Da Redação com Lusa
Em Nova Iorque, neste dia 18, o Presidente de Portugal defendeu que é preciso mais financiamento global para a concretização dos objetivos de desenvolvimento sustentável estabelecidos pelas Nações Unidas e que há que recuperar o tempo perdido nesta matéria.
“Temos de agir. Temos de garantir mais resultados e rapidez”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, numa Cimeira sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, na sede das Nações Unidas, Estados Unidos.
Num discurso de três minutos, em português, o chefe de Estado considerou que já houve “muito tempo perdido, tempo de mais” na concretização das 17 metas estabelecidas na chamada Agenda 2030.
Entre as 17 metas estão a erradicação da pobreza e da fome, redução das desigualdades, energia limpa e acessível e a ação contra as alterações climáticas.
“Apoiamos em Portugal a realização de uma cimeira social mundial bem sucedida e com resultados visíveis”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.
O chefe de Estado manifestou apoio ao “alerta precoce” feito pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, nesta matéria, acrescentando: “Pensamos que é essencial o financiamento acrescido mundial aos objetivos do desenvolvimento sustentável”.
“Avançamos com um projeto piloto com Cabo Verde, que é um projeto multiplicável noutros países, nomeadamente em África, de conversão da dívida pública em investimento num fundo climático e ambiental”, referiu.
Marcelo Rebelo de Sousa apelou a que os países-membros das Nações Unidas apresentem “mais resultados e rapidez” no cumprimento dos respetivos roteiros nacionais para atingir os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável, para que se tornem “mais resilientes, mais justos, mais verdes”.
“Mais capazes de prevenir riscos de catástrofes, mais inclusivos, mais promotores dos direitos das mulheres, da solidariedade entre gerações, da integração dos migrantes e da participação dos jovens”, completou.
Quanto a Portugal, o Presidente da República realçou os passos que estão a ser dados no setor da energia: o compromisso de atingir a neutralidade carbônica em 2045, de aumentar para 60% o recurso a fontes de energia renováveis em 2030 e para 80% a eletricidade gerada por fontes de energia renováveis em 2026.
“Chamamos a atenção para a importância da ligação entre o clima e os oceanos, para a redução das catástrofes, para a proteção civil preventiva, para o sistema integrado de combate às desigualdades provocadas pelas catástrofes”, acrescentou.
No fim da sua intervenção, declarou: “Não podemos defraudar o legado para as gerações futuras. É nosso dever honrar o compromisso da Agenda 2030, em nome da humanidade e do planeta. Não podemos falhar, não vamos falhar”.
Guterres
O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa elogiou o secretário-geral da ONU, António Guterres, considerando que tem conseguido “pequenos passos, mesmo em domínios difíceis”, com a sua persistência.
Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas na sede da ONU, em Nova Iorque, depois de um encontro com António Guterres.
Segundo o chefe de Estado, António Guterres tem mostrado “uma grande consistência” desde que assumiu o cargo de secretário-geral da ONU, no início de 2017, “definiu certas metas como prioritárias”, como o clima e os objetivos de desenvolvimento sustentável, e “tem persistido nesses objetivos, nessas metas”.
“Teve, pelo meio, problemas muito variados, talvez os mais recentes a pandemia e a guerra [na Ucrânia], mas antes disso a dificuldade de entendimento que houve entre grandes potências em momentos cruciais”, apontou.
De acordo com o Presidente da República, perante “uma paralisação sistemática do Conselho de Segurança”, verifica-se neste momento “um papel crescente mais importante da Assembleia Geral, mas o secretário-geral é uma figura central”.
“Não desiste das metas, não desiste dos objetivos. Ao mesmo tempo, vai mantendo o diálogo com aqueles que entre si não dialogam, mas consegue fazê-lo, com o secretário-geral dialogam. E, portanto, vai dando pequenos passos, mesmo em domínios difíceis”, acrescentou.
Marcelo Rebelo de Sousa chegou no domingo à noite a Nova Iorque para participar na 78.ª sessão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).