Portugal é dos principais destinos do investimento chinês na Europa, diz embaixador

Mundo Lusíada
Com Lusa

Aníbal Cavaco Silva (D), acompanhado pela mulher, Maria Cavaco Silva (C) e pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete (E), durante a visita à Cidade Proibida,  em Pequim, 15 de maio de 2014. ESTELA SILVA/LUSA
Aníbal Cavaco Silva (D), acompanhado pela mulher, Maria Cavaco Silva (C) e pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete (E), durante a visita à Cidade Proibida, em Pequim, 15 de maio de 2014. ESTELA SILVA/LUSA

Portugal tornou-se nos últimos anos um dos principais destinos do investimento chinês na Europa, logo a seguir ao Reino Unido, Alemanha e França, segundo o embaixador português na China, Jorge Torres-Pereira. “Neste momento, estamos a disputar o quarto lugar com a Itália, que é outra das grandes economias europeias”, precisou o diplomata.

Segundo referiu, desde que a China Three Gorges comprou 21,3% da EDP, em 2012, o montante do investimento chinês em Portugal já ultrapassou os 10.000 milhões de euros.

Torres Pereira falava num encontro com jornalistas chineses destinado a “amplificar” a conferência realizada na quarta-feira em Lisboa com a presença do chefe do governo português, Pedro Passos Coelho, do vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, sob o tema “Invest in Portugal: right choice, right time”,

O embaixador português em Pequim destacou também que mais de 80% das cerca de 3.500 autorizações de residência em Portugal concedidas até ao final de março no âmbito dos “vistos gold” foram atribuídas a cidadãos chineses.

“Portugal está no radar dos investidores chineses e são os investidores chineses que já conhecem Portugal que estão agora a transmitir a ideia de que o país é um destino interessante”, afirmou Jorge Torres-Pereira.

Sobre a situação no país, o embaixador português insistiu que “Portugal está a entrar num novo ciclo de crescimento” e que a sua economia “é uma das mais competitivas” da Europa. “Os tempos sombrios pertencem ao passado”, disse.

Na conferência, organizada pela Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), intervieram também os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Economia, Rui Machete e António Pires de Lima, respectivamente, e vários empresários estrangeiros.

Um dos empresários – referiu Torres-Pereira – foi Ling Jiang Xu, representante em Lisboa da Fosun, o consórcio chinês que já comprou a seguradora Fidelidade e a Luz-Saúde e é apontado como um dos candidatos à compra do Novo Banco.

Três embaixadores de Portugal – colocados na Alemanha, Brasil e China – participaram também na iniciativa através de vídeo-conferência.

“A China tornou-se uma prioridade para os nossos exportadores e as nossas instituições”, afirmou o embaixador português em Pequim no encontro com a imprensa realizado na manhã de 10 de abril na sua residência.

Torres-Pereira considerou “excelentes” as relações politicas bilaterais, salientando que Portugal foi dos primeiros países europeus com quem a China estabeleceu um acordo de “parceria estratégica global”, há dez anos.

No final do encontro, Torres-Pereira convidou os jornalistas a saborearem um pastel de natal, doce conhecido na China como “pu shi dan ta” (tarte de ovo de estilo português) e que segundo o diplomata, “Portugal quer realmente internacionalizar”.

Além da China Three Gorges e do grupo Fosun, duas outras empresas chinesas, a China State Grid e a Beijing Entreprises Water Group, compraram participações em companhias portuguesas. Já no ano passado, uma filial da Haitiong Securities, empresas financeira com sede em Xangai, comprou o Banco Espírito Santo de Investimento (BESI) por 379 milhões de euros.

Segunda economia mundial, a seguir aos Estados Unidos da América, a China tem as maiores reservas cambiais do planeta, estimadas em cerca de 3,8 biliões de dólares.

Visto Gold
De acordo com os dados da Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário (CPCI), os cidadãos chineses continuam a representar 80% do total de investidores estrangeiros através do Visto Gold. Na sequencia aparece o Brasil (4%), a Rússia (3%), a África do Sul (2%) e o Líbano (2%), como os mais ativos.

A compra de imóveis caiu de 55 milhões de euros em Fevereiro para 45 milhões de euros em Março mas, somando as transferências de capital, a redução do total de investimentos captados abrandou, caindo de 62 milhões de euros em fevereiro para 54 milhões de euros em março, registrando uma média mensal de 77 milhões de euros. A CPCI atribui esta queda às expectativas criadas junto dos investidores quanto às novas alterações legislativas ao programa, anunciadas em Fevereiro pelo vice-primeiro-ministro, Paulo Portas.

O programa de atribuição de vistos prevê a emissão de autorizações de residência a estrangeiros, oriundos de fora do espaço Schengen, que invistam em Portugal por um período mínimo de cinco anos. O Ministério da Administração Interna decidiu em Novembro investigar a atribuição destes vistos, na sequência da Operação Labirinto, que desmantelou uma rede de corrupção, na qual participaram representantes de organismos do Estado.

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