Da Redação com Lusa
Os governos de Portugal e de Cabo Verde assinam na segunda-feira, na Praia, no final da VI Cimeira entre os dois países, um Programa Estratégico de Cooperação 2022-2026, que vai envolver cerca de 95 milhões de euros.
Este programa, de acordo com fonte do Governo português, será assinado no segundo e último dia de visita do primeiro-ministro, António Costa, a Cabo Verde, país ao qual vai chegar hoje, ao início da tarde, proveniente de Bissau.
Em Cabo Verde, o líder do executivo português estará acompanhado pelos ministros de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, da Justiça e da Administração Interna, Francisca Van Dunem, e pelo secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Francisco André.
Segundo fonte do executivo português, a VI Cimeira entre Cabo Verde e Portugal, que deveria ter-se realizado em 2021, mas foi adiada por causa da covid-19, “vai contribuir para um importante reforço da cooperação bilateral no contexto da recuperação pós-pandemia”.
Além do Programa Estratégico de Cooperação 2022-2026, que “prevê um financiamento no montante indicativo de 95 milhões de euros para a componente projetos, programas e ações”, durante a cimeira será também assinado um programa anual de cooperação técnico-policial e um memorando de entendimento sobre cooperação no domínio da justiça.
Nesta cimeira, os governos português e cabo-verdiano preparam-se ainda para fechar um memorando de entendimento nos domínios do desporto e juventude, e um protocolo de cooperação relativo à implementação da Rede de Bibliotecas Escolares e do Plano Nacional de Leitura de Cabo Verde.
Pouco depois de chegar à Praia, António Costa teve encontro com a comunidade portuguesa no Hotel Oásis Praiamar, deslocando-se depois à Cidade Velha, onde a Capela Gótica da Igreja de Nossa Senhora do Rosário foi restaurada com apoio da cooperação portuguesa.
Ao fim da tarde, o seu homólogo cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, oferece aos membros do Governo português uma recepção na Escola de Hotelaria e Turismo da Praia.
Na segunda-feira, António Costa tem um pequeno-almoço de trabalho com o Presidente da República de Cabo Verde, José Maria Neves, no Palácio Presidencial, e visita depois a Escola Portuguesa, onde vai inaugurar novos pavilhões.
Nesta cerimónia, na Escola Portuguesa, estão previstos discursos dos primeiros-ministros Ulisses Correia da Silva e de António Costa, assim como do ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues.
Cidade Velha
Costa elogiou os trabalhos de reabilitação na Cidade Velha, em Cabo Verde, recordando tratar-se de um patrimônio que uniu os dois povos.
“É um trabalho muito emocionante de recuperação deste patrimônio riquíssimo da Cidade Velha e que é uma das marcas daquilo que nos uniu ao longo de tantos séculos”, reconheceu António Costa, em declarações aos jornalistas.
Costa visitou ao final da tarde a igreja de Nossa Senhora do Rosário, no centro da Cidade Velha, localidade próxima da cidade da Praia que está classificada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) como Patrimônio da Humanidade desde 10 de maio de 2009.
A igreja de Nossa Senhora do Rosário é considerada o mais antigo edifício histórico da Cidade Velha que se mantém intacto e integra uma capela gótica, recuperada com o apoio da Cooperação Portuguesa.
“É uma herança construída por todos e é uma herança que hoje é patrimônio comum da Humanidade e que Cabo Verde tão bem tem sabido valorizar, e que é um grande fator de valorização de todo este território e da nossa história comum”, destacou António Costa, sobre a reabilitação e preservação da Cidade Velha.
Desde 26 de junho de 2009 que a Cidade Velha é também uma das Sete Maravilhas do Mundo de origem portuguesa.
Construída em 1495, a igreja de Nossa Senhora do Rosário, no concelho de Ribeira Grande de Santiago (Cidade Velha), onde pregou o padre António Vieira e por onde terão passado Vasco da Gama e Cristóvão Colombo, integra um dos raros exemplos da arquitetura gótica na África subsaariana, possuindo características típicas da arquitetura quinhentista.
Foi construída no local onde existia uma pequena capela gótica, fazendo esta parte da estrutura atual, com influência manuelina, com arco quebrado, ladeado por duas gárgulas, e cobertura em abóbada de nervuras com fechos policromos, segundo a descrição disponibilizada pelo executivo cabo-verdiano.
Arqueólogos do Instituto do Património Cultural (IPC) de Cabo Verde realizaram uma intervenção de urgência na capela gótica daquela igreja, depois de descobertas imagens de santos durante uma escavação, trabalhos financiados pelo Instituto Camões, de Portugal.