Portugal decreta dia de luto nacional pela morte de Jacques Delors

Da Redação com Lusa

O Governo português vai decretar um dia de luto nacional pela morte do ex-presidente da Comissão Europeia Jacques Delors, anunciou o gabinete do primeiro-ministro.

“O Governo Português vai decretar dia de luto nacional pela morte de Jacques Delors. A data será fixada oportunamente, por coordenação europeia ou no dia do funeral”, lê-se na nota divulgada pelo gabinete de António Costa.

Costa tinha já lamentado a morte do antigo presidente da Comissão Europeia Jacques Delors, aos 98 anos, considerando que a Europa perdeu “um dos maiores vultos da sua história contemporânea”.

António Costa lembrou também que Jacques Delors, “um dos grandes impulsionadores da integração europeia, foi também e sobretudo um grande amigo de Portugal”. Foi durante a sua presidência que “Portugal aderiu às então Comunidades, percorrendo um caminho que levou o país a consolidar-se como um país desenvolvido, moderno e democrático”, assinalou.

“Numa época em que a União Europeia de novo enfrenta desafios sem precedentes, o legado de Delors inspira-nos a um compromisso renovado com esta Comunidade de prosperidade e de valores partilhados, que torne a Europa mais forte, mais solidária e mais coesa”, acrescentou o líder do executivo português.

Também o presidente da Assembleia da República lembrou o antigo líder da Comissão Europeia como “um dos grandes construtores da Europa”.

Numa mensagem divulgada através da sua página na rede social X (antigo Twitter), Augusto Santos Silva escreveu que “Jacques Delors é um dos grandes construtores da Europa”.

“A Europa que sonhou e por que se bateu: a Europa social, a Europa da coesão, em que o crescimento econômico e a justiça social formam um par. Obrigado!”, lê-se na mesma publicação naquela rede social.

Jacques Delors morreu neste 27 de dezembro em Paris aos 98 anos, disse a sua filha Martine Aubry à agência France Presse (AFP).

Figura da construção do projeto europeu e considerado o “pai do euro”, Jacques Delors foi presidente da Comissão Europeia entre 1985 e 1995, durante três mandatos, incluindo na adesão de Portugal à União Europeia (1986).

Em 1986, aprovou o Ato Único Europeu, o qual levou à criação do Mercado Único Europeu, em 1993.

A assinatura dos acordos de Schengen, o lançamento do programa de intercâmbio de estudantes Erasmus, a reforma da Política Agrícola Comum e o lançamento da União Econômica e Monetária que conduziu à criação do euro são outros dos momentos do projeto europeu que estão associados a Delors.

Enquanto membro do Partido Socialista francês, em 1974, e do seu comité diretor, em 1979, foi eleito parlamentar europeu em 1979 e presidiu à Comissão Econômica e Monetária até maio de 1981.

De maio de 1981 a julho de 1984, Jacques Delors foi ministro da Economia e das Finanças e foi também eleito presidente da Câmara de Clichy, de 1983 a 1984.

Presidente

Já o Presidente português recordou Jacques Delors como “grande mentor da evolução das Comunidades para uma União Europeias” e que encarna “a própria construção europeia”.

“É um Homem com letra grande que nos deixou hoje”, refere Marcelo Rebelo de Sousa, numa nota divulgada na página da Presidência da República.

O chefe de Estado destaca o papel de Jacques Delors na “evolução das Comunidades para uma União Europeia” e como “mobilizador das grandes reformas dos anos 80 e 90, institucionais e financeiras, do alargamento a Portugal e Espanha”.

“Jacques Delors encarna para muitos europeus a própria construção europeia. Mas também o valor do trabalho e de se afirmar pelo seu próprio caminho de autodidata, a promoção da justiça social, do respeito pelos direitos humanos, da importância do outro”, refere ainda.

Marcelo Rebelo de Sousa atribui ainda a Delors o “respeito e reafirmação de que a Europa deve ser uma construção dos seus povos e dos seus Estados”.

“A Europa será de todos, será solidária ou não será, dos mais necessitados como dos que tiveram melhor sorte, dos do sul como dos do norte, do leste ou do oeste, deles e delas, de todos, todos, todos”, sublinha o Presidente da República, parafraseando o Papa Francisco.

Referindo-se ao “catolicismo militantemente progressista” do antigo presidente da Comissão Europeia, Marcelo considera que Delors encontrou sempre a força para “ultrapassar as dificuldades, encontrar soluções, mantendo a Europa unida e alargada, um projeto que sempre foi de paz, de progresso e de bem-estar, de caminho em comum para a resolução dos problemas comuns”.

“À sua família, à Comissão Europeia, a todos os seus muitos amigos e admiradores, o Presidente da República apresenta os seus sentimentos e enaltece esta figura que não nos deixará”, acrescenta.

 

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