Mundo Lusíada
Com Lusa
O Presidente português, durante homenagem à aviação naval portuguesa, criada há 100 anos, anunciou que em 2022 Portugal e o Brasil vão celebrar em conjunto o centenário da primeira travessia do Atlântico Sul.
O chefe de Estado e Comandante Supremo das Forças Armadas falava durante uma cerimônia comemorativa dos cem anos da aviação naval, em Belém, Lisboa, junto ao monumento que assinala a travessia aérea realizada por Sacadura Cabral e Gago Coutinho no hidroavião “Lusitânia”, em 1922, no último dia 28.
“Quero realçar, pela sua esmagadora grandeza e valor científico, a primeira travessia aérea do Atlântico Sul, que celebraremos em conjunto com o Brasil em 2022, levada a cabo por dois ilustres oficiais da Marinha: os heroicos, então comandantes, Artur Sacadura Cabral e Carlos Gago Coutinho”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa.
O acadêmico Cyrne de Castro, que foi aviador nos anos 50, pediu que essa efeméride seja devidamente celebrada: “Este centenário merece que nos empenhemos numa melhor consciencialização do significado daquele feito aeronáutico e do que ele contribuiu para o prestígio de Portugal e para o desenvolvimento da segurança na navegação aérea em todo o mundo”.
“Dentro de cinco anos é daqui a pouco tempo”, salientou o comandante, membro da Academia de Marinha.
O Presidente da República referiu que Gago Coutinho e Sacadura Cabral, “mais do que atravessar o Atlântico num pequeno hidroavião, comprovaram o rigor do seu sistema de navegação, pioneiro entre os demais e precursor do irreversível progresso da navegação aérea”.
“Por isso, aqui lhes rendo, uma vez mais, em nome de Portugal e de todos os portugueses, a minha homenagem, não esquecendo o crucial papel do primeiro no lançamento e direção no quadro da nova aviação naval”, acrescentou.
Marcelo Rebelo de Sousa lembrou que a aviação naval portuguesa nasceu “naqueles anos da Grande Guerra”, quando “os submarinos devastavam no Atlântico e no Mediterrâneo” e foi necessário “empregar as máquinas voadoras também e sobretudo para garantir a guarda e o uso desse mar”.
“Apesar da agitação política da época, dos avanços e recuos institucionais e das dificuldades que pareciam inultrapassáveis, o labor e a perseverança de meia dúzia de homens que foram o sustentáculo da aviação naval que se esboçava, tornaram possível voar sobre o mar português”, prosseguiu, elogiando os “muitos e notáveis os serviços prestados ao país” até à sua integração na Força Aérea.
“A Marinha voltou a ter asas em 1993. E, tal como no passado, rapidamente cresceu e afirmou, com afinco e determinação, uma significativa aviação naval. Neste quase quarto de século de existência do helicóptero naval, a esquadrilha de helicópteros da Marinha é e continuará a ser uma unidade fundamental para as nossas operações navais”, considerou.
Perante o ministro da Defesa Nacional e as chefias militares da Força Aérea e da Marinha, o Presidente da República concluiu: “Duas épocas distintas, a mesma notável Armada, a mesma Marinha, servida por pessoas competentes e temerárias. Mais uma vez se prova, e nunca é demais frisá-lo, que o valor das instituições assenta na excelência das pessoas que nelas servem”.
O chefe do Estado-Maior da Armada, o almirante Silva Ribeiro, defendeu a “importância prática” de a Marinha possuir capacidade aeronaval e apontou o trabalho conjunto como a Força Aérea como “exemplo virtuoso e paradigmático de cooperação institucional”, afirmando que tem sido feito “de forma notável, sem mácula, sem replicação de meios e de tarefas, e com economia de esforço e de recursos”.
Durante esta cerimônia, que incluiu um desfile militar e acrobacias aéreas, foi descerrada uma placa comemorativa e depositada uma coroa de flores em memória dos mortos em serviço.
Na assistência esteve também, como convidado, o antigo ministro e ex-presidente do CDS-PP Paulo Portas, acompanhado pela sua mãe, Helena Sacadura Cabral, que é sobrinha de Artur de Sacadura Cabral.
15 milhões de euros no Observatório do Atlântico nos Açores
Também nessa semana, Portugal confirmou que vai investir 15 milhões de euros até 2021 no Observatório do Atlântico, a ser criado nos Açores em 2018, segundo a Ministra do Mar em Malta onde participa na conferência Our Ocean, organizada pela União Europeia.
“Vamos investir 15 milhões de euros até 2021 no Observatório do Atlântico, que terá base nos Açores, criando um centro de conhecimento com uma rede de partilha de dados. Queremos que a investigação ali produzida se torne sistemática e de âmbito internacional”, afirmou Ana Paula Vitorino em declarações a jornalistas portugueses.
Segundo a ministra do Mar já há várias manifestações de interesse internacional para participação no observatório, por exemplo do Canadá, da Noruega da China e de países lusófonos.