Portugal defende que países lusófonos querem português como língua da ONU

Mundo Lusíada
Com Lusa

Em discurso na ONU, o primeiro-ministro português defendeu uma reforma do Conselho de Segurança, alargando-o a países como o Brasil e a Índia, e frisou que permanece o desígnio do idioma português figurar entre as línguas oficiais das Nações Unidas.

Estas posições foram assumidas pelo líder do executivo português no seu discurso perante a Assembleia Geral das Nações Unidas, aberta ontem pelo presidente brasileiro. António Costa começou por aludir à recente resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas sobre a cooperação entre a ONU e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), “que visa precisamente fortalecer as complementaridades entre as duas organizações”.

“E aproveito para referir a importância da língua portuguesa, que se afirma hoje como um instrumento de comunicação com dimensão global. Em meados deste século, o português deverá contar com quase 400 milhões de falantes, o que tem justificado a sua elevação a língua oficial em diversos organismos internacionais. A adoção do português como língua oficial das Nações Unidas permanece um desígnio comum dos Estados Membros da CPLP”, salientou o primeiro-ministro.

No plano político, António Costa defendeu também a reforma do Conselho de Segurança, “para lhe assegurar uma representatividade acrescida do mundo atual”.

“O continente africano não pode deixar de ter uma presença permanente, e o Brasil e a Índia são dois exemplos incontornáveis. Por outro lado, a complexidade dos problemas globais que hoje enfrentamos impõe a necessidade de cultivar as parcerias, envolvendo não apenas os Estados, mas também as sociedades civis, as instituições financeiras internacionais, as entidades públicas e privadas”, advogou.

“A reforma da arquitetura de paz e segurança é uma prioridade absoluta. A consolidação de uma cultura de prevenção dos conflitos exige uma ação transversal e uma visão integrada dos três pilares do sistema das Nações Unidas – a paz, os Direitos Humanos e o desenvolvimento sustentável -, bem como uma cooperação institucional mais estreita entre os órgãos da Carta, designadamente o Conselho de Segurança e a Assembleia-Geral”, começou por sustentar o chefe do Executivo português.

Pena de morte

Portugal ainda vai estar empenhado no objetivo da abolição universal da pena de morte, disse em seu discurso em que também defendeu a tese de que preservar o planeta é cultivar a paz no mundo.

O líder do executivo referiu que este ano está a ser comemorado no país os 150 anos sobre a abolição da pena de morte em Portugal, advogando então “uma diplomacia pelos direitos humanos”.

Além de reafirmar a defesa da tese sobre o caráter universal dos Direitos Humanos, o primeiro-ministro avisou que Portugal se irá empenhar na luta contra a pena de morte.

“Fomos pioneiros neste combate e continuaremos a bater-nos pela abolição universal da pena capital”, disse, antes de se referir a outro tema prioritário da sua política externa, o dos refugiados – um ponto em que elogiou a ação do antigo Presidente da República Jorge Sampaio.

“É nossa obrigação moral proteger e promover os direitos daqueles que, como tantos outros antes deles, têm que deixar os seus lares e as suas famílias em busca de segurança e de um futuro melhor. Destaco, neste âmbito, o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pela Plataforma Global de Apoio aos Estudantes Sírios, uma iniciativa de Jorge Sampaio. Trata-se de garantir o direito à educação superior para aqueles jovens sírios que, por causa do conflito no seu país, se viram privados desse direito universal”, referiu António Costa.

Outro ponto desenvolvido no discurso de António Costa relacionou-se com a matéria ambiental, em que de defendeu a preservação do Acordo de Partis.

“Proteger e preservar o planeta é cultivar a paz e prevenir potenciais novos conflitos provocados pela concorrência no acesso a recursos decrescentes. Neste capítulo, o Acordo de Paris é um marco na redução dos impactos das alterações climáticas. Não podemos prescindir deste instrumento universal para atingirmos os objetivos do pilar ambiental da Agenda 2030”, acentuou.

António Costa salientou depois que Portugal, pela sua parte, “cumprirá o compromisso voluntário da União Europeia de reduzir, até 2030, 40 por cento das emissões de gases de efeito de estufa, em comparação com valores de 1990”.

Ainda segundo o primeiro-ministro, haverá “um contributo de dois milhões de euros para o Fundo Verde do Clima”.

“Esta verba está destinada à adaptação das alterações climáticas nos países em desenvolvimento e é proveniente do Fundo Português do Carbono. A Agenda 2030, dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, é a mais poderosa referência da nossa ação multilateral em prol dos direitos das pessoas, da qualidade de vida das populações e do futuro do planeta. Portugal faz seus estes objetivos, que nos guiam quer na nossa política interna, quer na nossa política externa e de cooperação”, acrescentou.

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