Portugal conta com CPLP para apoiar campanha por lugar no Conselho de Segurança

Foto jens junge/pixabay

Da Redação com Lusa

O ministro português dos Negócios Estrangeiros (MNE) disse contar com a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) para explicar a outras nações “as vantagens de votar em Portugal” para um lugar no Conselho de Segurança da ONU.

João Gomes Cravinho, que se encontrou em Washington com líderes norte-americanos e que se prepara para viajar para Nova Iorque para participar na 77.ª sessão da Assembleia-Geral da ONU, afirmou esta quinta-feira que pretende dialogar com os 193 Estados-membros da organização em prol da campanha de Portugal para uma vaga no Conselho de Segurança, nas eleições agendadas para 2026.

“Nós temos 193 países membros das Nações Unidas. Falaremos com todos esses países. Alguns deles já sabemos que não vão votar por nós, outros não sabemos, mas temos disponibilidade de diálogo com todos. Essa atitude, de capacidade de falar para os quatro quadrantes do mundo, de falar para países próximos e longínquos, é algo que todos reconhecem a Portugal e é, desde logo, um trunfo”, avaliou o MNE.

Ainda de acordo com Cravinho, a própria campanha é uma oportunidade de compreender dinâmicas em partes do mundo que são menos frequentes ao olhar da política externa, como é o caso da região do Pacífico, que sofre com a subida do nível dos mares, tema que Portugal tem estado diretamente envolvido e que poderá valer-lhe um voto de confiança.

“Portugal tem vindo a demonstrar liderança em matéria de oceanos e clima, que é da maior relevância para esses países. Portanto, a nossa abordagem será em todas as direções, com respeito por todos os países que se encontram presentes nas Nações Unidas. Países dos quais somos próximos e países de quem não somos próximos”, observou o chefe da diplomacia portuguesa.

As eleições para o Conselho de Segurança – um dos órgão mais importantes das Nações Unidas, cujo mandato é zelar pela manutenção da paz e da segurança internacional – terão lugar em 2026, para o biênio 2027/2028.

O órgão é composto por cinco membros permanentes (Estados Unidos, Rússia, França, Reino Unido e República Popular da China), e dez não-permanentes, que são eleitos para mandatos de dois anos pela Assembleia Geral.

Portugal é candidato a um dos dois lugares de membro não-permanente, atribuído ao grupo da Europa Ocidental e Outros Estados.

A candidatura foi formalizada em janeiro de 2013 e as eleições para o referido mandato realizar-se-ão durante a 81.ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em 2026.

Para tentar alcançar esse objetivo, o Governo português conta com o apoio dos países da CPLP, “que foram vitais para o sucesso de Portugal em anteriores campanhas”, avaliou Cravinho.

“Temos também um grupo de aliados com quem contamos muito, (…) que é a CPLP. Um grupo com presença em vários continentes e com membros que são muito respeitados nas suas partes do mundo e que têm capacidade e vontade de explicar as vantagens de votar em Portugal nas suas respetivas regiões”, disse o MNE à Lusa, em Washington.

Nesse sentido, a campanha portuguesa será “multifacetada, entusiasmante, uma campanha que tem sido muito positiva”, uma vez que Portugal tem “sido muito encorajado por países” com quem lida frequentemente, mas também por “países com que tem pouco contacto”, disse o governante, assumindo estar otimista com a possibilidade de eleição.

Questionado sobre uma possível reunião da CPLP durante a Assembleia-Geral da ONU, João Gomes Cravinho negou qualquer encontro devido às eleições que se avizinham em muitos países do grupo.

“Neste momento não temos [agendada uma reunião da CPLP]. Repare-se: o Brasil está a dias de eleições, em Angola o Governo acaba de assumir funções, em Moçambique há um congresso da Frelimo e, portanto, Presidente e ministro também não estarão presentes. São Tomé também tem eleições em setembro. Acontece que, nesta Assembleia-Geral, não há uma forte presença da CPLP, mas a CPLP está muito presente nas Nações Unidas em geral e está, obviamente, na primeira linha daquilo que é a nossa política externa e os nossos parceiros de diálogo internacional”, concluiu.

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