membros participantes, de países associados e entidades privadas.
A EuroHPC tem a incumbência de adquirir supercomputadores e gerir o seu acesso a um largo espetro de utilizadores públicos e privados, assim como apoiar o desenvolvimento de tecnologias de supercomputação, incluindo microprocessadores de baixo consumo energético, e concepção colaborativa de máquinas de computação de alto desempenho.
Em 2018, o Centro de Supercomputação de Barcelona, que acolhe o supercomputador MareNostrum, um dos mais potentes da Europa e um dos com maior capacidade de processamento do mundo, e a FCT assinaram um acordo de cooperação para a instalação na Universidade do Minho do primeiro supercomputador a funcionar em Portugal.
Parte da infraestrutura computacional foi cedida à FCT pela Universidade do Texas em Austin, tendo o supercomputador como objetivo processar dados produzidos pelo Centro de Investigação Internacional sobre o Atlântico nos Açores (AIR Centre), a rede científica que envolve vários países em áreas como o clima, o espaço e os oceanos.
Outra cooperação
No âmbito da deslocação do Ministro Manuel Heitor a Barcelona, foi assinado um protocolo que possibilitará que empresas e físicos portugueses possam, respectivamente, fornecer novos equipamentos e utilizar o laboratório de luz sincrotrão ALBA, um complexo espanhol de aceleradores de partículas que permite visualizar a estrutura atômica e molecular dos materiais e estudar as suas propriedades, e que é o mais importante da região do Mediterrâneo.
Manuel Heitor disse ainda à agencia Lusa que Portugal e Espanha pretendem reforçar a cooperação transfronteiriça, nomeadamente entre as regiões de Trás-os-Montes e Castela e Leão, nas áreas da agricultura e transformação digital, e do Alentejo e Andaluzia, nos domínios da energia sustentável e gestão da água.
As decisões sobre esta cooperação deverão ser tomadas na próxima Cimeira Luso-Espanhola, em junho, na Guarda.